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III. A VISÃO DO CÉU
(4.1—-5.14)
Na profecia do AT, somente
podem saber do propósito divino aqueles que são admitidos no “conselho do
Senhor” para “ouvir a sua palavra”; aí estão numa posição segura para proclamar
com convicção o que ele vai fazer (Jr 23.18,22). Assim, João fica
sabendo do desenrolar dos fatos por estar elevado em êxtase no céu.
Sua descrição do céu se divide em duas partes, caracterizadas
respectivamente pelo hino de louvor a Deus como Criador (4.11) que é por
meio dele dirigido a Cristo, o Redentor (5.9,10,12,13b).
1) A sala do trono de Deus
(4.1-11)
v. 1. uma porta
aberta no céu: Cf. Ez 1.1: “Abriram-se os céus, e eu tive visões de
Deus”. A voz que eu tinha ouvido no princípio [...] como
trombeta, A voz de 1.10. Suba para cá: A subida ao céu é uma
característica bem marcante do êxtase profético; cf. 2Co 12.2ss. o
que deve acontecer depois dessas coisas: Cf. 1.1,19. Os caps. 4 e 5
fornecem o contexto do panorama do que “deve acontecer”, retratado a
partir do cap. 6 nos juízos paralelos dos selos, trombetas e taças (v.
primeiro comentário de 7.1-8). v. 2. me vi tomado pelo Espírito: Cf.
1.10. e diante de mim havia um trono: A visão da sala do trono de
Deus (o arquétipo celestial do Santo dos Santos no santuário terreno)
tem antecedentes veterotestamentários como lRs 22.19; Is 6.1ss; Dn 7.9ss;
mas há aqui características adicionais peculiares a Apocalipse, v. 3.
Aquele que estava assentado era de aspecto semelhante a jaspe e
sardônio: Cf. Ex 24.10; Ez 1.26ss. As palavras não conseguem descrever
a glória divina; os que a viram em êxtase, como Ezequiel e João,
só conseguem dar uma impressão geral de como ela os impressionou. Um
arco-íris, parecendo uma esmeralda: Cf. Ez 1.28; a menção do arco-íris
pode lembrar a aliança de Gn 9.12ss. v. 4. vinte e quatro tronos:
Cf. os “tronos” de Dn 7.9, ocupados por assessores do juízo divino (mas v.
um paralelo mais próximo disso em 20.4). e assentados neles havia vinte
e quatro anciãos: Essa pode ser a ordem dos príncipes-anjos chamados
de “tronos” em Cl 1.16; talvez sejam a contraparte celestial das 24 ordens de
sacerdotes em lCr 24.4ss, visto que desempenham funções sacerdotais diante do
trono de Deus (5.8). v. 5. Do trono saíram relâmpagos: Cf. 8.5;
11.19; 16.18. O relâmpago é uma característica comum das teofanias
no AT (cf. Êx 19.16; SI 18.8,12ss; 77.18; 97.4; Ez 1.4,13; Hc 3.4). vozes
e trovões-. Cf. os “sete trovões” em 10.3,4. Diante dele estavam
acesas sete lâmpadas de fogo, que são os sete espíritos de Deus: Cf.
1.4; tb. Ez 1.13. v. 6. um mar de vidro, claro como cristal: Esse
mar celestial (cf. Gn 1.7; SI 104.3; 148.4) é o arquétipo do “tanque
de metal fundido” no templo de Salomão (lRs 7.23ss), que é em geral
compreendido como a representação do oceano (ou dilúvio) cósmico, sobre o
qual o Senhor está assentado e “reina soberano” (SI 29.10). quatro
seres viventes: Esses são semelhantes aos “seres viventes” (querubins)
de Ez 1.5ss; lO.lss (símbolos dos ventos que carregam o trono móvel
de Deus no seu avanço pelos céus); mas eles também têm algumas
características e funções dos serafins de Is 6.2,3. Eles representam os
poderes da criação a serviço do Criador, cobertos de olhos: Como as
rodas vivas do trono móvel em Ez 1.18, um sinal da onisciência divina (cf.
tb. Zc 4.10b). v. 7. O primeiro ser parecia um leão: Cada
um dos seres viventes de Ezequiel tinha as quatro cabeças (mais
estritamente “faces”) de um homem, de um leão, de um boi e de
uma águia (Ez 1.10); aqui cada ser vivente tem somente uma cabeça,
mas entre eles os quatro simbolizam as divisões principais da criação animal,
v. 8. Cada um deles tinha seis asas: Como os serafins de Is 6.2. Dia
e noite repetem sem cessar. O hino dos seres viventes é a primeira
parte do hino dos serafins (Is 6.3), sendo o nome de Deus engrandecido
pelo título de 1.4. Os hinos de Apocalipse são dignos de estudo
cuidadoso (cf. 4.11; 5.9,10; 7.15-17; 11.17,18; 15.3,4; 19.6); o contexto
em que aparecem sugere que o louvor da Igreja na terra é um eco da
liturgia do céu. O louvor incessante dos seres viventes é a voz da criação
glorificando o seu Criador, e é acompanhada pela homenagem reverente dos
24 príncipes-anjos, pois eles também proclamam o louvor do seu grande
Criador, e lançam as suas coroas diante do trono (v. 10) em reconhecimento
de que toda a soberania é dele. O hino de louvor a Deus pelas maravilhas
da criação faz eco da linguagem de muitos salmos (e.g., SI 19.1-6; 104).
Mas toda a adoração do AT aponta para Cristo, em quem encontra o seu
cumprimento; daí que a visão do céu no cap. 4 é incompleta sem a cena
desenvolvida no cap. 5.
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