Interpretação de Jó 33
Jó 33
33:1-33. A apologia geral fora dirigida para os amigos. Agora apresentando sua resposta diante dos protestos de Jó, Eliú dirige-lhe um desafio (vs. 1-7). Ele cita declarações de Jó (vs. 8-11) e dá sua própria resposta (vs. 12-30). Assim a manopla desce mais uma vez (vs. 31-33).
1-7. Eis que diante de Deus sou como tu és (v. 6a). Eliú é um ser humano igual a Jó, feito de barro (v. 6b) com o sopro criador divino (v. 4; cons. Gn. 2:7). Enfrentando o desafio de Eliú, Jó não pode, portanto, apresentar sua desculpa favorita de que terrores divinos paralisantes o destituíram da compostura necessária para se defender (cons. Jó 9:34; 13:21).
8-11. Eliú não interpreta mal a posição de Jó. Jó dera assentimento em seu envolvimento para com o pecado humano (cons. 7:21; 13:26). Além disso, seus protestos de inocência foram justificados até onde defenderam sua integridade contra o clamor da hipocrisia e outras acusações excessivas dos amigos. Não obstante, uma tendência para com uma avaliação excessiva da sua justiça pode ser encontrada naqueles protestos (cons. 9:21; 10:7; 12:4; 16:17; 23:10 e segs.; 27:5, 6; 29:11 e segs.). E este conceito torna-se quase incrivelmente atrevido e ousado nas últimas palavras de ló (cap. 31). Em 33:10b Eliú cita 13: 24b; em 33:11 ele cita 13:27a.
12-30. Quando Eliú cita a adicional lamentação de ló acusando Deus de não dar contas de nenhum dos seus atos (v. 13b; cons. 19:7; 30:20), poderia parecer que ele abandonara as dúvidas de Jó quanto à justiça de Deus muito rapidamente (vs. 8-12) para retomá-las mais tarde (cons. caps. 34-37). Mas em resposta à alegada falta de revelação com referência aos caminhos divinos (vs. 14-30), Eliú incorpora uma explicação do sofrimento dos servos de Deus e assim realmente começa sua defesa da justiça divina. Nos dias do V.T. Deus falava com o Seu povo por meio de diversos instrumentos especiais que deixaram de ser usados depois que se concluiu a revelação do N.T. (cons. Hb. 1:11), Eliú menciona sonhos (Jó 33:15-17) e o anjo intérprete (vs. 20-30) como meio especial de revelação. Deus não abandonou o povo de sua aliança para tatear sem a luz da revelação autorizada. Se com ele houver um anjo intercessor, um dos milhares (v. 23). inumeráveis anjos servem os herdeiros da salvação (Hb. 1:14; cons. Jó 4:18; 5:1; Dt. 33:2; Sl. 68:17; Dn. 7:10; Ap. 5:11), sendo que um dos ministérios é o da interpretação da vontade e caminhos de Deus. Possivelmente um dos milhares refere-se não à abundância desses hierofantes, mas à raridade e destaque do seu anjo intercessor (cons. Ec. 7:28).
30a. Para reconduzir da cova a sua alma (cons. vs. 18, 24, 28). No íntimo de tal revelação encontra-se o princípio e os propósitos da graça divina. Os homens vivem sob a sombra dos portadores da morte (v. 22b), anjos da morte enviados por Deus, por causa do santo desprazer divino para com seus pecados. Mas de um modo ... duas e três vezes (vs. 14, 29) a graça intervém. Algumas vezes uma revelação especial se introduz como advertência para evitar o mal proposto e assim livrar de suas consequências desastrosas (vs. 15-18). Outras vezes a revelação vem na undécima hora, quando a maldição de um castigo acerbo conduziu o homem à beira do abismo (vs. 19-22). Então ali se observa notável restauração das bênçãos da justiça (vs. 25, 26), celebrada por um salmo de confissão e ação de graças (vs. 27, 28). Tal livramento realiza-se pelo confronto do homem com o que lhe convém, isto é, o caminho certo e reto para ele (v. 23b; cons. v. 16), e pelo arrependimento do homem. Este processo é o resgate (v. 24c) que se encontra se Deus tiver misericórdia dele (v. 24a). À luz da revelação passada outorgada aos servos de Deus, Eliú intitula seus sofrimentos como castigos (v. 19).
31-33. A interpretação do sofrimento como castigo aplica-se ao caso de Jó (veja comentados conclusivos sobre o cap. 31). Elifaz também sugerira que o castigo era um dos motivos da aflição (5:17), mas ele considerou o castigo distribuído proporcionalmente ao pecado. Embora castigo severo possa realmente ser uma “bênção”, todavia estigmatiza o crente colocando-o em posição humilhantemente, baixa na comunidade dos santificados! Eliú viu o castigo no contexto redentivo, como computado e governado pelo princípio da graça soberana. Uma vez que a graça é pela sua própria natureza soberanamente livre, pode conceder a bênção do castigo com mais abundância sobre os santos que relativamente tenham a menor necessidade! Eliú não se refere aqui aos homens ímpios, mas à sua descoberta de que o sofrimento que é uma operação da livre graça de Deus é claramente a chave para o imprevisível, a aparentemente arbitrária variedade nos seus sofrimentos, e na sua prosperidade também. Para eles também o sofrimento é uma dispensação graciosa advertindo-os do abismo eterno, Assim Eliú remove o aguilhão do mistério do sofrimento dos justos e a prosperidade dos ímpios. O coração de Jó pula de alegria. Mas a vergonha se faz presente quando se lembra das acusações que jogou contra o Deus da graça, e assim ele se cala (v. 33).
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