Interpretação de Deuteronômio 5
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III.
Estipulações: A Vida sob a Aliança. 5:1 - 26:19.
Quando os tratados de suserania eram renovados, as
estipulações, que constituíam as partes longas e cruciais das alianças, eram
repetidas mas com modificações, especialmente as que eram necessárias para
atender às mudanças situacionais. Por isso Moisés recitou e reformulou as
exigências promulgadas na Aliança do Sinai. Além disso, tal como costumavam
começar as estipulações dos tratados com as exigências fundamentais e gerais de
absoluta fidelidade dos vassalos para com o suserano, prosseguindo então nas
várias exigências específicas, Moisés agora confrontou Israel com a exigência
primária de consagração ao Senhor (vs. 5-11) e então com as estipulações
subsidiárias da vida sob a aliança (vs. 12-26).
A.
O Grande Mandamento. 5:1 – 11:32.
O primeiro e grande mandamento da aliança, a
exigência de perfeita consagração ao Senhor, está enunciado nos capítulos 5-7,
e reforçado por reivindicações e sanções divinas nos capítulos 8-11. Esta
divisão de assuntos, entretanto, não é rígida; o fio da exortação é penetrante.
Analisado mais detalhadamente, esta seção desenvolve o tema do grande
mandamento como se segue: as reivindicações do Senhor sobre Israel (cap. 5); o
desafio do exclusivo senhorio divino sobre Israel, expresso como um princípio
(cap. 6) e um programa (cap. 7); advertências contra a tentação da autonomia,
quer na forma do espírito de auto-suficiência (cap. 8) ou da justiça própria
(9:1 – 10:11); um chamado à verdadeira fidelidade (10:12 – 11:32).
Deuteronômio 5
1)
O Senhorio da Aliança do Senhor. 5:1-33.
1. Ouvi . . . aprendais e cuideis em os cumprirdes. Este capítulo começa e termina (vs.
32,33) com um encargo de seguir cuidadosamente as estipulações divinas da
aliança que estavam no processo da solenização.
2-5. O compromisso ao qual Israel fora convocado tinha de ser uma renovação
do relacionamento convencional com o Senhor, que já estava em vigor. Quarenta
anos antes, no Sinai, Deus estabelecera a Israel por meio da cerimônia da
aliança como Seu povo teocrático (v. 2). Aquilo foi feito para cumprir as
promessas anteriores feitas aos patriarcas.
3. Não . . . com nossos pais . . . e, sim, conosco. Os “pais” patriarcais (cons. 4: 31, 37 ;
7 : 8, 12 ; 8 : 18) morreram sem receber as promessas. Mas a geração atual, com
a qual foi estabelecida a Aliança do Sinai, além da geração anterior que
pereceu no deserto (cons. 11:2), teve o privilégio de ver o reino prometido
realizado.
5. Eu estava em pé entre o Senhor e vós. No Sinai, como agora, Moisés fora o
mediador entre Deus e Israel, um cargo tanto mais necessário quanto o temor que
Israel tinha de se encontrar face à face com a ardente teofania (cons. 4:12).
Se o papel transmissor de Moisés descrito aqui não se refere às revelações
dados depois da promulgação do Decálogo, então as declarações feitas em outras
passagens, no sentido de que Israel ouviu Deus declarar o Decálogo (por exemplo
4:12; Êx. 19:9; 20:19) significariam que a voz de Deus foi audível, mas as Suas
palavras eram indiscerníveis a Israel. Contudo, o versículo 5 é mais
provavelmente antecipatório, tal como o 22b.
6-22. (Bíblia Heb. 6-18). Do fato da Aliança do Sinai, Moisés prossegue com
seu conteúdo documentário conforme inscrito nas tábuas em duplicata (cons.
comentários sobre 4:13). Embora continuando com o pensamento de que Israel já
estava convencionalmente ligada ao Senhor, atinge o propósito adicional de
incorporar o compreensível resumo da lei da aliança permanente dentro da seção
das estipulações do documento da renovação deuteronômica. O Decálogo, não sendo
simplesmente um código moral, mas o texto de uma aliança, exibe o padrão do
tratado conforme segue:
Preâmbulo (v. 6a), prólogo histórico (v. 6b) e
estipulações entremeadas com fórmulas de maldições e bênçãos (vs. 7-21).
12. Guarda o dia do sábado, para o santificar. A mais significativa das variações de
forma do Decálogo, conforme apresentada em Êx. 20:2-17, é a nova formulação da
quarta “palavra” ou mandamento. O ciclo sabático de vida simboliza o princípio
da consumação característico da ação divina. Deus opera, matiza Seu propósito,
e, regozijando-se, descansa. Êxodo 20:11 refere-se à exibição do padrão de
consumação na criação para o modelo original do Sábado. Deut. 5:15 refere-se ao
padrão da consumação manifestado na redenção, onde o triunfo divino é tal que
leva os eleitos de Deus também para o seu repouso. Mais apropriadamente,
portanto, o Sábado foi criado como sinal da aliança divina com o povo que Ele
redimiu da escravidão do Egito para herdar o repouso em Canaã (cons. Êx.
31:13-17). A associação neo-testamentária do Sábado com o triunfo da
ressurreição do Salvador, através da qual Seus redimidos, com Ele, alcançam o
repouso eterno, corresponde à interpretação deuteronômica do Sábado em termos
de progresso do propósito redentor de Deus.
Outras notáveis variações deuteronômicas no Decálogo
são o inverso da ordem das palavras mulher e casa no décimo mandamento, e a
adição aqui de seu campo (Dt. 5:21). Este último foi acrescentado porque Israel
estava para começar uma existência assentada na terra, enquanto que durante as
peregrinações no deserto tal legislação teria sido irrelevante. Este é um bom
exemplo do tipo de modificações legislativas encontradas nas antigas renovações
dos tratados seculares.
22. Estas palavras falou o Senhor a toda a vossa
congregação. A singularidade
da revelação das dez “palavras” está sublinhada neste versículo. Só esta
revelação foi dita diretamente por Deus a todo Israel; só ela foi escrita por
Deus.
23-27. (Bíblia Heb. 20-24). Continuando a narração do estabelecimento da
aliança no Sinai, Moisés fez o povo de Israel se lembrar do seu voto anterior
de obedecer à voz de Deus (cons. Êx. 20:18-21). Realmente, tal fora seu temor
de Deus na presença de Sua glória, que preferiram, que Moisés recebesse
revelações posteriores da voz divina para eles – Chega-te, e ouve (Dt.
5:27). Tal relutância em experimentar a presença de Deus é um grito remoto do
deleite original do homem em ter comunhão com o seu Criador no Jardim. E aqui
está exposta a excessiva malignidade da maldição sobre o pecado. É claro que há
limites definidos às qualificações do homem para a visão de Deus (cons. Êx.
33:20). Mas mesmo que, dentro destes limites, a graça redentora torne possível
desfrutar a visão de Deus, o homem decaído encara a experiência como uma ameaça
para a sua vida (por exemplo, Gn. 32:30; Jz. 6:22, 23). Na santa presença de
Deus no Sinai, os israelitas estavam tão fortemente cônscios de sua corrupção,
que temeram aventurar-se com seu raro privilégio (cons. Dt. 4:33). Contudo, seu
temor era piedoso, pois eles reconheciam o Deus que lhes parecia tão terrível
na montanha como o seu Deus, e submetiam-se a fazer a Sua vontade.
28-33. (Bíblia Heb. 25-30). Que outras recordações mais emocionantes Moisés
poderia ter evocado em antecipações à sua conclusão final para andarem nos
caminhos do Senhor e da vida, (vs. 32, 33) a não ser estas; 1) A aprovação
divina do voto anterior de Israel – falaram eles bem (v.28); 2) seu
anseio paternal de que, ao cessar a teofania do Sinai, a reverente devoção
inspirada por ela continuasse para que bem lhes fosse a eles e a sem filhos
para sempre! (v. 29) Esta reação do Senhor completa o registro do Êxodo 20.
No
capítulo 6 enuncia-se o princípio da devoção exclusiva ao Senhor, e com ele a
proibição corolária de fidelidade à divindades estranhas. Então no capítulo 7
anuncia-se o programa da conquista para eliminação dos deuses estranhos e os
seus povos que dominavam Canaã, a terra escolhida pelo Senhor como tipo de seu
reino eterno e universal.