Teologia do Livro de Amós

Teologia do Livro de Amós

Teologia do Livro de Amós


Quatro temas interligados são de importância central na teologia de Amós.

(a) Julgamento. 

 De todos os profetas clássicos, a mensagem menos esperançosa é a de Amós. O destino de Israel - a destruição - é certa, inevitável, completa. Embora Amós nunca se refira diretamente ao voto do Sinai, esse conceito está inserido no centro de sua mensagem de julgamento. Iahweh tinha reconhecido Israel como seu povo prometido (3,1-2), mas eles haviam abusado deste privilégio. Por isso, Iahweh estava desfazendo seu acordo (cf. Os 1,9) e declarando guerra a Israel, que agora havia se tornado Seu inimigo. Assim como as mensagens dos outros profetas, as palavras duras de Amós eram dirigidas de um modo particular à liderança - rei (7,10-11), sacerdotes (7,16-17), e à classe alta (4,1-3,6,1). Mas o julgamento vindouro afetaria a população inteira, já que o pensamento israelita tendia a reconhecer a nação como uma unidade, como destino comum.

(b) Justiça Social. 

Uma característica diferenciada da religião israelense era a interconexão entre a relação com um vizinho e com Deus, estabelecida pela promessa. A qualidade do relacionamento de um indivíduo com Deus, dependeria em parte, de como ele se relacionava com alguns membros da comunidade prometida. Nos tempos de Amós, muitos dos poderosos de Israel tinham escolhido ignorar o aspecto da religião israelense e tratar como bem quisessem os que estavam em desvantagem. Ricos proprietários de terra oprimiam os menos afortunados, tomando as propriedades de muitos israelitas empobrecidos. O profeta expressa a amargura de Iahweh sobre o mau tratamento dessas pessoas (2,7; 4,1; 5,7,11,24; 8,4-6). Essa acusação forma a última razão para a decisão de Iahweh de executar o julgamento em seu povo.

(c) O culto. 

Não faltava fervor religioso em Israel durante esse período (5,21-24). Amós menciona grandes centros religiosos - Betei (3,14; 4,4; 5,5,6,7; 10,13), Guilgal (4,4; 5,5) e Dan (8,4) - e às vezes imita a linguagem do culto (4,4-5; 5,4­ 6; 14). Aqueles que desobedeceram ao acordo e abusaram dos pobres continuavam entre as multidões de adoração ao Deus da promessa. Comerciantes tomavam cuidado para não fazerem negócios nos dias proibidos pela lei divina (8,4-8). Amós denuncia essa hipocrisia, às vezes com uma ironia amarga (4,4-5). Diferente de seu neocontemporâneo Oséias, ele tem pouco a dizer sobre a questão de adoração a outros deuses (ver comentário em 5,26; 8,14). Em seu ponto de vista, o pior dos pecados na vida religiosa de Israel era sua separação da preocupação com os vizinhos (5,21-24).

(d) A palavra. 

Israel não dava ouvidos aos profetas que reprovavam sua deslealdade e até tentava silenciá-los (2,12; 7,12-13). Pelos olhos dos profetas, particularmente, isso era uma grave ofensa, já que se juntava a rejeição do próprio Iahweh. A recompensa apropriada seria a perda da palavra guia de Iahweh (8,11-12).

Bibliografia

Comentários: Amsler, S., Amos (CAT 11a; 2a ed.; Geneva, 1982) 159-247. Hammershaimb, E. The book of Amos, (1970). Mays, J. L., Amos (OTL; Philadelphia, 1969). Mckeating , H ., The Books of Amos, Hosea, and Micah (CBC; Cambridge, 1971). Rudolph, W., Joel-Amos-Obadia-Jona (KAT 13/2; Güterslosh, 1971). Vawter, B., Amos, Hosea, Micah (OTM 7; Wilmington, 1981).Weiser, A., Das Buch der zwôlf Kleinen propheten I (ATD 24; Gõttingen, 1967). Wolff, H. W., Joel and Amos (Herm; Philadelphia, 1977). Studies: Anderson , B. W., The Eighth Century Prophets: Amos, Hosea, Isiah, Micah (Proclamation Commentaries; Philadelphia, 1978). Coote, R. B., Amos among the Prophets (Philadelphia, 1981).