Interpretação de Amós 1

Interpretação de Amós 1

Interpretação de Amós 1



Amós 1
A. Sobrescrito e Proclamação. 1:1, 2.
O sobrescrito (1:1) serve de título para todo o livro e identifica o escritor. Ele coloca o livro em seu encaixe histórico. A proclamação (1:2) cria o espírito e o caráter da profecia como um todo.
1. Palavras, que . . . vieram a Amós. Às vezes um profeta refere-se à sua profecia como “a palavra de Jeová” (por exemplo, Joel 1:1; Jonas 1:1; Mq. 1:1). Mas nesta declaração (cons. meu 1:11) as palavras da profecia são declaradas serem as palavras de Jeová. A origem divina das palavras do profeta está enfatizado pela frase, em visão. A palavra hazah, “ele viu”, geralmente caracteriza o método sobrenatural da recepção da mensagem divina (cons. Is. 1:1). A mensagem era de Deus e não de Amós. Que era entre os pastores. A palavra hebraica para pastores não é a palavra comum para pastor, ro'eh, mas noqêd, que significa que o rebanho de Amós não era do tipo comum. A palavra se refere a alguém que cuida de ovelhas anãs, de pernas curtas. Ajuda a explicar a expressão árabe, “mais vil que um naqqad”. Esta raça de ovelhas é valiosa por sua lã boa e abundante. Além desta referência em Amós, noqêd só se encontra em II Rs. 3:4, onde se refere a Mesa, rei de Moabe, e foi traduzido para “criador de gado”. Os arqueólogos encontraram-na na linha 30 da Pedra Moabita de Mesa. Com base em II Rs. 3:4, os judeus têm insistido que Amós era um rico proprietário de ovelhas, com outros interesses além de suas ovelhas (cons. Amós 7:14) e que ele voluntariamente se submeteu à aflição por causa dos pecados de Israel. Mas esta interpretação não é um resultado espontâneo. Tecoa. Uma vila em Judá, 9,60 quilômetros a sudoeste de Belém e 19,20 quilômetros a sudoeste de Jerusalém. As terras à volta da colina sobre a qual Tecoa estava localizada eram rochosas mas ricas em pastagens. A respeito de Israel. Embora haja alusões a Judá na profecia, as palavras de Amós destinavam-se a Israel. Uzias . . . Jeroboão. Veja Data e Antecedentes. Dois anos antes do terremoto. O terremoto mencionado tem a intenção de ser uma observação cronológica. Devia ter sido um terremoto fora do comum para ser assim mencionado, uma vez que os terremotos eram muito comuns naquela região. O profeta Zacarias também se refere a este terremoto (14:5). Josefo (Antiq. xi. 10:4) relaciona-o com o pecado de Uzias em agir como sacerdote (II Cr. 26:16).
2. Rugirá. O verbo hebraico sha'ag descreve o rugido de um leão quando este salta sobre a sua presa. Expressa a proximidade do juízo; pois quando o pastor ouve o rugido, ele sabe que o ataque já está sendo efetuado, e é tarde demais para salvar as ovelhas. A palavra reflete a origem de Amós, que, na qualidade de pastor, estava familiarizado com o terror que o salto do leão encerrava, e o usou simbolicamente, aplicando-o ao juízo do Senhor que era iminente (cons. Joel 3:16). Este versículo é o texto do livro. Sião . . . Jerusalém. Aos verdadeiros adoradores do Senhor, estes termos representavam o centro da teocracia e da vida nacional. Os prados ... estarão de luto. As pastagens secarão. Isto reflete novamente a vida pastoril de Amós. Secar-se-á o cume do Carmelo. Carmelo significa terra ajardinada e é a terra mais fértil do pais. O fato indica a severidade da seca que haveria (com. Is. 33:9; Na. 1:4).
B. Acusação das Nações Vizinhas. 1:3 – 2:3. Amós foi um profeta de Israel, mas ele deu início à sua pregação com o aviso de que o juízo estava para se desencadear sobre as nações vizinhas. Deste modo ele foi capaz de mostrar que, desde que as outras nações iam ser castigadas, Israel também não poderia escapar. Tendo ela pregado a verdade através dos profetas do Senhor, sua condenação era maior que a das nações que não possuíam esta verdade.
3. Por três transgressões . . . e por quatro. A palavra traduzida para transgressões, na realidade significa rebeliões, e a expressão se refere aos inumeráveis atos maus cometidos e à verdade que Deus é longânimo e não age apressadamente em juízo. Damasco. De acordo com a tradição da região, é a cidade mais velha do mundo, e os árabes acham que ela é o jardim do mundo. Era a capital da Síria, o maior dos reinos armênios. Não sustarei. Ou, não intervirei. E uma referência ao rato de que na natureza das coisas, por causa das rebeldias de Damasco, o juízo era inevitável, a não ser que Deus interviesse. Trilharam a Gileade. Os corpos das vítimas eram rasgados pelos dentes das debulhadoras.
4. À casa de Hazael. Hazael, cuja subida ao trono foi predita por Eliseu (Il Rs. 8:7-13), foi o fundador da dinastia síria que governou no tempo de Amós. Ele foi contemporâneo de Jorão (li Rs. 8:29), Jeú (lI Rs. 10:31, 32) e Jeoacaz (II Rs. 13:22). Casa de Hazael é uma referência ao seu palácio real, conforme indicado pelo paralelismo da parte seguinte do versículo. Ben-Hadade. O filho e sucessor de Hazael (II Rs. 13:3, 25).
5. O ferrolho de Damasco. Os ferrolhos eram usados para trancar os portões das cidades antigas. Por meio de sinédoque referem-se às defesas. de uma cidade (Juízes 16:3; I Rs. 4:13; Jr. 51:30; Lm. 2:9). Biqueate-Áven. Um vale cerca de quatro horas de viagem de Damasco. Ao que tem o cetro. O mais alto oficial. Bate-Éden. Não o Éden de Gn. 2:8, mas a residência de verão do rei, não muito longe de Damasco. Quir. De acordo com Amós 9:7, foi o lar original dos sírios (armênios), e foi para Quir que foram exilados (II Rs. 16:9). Sua localização é desconhecida.
6. Gaza. Este juízo é contra os filisteus em geral, mas especialmente contra Gaza, a cidade mais importante das cinco cidades filistéias (I Sm. 6:17). Gaza, que fica sobre uma junção de rotas comerciais, era culpada de tráfico de escravos. Comunidades israelitas inteiras eram vendidas a Edom, o mais acerbo inimigo de Israel.
7. Muros. Uma referência à força da cidade.
8. Asdode. . . Ascalom . . . Ecrom. Amós omite Gade entre as cinco cidades filistéias importantes, talvez porque já perdera a sua influência (II Cr. 26:6). O resto ... perecerá. A destruição será completa.
9. Tiro. Tiro, com sua localização sobre uma ilha e seus dois portos, veio a ser muito poderosa. Era grande centro comercial (Is. 23:1-3), e tal como Gaza, ocupava-se com o tráfico de escravos. Não se lembraram da aliança de irmãos. Uma referência a uma aliança entre Salomão e Irão de Tiro (I Rs. 5:12), que tinha implicações espirituais além de acordos políticos (I Rs. 5:7), e talvez também proibisse o comércio de escravos hebreus. Irão chama Salomão de “irmão” (I Rs. 9:13), e diversas passagens indicam que durante um longo período Israel e Tiro desfrutaram de relações amistosas (II Sm. 5:11; I Rs. 5:1-12; 16:31).
11. Edom. As Escrituras traçam a inimizade entre Edom e Israel até a rivalidade existente entre Jacó e Esaú, dos quais as duas nações descendiam. A palavra significa vermelho (Gn. 25:25, 30). Perseguiu o seu irmão à espada. Não é uma referência a qualquer exemplo específico mas uma descrição da atitude tradicional de Edom para com Israel (Nm. 20:17-21; II Cr. 21:8-10; II Rs. 8:20-22).
12. Temã. Outro nome para Edom (Jr. 49:7; Ob. 8, 9; Hc. 3:3). Usado paralelamente com Edom em Jr. 49:20. Bozra. Uma das importantes cidades de Edom (Is. 63:1; Jr. 49:22).
13. Filhos de Amom. Descendentes de Ben-Ami, filho de Ló e uma de suas filhas (Gn. 19:38). Eram mais nômades que os vizinhos moabitas. Rasgaram o ventre às grávidas de Gileade. Esses crimes talvez aconteceram quando Hazael (Amós 1:3, 4) também atacou Gileade (II Rs. 8:12; 10:32, 33).
14. Rabá. Uma referência a “Rabá dos filhos de Amom” (Dt. 3:16; II Sm. 12:26-31; Jr. 49:2; Ez. 21:20). Era a capital dos amonitas. Esta profecia talvez fosse cumprida com a invasão de Amom pelos assírios. Tiglate-Pileser. III (745-727 A.C.), o Pul de II Rs. 15:19, em suas inscrições menciona Sanipu, Reis de Amom, em uma lista de reis que foram obrigados a lhe pagar tributo. Outros da lista eram Salamanu de Moabe, Qaushmalaca de Edom, Mitinti de Asquelom, Hanno de Gaza, Acaz de Judá e Menaém de Samaria. O assírio Senaqueribe (705-681 A.C.) diz que Buduilu de Amom, Etbaal de Sidom, Mitinti de Asdode e outros pagaram-lhe tributo e lhe beijaram os pés.