Interpretação de Josué 2
Em Josué 2, enquanto os israelitas se preparam para entrar em Canaã, Josué envia dois espias a Jericó. Lá, eles são auxiliados por Raabe, uma prostituta, que reconhece o poder do Deus israelita e busca proteção para si e sua família em troca de sua ajuda. Este capítulo destaca a providência de Deus em lugares inesperados e demonstra o tema da fidelidade e redenção à medida que a cooperação de Raabe se torna instrumental na conquista iminente de Jericó.
Josué 2
A Missão dos Espiões. 2:1-24.
Tendo algum conhecimento pessoal de Canaã devido a sua própria experiência de espia trinta e oito anos atrás, Josué, ao executar as ordens divinas, prudentemente enviou espiões a Jericó, a fortaleza-chave de todo o vale ao sul do Jordão. Duas dificuldades imediatas se lhe defrontaram: como vencer os cananitas hostis da margem ocidental; e como atravessar o Jordão durante a enchente (cons. 3:15; 1 Cr. 12:15. Nem todos poderiam atravessá-lo a nado como os espias devem ter feito.)
2:1. Sitim foi identificada por Nelson Glueck como Tell el-Hamã, no Wadi Kefrein, sobre os contrafortes da orla oriental do Vale do Jordão (Nm. 25:1; 33:49). Secretamente... dizendo. Esta missão foi cuidadosamente disfarçada, até mesmo dos israelitas, para que a circulação de um relatório desfavorável não desanimasse o povo (cons. Nm. 13:28–14:4). Entraram na casa duma mulher, prostituta, cujo nome era Raabe. Josefo e muitos escritores têm, desde o seu tempo, argumentado que Raabe era uma estalajadeira. Mas a palavra hebraica zôné, o grego porne na LXX, e Hb. 11:31 e Tg. 2:25, todos definitivamente classificam-na como uma prostituta comum (não uma qedishé, prostituta religiosa). Teriam-na notado os espiões caminhando pela rua ao entardecer (cons. Pv. 7:9-12) e seguindo-a até sua casa, como os detetives hoje em dia fazem visitando lugares de má fama onde podem obter informações sobre criminosos? Ou, guiados inteiramente pelo Senhor, eles simplesmente “deram com” a casa dela já preparada de antemão pelo Espírito? Sua casa ficava provavelmente junto ao muro ocidental da cidade, com a janela dos fundos dando para a montanha (Js. 2:15, 16); portanto sua casa ficava a certa distância do único portão de Jericó, que dava para uma excelente fonte, exatamente a leste da elevação da cidade. O convite de Raabe implicava em muito menor divergência dos padrões de moralidade aceitos em seu ambiente do que nos parece. Além disso, ela também se ocupava de trabalho honesto, fiando e tingindo linho. Sua prostituição foi mencionada para destacar ousadamente a misericórdia de Deus que lhe concedeu a fé e que a poupou (cons. Mt. 21: 32; Lc. 15:1).
2:2. O rei de Jericó. No período final da Idade do Bronze toda cidade importante de Canaã era o centro de uma cidade-estado e tinha o seu próprio rei.
2:4, 5. A mentira oportuna de Raabe foi um pecado de fraqueza de alguém cuja consciência estava começando a ser despertada das trevas do paganismo. Um homem de fé desenvolvida aprende a responder sem mentir (por exemplo, Gn. 22:7, 8). Na ética oriental, proteger um hóspede como ato de hospitalidade é uma das mais altas virtudes. Quanto ao fato dela estar traindo o seu rei, é preciso notar que em seu coração se desenvolvia uma nova fidelidade para com o Rei celestial. Assim ela ocultou os espias, embora correndo grandes riscos.
2:6. As canas de linho eram os talos, de aproximadamente um metro de comprimento, espalhados em cima do telhado plano para secar (cons. Dt. 22: 8) depois de ficarem de molho na água por diversas semanas. O linho amadurecia nos começos de março, quando a cevada formava as espigas (Êx. 9:31, 32).
2:9-11. Raabe revelou a inestimável informação de que o pânico (conforme cantado por Moisés em Êx. 11:15, 16; conforme prometido por Deus em Dt. 2:25) já se espalhara pela vizinhança de Jericó. Seu testemunho (Js. 2:11b) é notável pelo fato de sair dos lábios de uma mulher pecadora em uma sociedade idólatra e politeísta. Nem os próprios líderes israelitas falavam tão monoteisticamente (veja 24:14,15; I Reis 18:21). A mesma evidência que convenceu Raabe só serviu para endurecer seus concidadãos.
2:12. A tradução usei de misericórdia para convosco não exprime bem a ideia. A palavra hesed refere-se basicamente a uma promessa, acordo ou aliança oral, (para diferenciar do mais formal berit, “aliança” confirmada por uma cerimônia; Gn. 15:7-18). No sério compromisso assumido por Raabe e os espias, ficou evidente pelo juramento feito que nenhum dos lados agia por pura simpatia ou benevolência. Mais literalmente, ela disse: “Agora, pois, jurem-me pelo nome de Jeová que tal como eu fiz um acordo-hesed com vocês, vocês também farão um hesed-acordo com a casa de meu pai, dando-me um sinal de (sua) lealdade”. O sinal foi o juramento com o qual confirmaram sua lealdade para com o acordo; está no versículo 14.
2:14. Os espiões responderam: “Sejam sacrificadas as nossas vidas e não as suas (se não formos leais); se vocês (você e seus parentes) não denunciarem esta nossa missão, então será que, quando Jeová nos der a terra, nós cumpriremos o acordo-hesed e seremos leais para com vocês”.
2:15. Uma corda. Hebel (II Sm. 17:13; Jr. 38: 6-13).
2:16. E disse-lhes. Melhor, agora, tendo dito. Sem dúvida trocaram instruções de lado a lado (vs. 16.21) antes dos espias descerem pela janela, pois, caso contrário, seriam descobertos no ato.
2:18. Este cordão de fio de escarlata. Uma corda (fiqwé; cons. Cantares 4:3) feita de lã vermelha que eles avistariam na casa de Raabe e que deveria ser amarrada à janela, pela qual ela os fez descer. Serviria para os israelitas identificarem sua casa quando atacassem.
2:22. Ao monte. Rochas calcárias com 457, 2ms de altura, com muitas cavernas, 800ms para o oeste, na orla do Vale do Jordão. Estas rochas ficam apenas doze a dezesseis quilômetros ao norte das cavernas onde foram encontrados os pergaminhos do Mar Morto.
2:23, 24. Provavelmente antes do amanhecer de 3:1 os espiões transmitiram a Josué as condições deprimentes dos cananitas, dando-lhe assim a resposta ao primeiro problema. Devidamente cumpriram sua missão sem tentar dar conselhos quanto ao ataque (cons. 7:2, 3).
Índice: Josué 1 Josué 2 Josué 3 Josué 4 Josué 5 Josué 6 Josué 7 Josué 8 Josué 9 Josué 10 Josué 11 Josué 12 Josué 13 Josué 14 Josué 15 Josué 16 Josué 17 Josué 18 Josué 19 Josué 20 Josué 21 Josué 22 Josué 23 Josué 24
Josué 2
A Missão dos Espiões. 2:1-24.
Tendo algum conhecimento pessoal de Canaã devido a sua própria experiência de espia trinta e oito anos atrás, Josué, ao executar as ordens divinas, prudentemente enviou espiões a Jericó, a fortaleza-chave de todo o vale ao sul do Jordão. Duas dificuldades imediatas se lhe defrontaram: como vencer os cananitas hostis da margem ocidental; e como atravessar o Jordão durante a enchente (cons. 3:15; 1 Cr. 12:15. Nem todos poderiam atravessá-lo a nado como os espias devem ter feito.)
2:1. Sitim foi identificada por Nelson Glueck como Tell el-Hamã, no Wadi Kefrein, sobre os contrafortes da orla oriental do Vale do Jordão (Nm. 25:1; 33:49). Secretamente... dizendo. Esta missão foi cuidadosamente disfarçada, até mesmo dos israelitas, para que a circulação de um relatório desfavorável não desanimasse o povo (cons. Nm. 13:28–14:4). Entraram na casa duma mulher, prostituta, cujo nome era Raabe. Josefo e muitos escritores têm, desde o seu tempo, argumentado que Raabe era uma estalajadeira. Mas a palavra hebraica zôné, o grego porne na LXX, e Hb. 11:31 e Tg. 2:25, todos definitivamente classificam-na como uma prostituta comum (não uma qedishé, prostituta religiosa). Teriam-na notado os espiões caminhando pela rua ao entardecer (cons. Pv. 7:9-12) e seguindo-a até sua casa, como os detetives hoje em dia fazem visitando lugares de má fama onde podem obter informações sobre criminosos? Ou, guiados inteiramente pelo Senhor, eles simplesmente “deram com” a casa dela já preparada de antemão pelo Espírito? Sua casa ficava provavelmente junto ao muro ocidental da cidade, com a janela dos fundos dando para a montanha (Js. 2:15, 16); portanto sua casa ficava a certa distância do único portão de Jericó, que dava para uma excelente fonte, exatamente a leste da elevação da cidade. O convite de Raabe implicava em muito menor divergência dos padrões de moralidade aceitos em seu ambiente do que nos parece. Além disso, ela também se ocupava de trabalho honesto, fiando e tingindo linho. Sua prostituição foi mencionada para destacar ousadamente a misericórdia de Deus que lhe concedeu a fé e que a poupou (cons. Mt. 21: 32; Lc. 15:1).
2:2. O rei de Jericó. No período final da Idade do Bronze toda cidade importante de Canaã era o centro de uma cidade-estado e tinha o seu próprio rei.
2:4, 5. A mentira oportuna de Raabe foi um pecado de fraqueza de alguém cuja consciência estava começando a ser despertada das trevas do paganismo. Um homem de fé desenvolvida aprende a responder sem mentir (por exemplo, Gn. 22:7, 8). Na ética oriental, proteger um hóspede como ato de hospitalidade é uma das mais altas virtudes. Quanto ao fato dela estar traindo o seu rei, é preciso notar que em seu coração se desenvolvia uma nova fidelidade para com o Rei celestial. Assim ela ocultou os espias, embora correndo grandes riscos.
2:6. As canas de linho eram os talos, de aproximadamente um metro de comprimento, espalhados em cima do telhado plano para secar (cons. Dt. 22: 8) depois de ficarem de molho na água por diversas semanas. O linho amadurecia nos começos de março, quando a cevada formava as espigas (Êx. 9:31, 32).
2:9-11. Raabe revelou a inestimável informação de que o pânico (conforme cantado por Moisés em Êx. 11:15, 16; conforme prometido por Deus em Dt. 2:25) já se espalhara pela vizinhança de Jericó. Seu testemunho (Js. 2:11b) é notável pelo fato de sair dos lábios de uma mulher pecadora em uma sociedade idólatra e politeísta. Nem os próprios líderes israelitas falavam tão monoteisticamente (veja 24:14,15; I Reis 18:21). A mesma evidência que convenceu Raabe só serviu para endurecer seus concidadãos.
2:12. A tradução usei de misericórdia para convosco não exprime bem a ideia. A palavra hesed refere-se basicamente a uma promessa, acordo ou aliança oral, (para diferenciar do mais formal berit, “aliança” confirmada por uma cerimônia; Gn. 15:7-18). No sério compromisso assumido por Raabe e os espias, ficou evidente pelo juramento feito que nenhum dos lados agia por pura simpatia ou benevolência. Mais literalmente, ela disse: “Agora, pois, jurem-me pelo nome de Jeová que tal como eu fiz um acordo-hesed com vocês, vocês também farão um hesed-acordo com a casa de meu pai, dando-me um sinal de (sua) lealdade”. O sinal foi o juramento com o qual confirmaram sua lealdade para com o acordo; está no versículo 14.
2:14. Os espiões responderam: “Sejam sacrificadas as nossas vidas e não as suas (se não formos leais); se vocês (você e seus parentes) não denunciarem esta nossa missão, então será que, quando Jeová nos der a terra, nós cumpriremos o acordo-hesed e seremos leais para com vocês”.
2:15. Uma corda. Hebel (II Sm. 17:13; Jr. 38: 6-13).
2:16. E disse-lhes. Melhor, agora, tendo dito. Sem dúvida trocaram instruções de lado a lado (vs. 16.21) antes dos espias descerem pela janela, pois, caso contrário, seriam descobertos no ato.
2:18. Este cordão de fio de escarlata. Uma corda (fiqwé; cons. Cantares 4:3) feita de lã vermelha que eles avistariam na casa de Raabe e que deveria ser amarrada à janela, pela qual ela os fez descer. Serviria para os israelitas identificarem sua casa quando atacassem.
2:22. Ao monte. Rochas calcárias com 457, 2ms de altura, com muitas cavernas, 800ms para o oeste, na orla do Vale do Jordão. Estas rochas ficam apenas doze a dezesseis quilômetros ao norte das cavernas onde foram encontrados os pergaminhos do Mar Morto.
2:23, 24. Provavelmente antes do amanhecer de 3:1 os espiões transmitiram a Josué as condições deprimentes dos cananitas, dando-lhe assim a resposta ao primeiro problema. Devidamente cumpriram sua missão sem tentar dar conselhos quanto ao ataque (cons. 7:2, 3).
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