Interpretação de Jó 3
Jó 3
Jó 3 é um capítulo no qual Jó amaldiçoa o dia de seu nascimento e lamenta sua existência. Depois de suportar grande sofrimento, Jó deseja nunca ter nascido e expressa seu desejo de morrer, vendo a morte como uma libertação de sua dor. Jó questiona por que ele ainda está vivo se está destinado a tanto sofrimento e anseia pela paz da sepultura. Jó 3 destaca o profundo desespero e a angústia que podem acompanhar o sofrimento extremo, mostrando o impacto emocional e psicológico que isso pode acarretar a uma pessoa. O capítulo também levanta questões sobre o significado e propósito da vida, bem como a natureza do sofrimento e o papel de Deus nele.Interpretação de Jó 3
Entre as alturas da serenidade espiritual do prólogo e do epílogo, estende-se o abismo da agonia espiritual de ló. A descida e a subida do abismo ficam marcadas por mudanças súbitas e dramáticas de temperamento espiritual. Estas foram descritas em breves passagens transicionais (isto é, caps. 3; 42:1-6). O primeiro delas descreve o mergulho assustadoramente abrupto da paciência às profundezas do abatimento.3:1 “Amaldiçoou o seu dia”. O que transformou as submissos doxologias de Jó em incontidas imprecações? Teria a sua resistência espiritual se esgotado pelos dias e noites de desespero físico? Ou teria, à vista dos distintos companheiros de sua antiga prosperidade, revivido nele as honras desaparecidas e a felicidade do passado? Ou será que o rosto dos seus amigos, horrorizados, cheios de piedade inexprimível, refletiam de maneira horrível a feiúra do seu presente? A chave não se encontraria na identidade dos seus amigos que eram “homens sábios?” A presença taciturna desses filosóficos intérpretes da vida não poderiam deixar de levar Jó a filosofar sobre a sua trágica experiência. Mas quanto mais intensamente procurava uma explicação para ela, mais ansiosamente cônscio ele se tornava da parede misteriosa que o aprisionava. À procura do por que, ele logo perdeu o Caminho. Obcecado pelo terror de ter sido abandonado por Deus, ele amaldiçoou sua vida desamparada. Nem a esta altura nem mais tarde Jó cumpriu as predições satânicos de que renunciaria a Deus com uma maldição. Amaldiçoando a sua própria existência, entretanto, Jó, realmente, atreveu-se a discutir com o Soberano que a decretara. Tudo o que não é de fé é pecado; portanto, eis aí a necessidade do arrependimento de Jó (cons. 42:1-6) para renovar a sua paz com Deus.
3:3-10 A inevitável presente miséria de Jó obstrui as lembranças dos felizes anos passados quando ele lamenta o fato de ter nascido. Que o Todo-Poderoso não o faça se lembrar do dia em que nasceu (v. 4), mas que “reclamem-no as trevas e a sombra de morte”(v. 5a). Se a noite de sua conceição pudesse ser apagada do calendário do tempo (v. 6), ou o monstro marinho (v. 8b, ASV, leviatã, símbolo mitológico do inimigo da ordem cósmica) pudesse engoli-lo no caos.
3:11-19 “Por que?” Imprecação explosiva produz lamentação de auto-piedade. Por que, já que fora concebido e nascera, não ficara entre os abortos ou natimortos (vs. 11, 16)? Até o confinamento da negra sepultura – ainda não iluminada pela glória da ressurreição de Cristo – parecia muito melhor do que a sua existência. Ali Jó, um pária e um provérbio entre os homens desprezíveis e loucos, participaria da sorte comum dos reis e príncipes (vs, 14, 15); ali todos aqueles que são afligidos pelos “maus” e pelos senhores encontram alívio das perturbações humanas (vs. 17-19).
3:20-26 Por que, não tendo nascido morto, mas tendo sido bem recebido e nutrido (v.12), sua vida miserável teve de continuar? Quando a lamentação se aproxima do fim, Jó finalmente anuncia seu problema básico: Por que Deus concedeu a luz da vida “ao homem cujo caminho é oculto, e a quem Deus cercou de todos os lados”(v. 23; cons, v. 20). A palavra que Satanás usou para descrever Jó como “cercado com sebe” por todos os lados com o favor de Deus (1:10), agora Jó usa referindo-se a alguém que está “tolhido” por Deus através de trevas e desfavores.
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