Interpretação de Miqueias 1

Miqueias 1

Miquéias 1 é uma mensagem de julgamento iminente sobre Samaria e Jerusalém devido à sua idolatria, injustiças sociais e desobediência. O capítulo emprega imagens vívidas para enfatizar a severidade da ira iminente de Deus, com as montanhas tremendo e a terra derretendo diante dele. Miquéias profetiza a destruição dos altos de Samaria e as práticas idólatras, alertando sobre suas consequências. O capítulo serve como um alerta sobre as consequências de se afastar de Deus e enfatiza a importância de viver em obediência aos Seus mandamentos.

Sobrescrito. 1:1.
7:1. Palavra do SENHOR. A mensagem vinha de Jeová, e por isso. tinha autoridade divina. Essa era a reivindicação usual dos profetas hebreus (cons. Jonas 1:1; Ob. 1:1). Veio a. No sentido de “ter sido dirigida a”. A palavra de Jeová foi dirigida a Miqueias e lhe foi dada para ser proclamada. Em visão, isto é, mental e espiritual, não necessariamente com os olhos do corpo. Este verbo significa ver subjetivamente. Miqueias tinha entendimento espiritual da mensagem que ia proclamar.
 
I. O Iminente Juízo de Israel e Judá por causa do Pecado Persistente. 1:2-16.
Chamando a Atenção. 1:2.

7:2. Ouvi ou escutai. Ouvi com interesse, com percepção mental e espiritual e com disposição para obedecer. Esta é uma palavra costumeira usado pelos profetas para chamar a atenção para suas mensagens (cons. Is. 1: 2, 10; Amós 3:1; Joel. 1:2; Os. 4:1). Todos os povos... ó terra e tudo o que ela contém. A mensagem está sendo dirigida a todos os povos. A terra e tudo o que ela contém deve permanecer atenta (cons. Is. 1:2; Dt. 32:1). Prestai atenção. Literalmente. O povo devia prestar atenção enquanto a mensagem fosse proclamada. SENHOR. O “Senhor” ou “Mestre” entronizado sobre o universo. Contra ou entre vós (ASV margem.). Se é “contra”, a referência é a Samaria e Jerusalém. Se o sentido é “entre”, o pronome se refere a todos os povos. Em ambos os casos Jeová está falando com relação à maldade das capitais de Israel e Judá. Ele está testemunhando do templo de sua santidade. Este templo, conforme indica o contexto, é o céu. “Santidade” primeiramente significa “separação”. O céu está separado e consagrado aos propósitos de santidade de Jeová. A santidade ativa do Senhor penetra em toda a terra, salvando e julgando.
 
A Terrível Vinda do Senhor Jeová Anunciada e Descrita. 
7:3, 4. Estes versículos introduzem uma razão solene por que todos os povos deveriam ouvir a mensagem.
 
7:3. Sai do seu lugar. A forma usada indica que Jeová está continuamente assentado para julgar o pecado e os pecadores. E desce, e anda. Os dois verbos expressam ação repetida.
 
7:4. Quando os passos majestosos de Jeová tocam o alto das montanhas, os montes debaixo dele se derretem. Novos vales serão formados quando os montes (vales) se fenderem e, como cera diante do fogo, jorrarem como uma torrente de água sobre um precipício. Deve-se notar que Orelli (The Twelve Minor Prophets, 191) prefere planícies a vales. Outros sugerem a emenda, montes, para evitar a dificuldade aparente de “vales” sendo fendidos. Semelhantes descrições de tão imponentes manifestações de Jeová aparecem também em Êx. 19:18, 19; Jz. 5:5; Is. 64:1; Hc. 3:6.
 
Os Pecados da Capital São Representativos da Nação. 1:5.
7:5. A transgressão de Jacó significa literalmente libertação ou rebelião. Apostasia se aproxima mais do hebraico (Cheyne, “Micah”, The Cambridge Bible). Israel, o Reino do Norte, libertara-se de Jeová e se rebelara contra suas justas exigências. Tudo isto por causa – ou do testemunho que precede ou dos juízos que se seguem. A frase pode apontar em ambas as direções. Pecados. Pecar é literalmente errar o alvo, como quando um atirador atira e falha. No N.T., a palavra grega para pecado é hamartia, com o mesmo significado. Deus estipulou um alvo e a casa de Israel errou em acertá-lo. Qual é. Literalmente, quem é. A rebeldia e o pecado são cometidos pelo povo. A forma da pergunta exige uma resposta afirmativa. Os altos eram lugares para cultos idólatras proibidos pela lei mosaica (cons. Dt. 13). O profeta acusou as duas capitais como centros dos pecados da nação. Esta acusação pode ser feita contra muitas capitais através da história.
 
Consequências Terríveis deste Juízo. 1:6, 7.
7:6. Por isso. Por causa dos pecados de Samaria, Jeová fará o que se segue. Um montão, isto é, uma ruína para plantar vinhas. As guerras causaram a destruição da cidade diversas vezes e esta profecia foi cumprida literalmente (cons. Is. 21:1-3). Jeová declara que Ele fará as pedras de Samaria rolarem para o vale, descobrindo totalmente os seus alicerces. Atualmente Samaria é um monte de pedras, não apenas no alto da colina mas também nos campos em baixo. Expedições arqueológicas têm feito descobrimentos até dos alicerces dos palácios de Onri e Acabe.
 
7:7 Todas as suas imagens de escultura, Jeová prediz, Ele fará que sejam despedaçadas, em Sua ira contra a idolatria (Êx. 20:4). Preço da prostituição, isto é, o pagamento feito às prostitutas como salário do seu pecado. O profeta olhava para a civilização idólatra de Samaria considerando-a o produto do salário das prostitutas; isto é, considerava a idolatria como prostituição. Samaria tinha de ser destruída e os fragmentos de suas imagens tinham de retornar ao seu uso original, o preço das prostitutas.

E. A Reação do Profeta e Sua Missão deste Juízo. 1:8-16.
7:8. Por isso. O profeta declara que de lamentará e gemerá, andará despido e espoliado, por causa das feridas incuráveis de Samaria que sobrevieram ao seu próprio povo, até as portas de Jerusalém, a capital política e centro de adoração. O profeta se identifica com a nação. A forma literária do versículo 8 produz uma impressão solene. Miqueias começa, faço lamentações como de chacais. Ele vai se lamentar até que se acabem suas forças, até que sua voz se transforme no piar de uma avestruz recém-nascida. A nudez era porção natural do prisioneiro. Em sua tristeza o profeta andará nu e despojado.
 
7:9. A idolatria e perversidade de Samaria influenciou de tal modo a Jerusalém que esta se tomou culpada de pecado idêntico. Os descendentes da casa de Acabe (rei do Reino do Norte, esposo de Jezabel) reinaram em Jerusalém e levaram a nação a se afastar de Jeová. As feridas resultantes, que não podiam jamais ser curadas, infeccionaram a vida política, social e religiosa de Judá, incluindo o próprio lugar do conselho, isto é, “as portas da cidade”. No Oriente Próximo, porta significava o conselho ou ministério real e esse significado persistiu até a queda do sultanato turco recentemente. Durante séculos o ministério da Turquia foi chamado de “a Porta Sublime”. Pecados idênticos exigem castigos idênticos, quer sejam de Samaria, quer de Jerusalém.
 
7:10. Observe, começando com o versículo 10, que a lista de cidades mostra a rota do invasor. Enquanto as cinco primeiras cidades ficavam ao norte de Jerusalém, as cinco últimas ficavam a sudoeste ou sul da cidade. Em estilo de oratória, o profeta cita as cidades de acordo com o significado. Não apenas Jerusalém, mas também as localidades vizinhas sofreram. Em Gate (gat) não o anuncieis (taggîdû). Em Bete-Leafra (casa do pó) revolvei-vos no pó. Ambas eram cidades pagãs. O profeta temia a efusão da zombaria dessa gente quando soubesse do pecado e consequente castigo daqueles que eram chamados de povo de Jeová. Revolver-se no pó significava lamentação intensa e abjeta.
 
7:11. Moradora está na forma feminina. Miqueias prevê as mulheres dessas cidades condenadas passando diante dos homens. Nuas e envergonhadas elas irão para o cativeiro e os homens nada poderão fazer para protegê-las contra o poder do inimigo. Em 1:6 o profeta introduz a profecia contra Samaria. Em 1:11 o castigo de Judá não tem declaração introdutória. A moradora de Zaanã (Saída) não pode sair, isto é, sair da casa. Ela ficará aterrorizada por causa do invasor. O pranto de Bete-Ezel (Casa da Separação) tira de vós o vosso refúgio. Esta cidade, que provavelmente era fortificada, deveria ajudar a resistir ao invasor. Mas o seu povo lamentaria o sofrimento dos outros até que suas forças se esgotassem.
 
7:12. Pois (kî) ... porque (kî). O primeiro é um particípio – “sim” ou “realmente”. O segundo dá o motivo da primeira cláusula. A habitante feminina de Marote, diz Miqueias, dolorosamente esperará o bem, mas Jeová enviará o mar à porta de Jerusalém. A invasão dos assírios foi a violência enviada por Jeová como julgamento (cons. Is. 10:5).
 
7:13. Ata os corcéis ao carro. A moradora de Laquis (monte inexpugnável) recebe ordem de fugir dos invasores. O juízo sobrevirá a Laquis porque é o principio do pecado (isto é, do erro ao alvo) para a filha de Sião (Jerusalém). Através dela, as transgressões (afastamento de Deus) de Israel – adoração a Baal com suas abominações consequentes – entraram em Sião. O uso de Laquis e rekesh (“corcéis velozes”) juntos é um característico jogo de palavras hebraicas.
 
7:14. Presentes de despedida, ou devolução de presente, isto é, a devolução do dote de uma noiva, devido a um divórcio. A “filha de Sião” e Moresete-Gate (a cidade natal do profeta ) estiveram unidas no pecado. Agora estão separadas. As casas de Aczibe (lugar de engano) serão para engano dos reis de Israel. Esta cidade (doze quilômetros ao norte de Moresete) em lugar de servir de defesa contra os invasores passará a ajudá-los ou até mesmo se transformará em traidora.
 
7:15. Enviar-te-ei ainda quem tomará posse de ti. Jeová fará o possuidor (os invasores assírios) vir para levá-las prisioneiras. Maressa, “cidade hereditária (de Judá)”, passará a ser possessão da Assíria. Chegará até Adulão a glória de Israel. A nobreza fugirá para Adulão, famosa por suas cavernas; os homens que deveriam estar na frente da batalha ficarão escondidos.
 
7:16. Faze-te calva, e tosquia-te. Isto está expresso no gênero feminino. Talvez Israel, no papel de mãe, seja exortada a manifestar exageradamente a angústia por seus filhos, nascidos e criados no luxo (delicadamente criados), que foram para o cativeiro. Miqueias vê os horrores como se já estivessem acontecendo.