Interpretação de Cânticos 8

Interpretação de Cânticos

Interpretação de Cânticos 8

(Interpretação da Bíblia)



O Desejo da Noiva de Ser Inteiramente Unida ao Seu Amado. 8:1-4.
1. Como meu irmão. Obviamente a Sulamita não deseja realmente que o seu esposo seja seu irmão; antes, ela deseja o relacionamento íntimo e achegado que só os irmãos e irmãs conhecem. O fato de sua ascendência ser muito mais humilde do que a de Salomão pode constituir os antecedentes desta declaração (cons. 1:5, 6). Se ele fosse seu irmão, ela poderia também beijá-lo livremente em público sem incorrer em zombarias públicas.
2. E te introduziria na casa de minha mãe. A comunhão íntima no círculo familiar é o que se está mencionando (cons. 3:4).
3. Veja comentário sobre 2:6. Outro clímax dentro do livro; a esposa está perto do seu amado.
4. Com exceção de pelas gazelas e cervas, este versículo é idêntico a 2:7 e 3:5. O amor não deve ser excitado antes que chegue o momento adequado, porque o relacionamento amoroso, se não for cuidadosamente resguardado, pode causar sofrimento em vez de grande alegria que pode dar ao coração humano (cons. 2:7; 3:5). Nem é necessário procurar despertar o amor, pois o amor verdadeiro desperta sozinho no devido tempo.

V. Expressões Finais de Amor Mútuo. 8:5-14.
O Amante e a Amada Caminhando Juntos. 8: 5-7.
5a. Quem é esta que sobe...? Esta pergunta foi feita pelo poeta para armar o cenário ao que vem a seguir. Quanto ao deserto, veja comentário sobre 3:6. Os dois são vistos andando juntos e conversando. O rei faz sua esposa se lembrar de como certa vez a encontrou (talvez no seu primeiro encontro) dormindo sob uma macieira perto da casa de sua mãe e de como a despertou.
6, 7. Põe-te como selo sobre o teu coração. Estas palavras, preferidas pela esposa, resumem o reina de todo o trino e constituem o seu clímax. Um sinete ou selo era um anel usado na mão direita (Jr. 22:24), ou carregado sobre o coração por meio de uma corrente pendurada no pescoço (Gn. 38:18). Era emblema de autoridade (com. Gn. 41:42; I Reis 21:8) e portanto uma propriedade muito preciosa. O simbolismo é a expressão do desejo irresistível da esposa de ser a propriedade mais preciosa de seu esposo.
O rei Salomão, que compôs este Hino sob a inspiração do Espírito Santo, transcende aqui suas próprias atitudes, pois para atender ao desejo da Sulamita ele deveria abandonar a sua poligamia. Esta expressão de amor fervoroso e irresistível saindo dos lábios da esposa aponta para o caráter monogâmico do casamento. O casamento é a união amorosa de um homem com uma mulher, e qualquer intrusão de uma terceira pessoa viola o relacionamento especial entre os dois. O desejo de alguém que aula de verdade é tão forte que se dá inteiramente ao outro e deseja a mesma afeição forte e exclusiva em troca.
Tal amor por outrem vem do Senhor, que o coloca no coração do homem, e não pode ser extinguido. Nem pode ser comprado. Nem mesmo Salomão, com toda a sua riqueza, podia comprar o amor da jovem sulamita. Pelo contrário, ela lho deu espontaneamente, e seu amor era esmagadoramente grande. Tal amor absoluto é semelhante ao ideal espiritual entre Deus e o Seu povo. Somos advertidos a não servirmos a dois senhores (Mt. 6:24) e a amarmos o Senhor nosso Deus de todo o nosso coração, alma, mente e forças (Mc. 12:30).

A Vida Virtuosa da Esposa. 8:8-10.
8, 9. Temos uma irmãzinha. Estes versículos, aparentemente pronunciados pelos irmãos da esposa, formam a introdução do verso 9, onde ouvimos novamente a esposa falando. Que ainda não tem seios. Ela ainda não atingiu a maturidade; ela ainda não atingiu a idade do casamento. A figura de um muro sugere a virtude da castidade e a capacidade de manter os pretendentes a uma devida distância. A torre de prata mostra que grande respeito, neste caso, os irmãos deveriam ter por sua irmã. Contudo, se ela fosse uma porta, isto é, facilmente accessível, então tomariam as devidas medidas para defendê-la para que não desse a sofrer por causa de sua própria fraqueza. Não se pode ter certeza quem é a jovem mencionada neste versículo, talvez uma irmã mais nova da esposa; embora seja também possível que os versículos 8 e 9 se refiram à esposa quando ainda criança.
10. A Sulamita era como um muro, protegendo sua sagrada honra. Só ao seu pretendente real, a Salomão, ela se renderia. A ele, ela não repeliria; ela lhe ofereceria paz; isto é, ela se lhe entregaria.

Palavras da Esposa. 8:11, 12.
11. Estas também talvez sejam palavras do próprio poeta. Ele mostra como Salomão era rico e como suas riquezas continuaram aumentando. As mil peças de prata deviam ser entregues ao rei por cada um que desfrutava do produto da vinha. Baal-Hamom não foi mencionado em nenhuma outra passagem das Escrituras; sua localização é desconhecida.
12. A vinha . . . está ao meu dispor. A esposa também tinha uma vinha, mas diferindo de Salomão ela não guardava o preço dos frutos para si mesma. Duzentos siclos ela pagava àqueles que cuidavam da vinha, mas os mil siclos (moedas de prata), que representavam a renda da vinha, ela os dava a Salomão. Ela se entregou não somente a si mesma ao rei mas também suas propriedades.
D. Expressões Finais de Amor Mútuo. 8:13,14.
13. O esposo pronuncia suas palavras finais de desejo pela esposa. Para ele, ela é agora como alguém que habita num jardim (cons. 2:1). Os companheiros, isto é, aqueles que estão ao redor dela, gostam de ouvir sua doce voz. Ele também gosta de ouvi-la.
14. Ela lhe responde com palavras semelhantes àquelas que falou antes (cons. 2:17). Com essas palavras termina o Hino. Talvez devamos pensar que uma conclusão mais apropriada seda reunir os dois amantes em alegre reunião. Mas devemos nos lembrar que o Hino não é uma novela moderna ou um poema de amor; é a Palavra de Deus ensinando-nos a beleza e a pureza do genuíno amor humano, um dos dons do Criador às suas criaturas.

Este amor o Espírito Santo achou por bem para descrever em termos de desejo mútuo de companhia da parte daqueles que são devotados um ao outro. Este relacionamento pode realmente ser usado para descrever o amor entre Cristo e a Sua Igreja, embora o amor humano, mesmo em sua forma mais pura, não possa nunca ser mais que uma sombra desse relacionamento espiritual. As pessoas que verdadeiramente se amam sempre hão de ansiar pela companhia um do outro. Mas muito maior é o anseio da Igreja de estar com Cristo, seu Esposo celestial. A Igreja é a Noiva de Cristo, e por meio do Espírito Santo que habita no seu meio ela dá expressão ao seu grande anseio de estar com Ele nestas palavras: “Ora, vem, Senhor Jesus” (cons. Ap. 22:17, 20).