Antropoformismo — O que Significa?
ANTROPOFORMISMO
Vem do grego, antropomorfos, “de
forma humana”. Atribuição de qualidades humanas ao ser divino, ou a ideia de
que Deus ou os deuses têm algum a espécie de formato, similar à anatomia
humana. A tendência para expressar ideias acerca de Deus, sob formas humanas,
física, mental, moral ou espiritual, é tendência da maioria das religiões,
sendo quase impossível de ser evitada, devido às restrições da linguagem
humana. Não há entre os homens uma linguagem puramente divina, pelo que não há
como falar sobre Deus sem usar termos que o antropomorfizem.
Essa circunstância envolve uma
severa limitação em nosso entendimento e em nossos discursos sobre Deus,
refletindo nossas atuais limitações no campo do conhecimento e do entendimento
espiritual. Antigo Testamento. Ali Deus
é apresentado sob forma humana (Êxo. 15:3; Núm. 12:8), com pés (Gên. 3:8;
Êxo. 24:10), mãos (Êxo. 24:11; Jos. 4:24), boca (Núm. 12:8; Jer. 7:13), coração
(Osé. 11:8). Além dessas formas, atribuímos a Deus qualidades e emoções humanas
(Gên. 2:2; 6:6; Êxo. 20:5; Osé. 11:8). O homem foi criado à imagem de Deus
(Gên. 1:27), e os teólogos usualmente são cuidadosos- ao declarar que se trata
de um a imagem “moral e espiritual”, e não física. Mas mesmo assim, nossa compreensão
de Deus fica severamente limitada, pois, no sentido estrito, quem pode comparar
o homem a Deus? Extremos pagãos. Se o Antigo Testamento sofre com o
antropomorfismo, outras culturas são completamente derrotadas pelo mesmo.
O politeísmo dos gregos e de
outros povos pagãos é prova disso. Xenófanes (cerca de 570-480 A.C.) queixou-se
que os homens criaram deuses à imagem deles. Os deuses do O limpo não eram muito
superiores aos heróis d a ficção moderna. Paulo sentia-se aflito diante dos excessos
da cultura pagã, quanto à idolatria (Atos 17). Xenófanes supunha que se os bois
e os leões tivessem conceitos de divindade, certam ente a representariam sob a
forma de bois e leões. Para nós, é igualmente precário imaginarmos Deus como um
grande papa, um bispo supremo, um superpastor que naturalmente creia e pense
como tais indivíduos costumam fazer. Porém, o que é mais comum do que isso nas
modernas igrejas cristãs?
O livro de J.B. Phillips, Your God is too Small, é um a queixa moderna
contra tal noção. Extremos filosóficos. A fim de evitar o antropomorfismo
trivial, que, de fato, pode degradar em muito o nosso conceito de Deus, os
filósofos têm falado sobre Deus em termos de o infinito, o absoluto, o espírito
absoluto, a alma do universo, etc. E assim eles têm criado modos de pensar
sobre Deus que servem para obscurecer o quadro mediante termos abstratos. Com frequência,
Deus é personalizado por essas formas de descrição.
Deus é transformado em uma mera
força cósmica. Correm os o risco de pensar que Deus é totalmente diferente de
nós, negando assim o conceito que, de algum modo, o homem foi criado à imagem de Deus. Porém, a
própria Bíblia declara que nossos pensamentos não são como os pensamentos de
Deus, estabelecendo assim um a radical diferença espiritual e intelectual entre
o homem e Deus. (Isa. 55:8). No Novo Testamento. Persistem ali expressões antropomórficas
(Rom. 1:18 ss ; 5:12; I Cor. 1:25; Heb. 3:15; 6:17; 10:31).
Contudo, as realidades espirituais
não são vistas diretamente, mas
imperfeitamente, no reflexo de algum antigo espelho fosco, de metal polido (I
Cor. 13:2). Deus não habita em templos materiais (Atos 17:24), uma declaração
que procura evitar o conceito antropomórfico. Deus aproxima-se do homem em
Cristo. Cristo é a suprem a imagem de Deus
(II Cor. 4:4), e tom ou forma humana (Fil. 2:7). Seremos .transformados à imagem
de Cristo (Rom. 8:29). Desse m odo, o distante Deus é aproximado de nós (Efé.
2:18), e finalmente, compartilharemos de Sua natureza (II Ped. 1:4). A visão
plena de Deus é ‘gradualmente revelada, e vai-se expandindo (I Crô. 13:8; II
Tess. 1:7). Mas só completará na eternidade, falando-se em termos relativos,
porque Deus, em Sua natureza total, jamais poderá ser absolutamente
compreendido por ninguém que seja menor que Ele mesmo. Não obstante, jamais
haverá qualquer estagnação em nossa busca pelo conhecimento de Deus. Nossa necessidade
de empregar termos antropomórficos demonstra nosso atual baixo estágio no campo
do conhecimento e da espiritualidade.