Testamento — Estudos Bíblicos

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TESTAMENTO

No grego, diathéke, um vocábulo que figura por trinta e três vezes no Novo Testamento: Mat. 26:28; Mar. 14:24; Luc. 1:72; 22:20; Atos 3:25; 7:8; Rom. 9:4; 11:27 (citando Isa. 59:21); I Cor. 11:25; II Cor. 3:6,14; Gál. 3:15,17; 4:24; Efé. 2:12; Heb. 7:22; 8:6,8 (citando Jer. 31:31); 8:9 (citando Jer. 31:32); 8:10 (citando Jer. 31:33); 9:4,15-17,20 (citando Êxo. 24:8); 10:16,29; 12:24; 13:20 e Apo. 11:19. “Viúva”
Na tradução da Septuaginta, do hebraico para o grego, terminada em cerca de 200 A.C., o termo hebraico berith, “acordo”, “pacto”, foi comumente traduzido pelo termo grego diathéke, “testamento”, o que mostra que aqueles tradutores judeus compreenderam que o Antigo Testamento era mais do que um simples acordo ou aliança entre duas partes: entre Deus e o povo de Israel; antes, seria a publicação da soberana vontade de Deus, visando à salvação do homem.
Nos dias do Novo Testamento, o sentido primário da palavra grega diathéke havia chegado a uma evidência tal que a idéia secundária de “acordo” quase havia desaparecido. De fato, na literatura grega não-bíblica, esse vocábulo grego dava a entender única e tão-somente como “última vontade”, “testamento”. Paulo usou essa palavra com esse sentido, em Gál. 3:15-17: “Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga, ou lhe acrescenta alguma cousa. Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém, como de um sc: E ao teu descendente, que é Cristo. E digo isto: Uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode alterar, de forma que venha a desfazer a promessa”. Destarte, Paulo estava demonstrando que o pacto da promessa, estabelecido por Deus, à semelhança de qualquer testamento de origem humana, só poderia ser modificado por seu originador, demonstrando assim, em segundo lugar, a natureza provisória da lei mosaica, apenas para tampar um período de carência, enquanto o Filho de Deus não viesse dar o seu sangue como expiação pelos nossos pecados.
Por semelhante modo, o autor da Epístola aos Hebreus exprime os termos do pacto (no grego diathéke), em analogia com um testamento ou última vontade (no grego, diathéke), segundo se vê em Hebreus 9:15-18: “Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados. Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador, pois um testamento só é confirmado no caso de mortos, visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador. Pelo que nem a primeira aliança foi sancionada sem sangue...” Esse autor sagrado, pois, mostrou-nos que um testamento só se torna operante quando ocorre a morte do testador, reiterando assim a idéia paulina, expressa em Gálatas 3:15-17.
Entretanto, a grosso modo, o Novo Testamento emprega o termo “testamento” em um sentido mais amplo, acompanhando bem de perto a noção que o mesmo tinha no Antigo Testamento. Quando o Senhor Jesus falou no “...sangue da nova aliança...” (Mat. 26:28), referiu-se a uma nova disposição no relacionamento entre Deus e os homens, com vistas à redenção dos homens. Com isso concorda plenamente o apóstolo dos gentios, ao explicar-nos, em II Coríntios 3:9: “Porque se o ministério da condenação foi gloria, em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça”. O pacto da lei levava à condenação, porquanto a lei não pode mesmo fazer outra coisa senão condenar os errados, e todos nós somos pecadores; mas o Novo Testamento, que gira em tomo do sangue de Jesus Cristo, confere-nos a justificação e nos conduz à glória.
No grego, diathéke. A palavra portuguesa “testamento” procede do termo latino testamentum, que significa “testamento”, ou expressão da vontade final de uma pessoa. O vocábulo grego correspondente, diathéke, indicava um testamento, embora não fosse o vocábulo usado para indicar um pacto, uma aliança. A palavra grega para indicar aliança era sunthéke, que descrevia algum tipo de acordo entre duas partes interessadas. Mas diathéke sugeria, antes, a doação dada por alguém a outro indivíduo. Todavia, em algumas ocasiões, parece que o vocábulo diathéke tinha o sentido duplo de “testamento” ou de “pacto”. Assim, Aristófanes empregou a palavra para dar a entender “pacto”; o autor da Epístola aos Hebreus, por semelhante modo, parece usar de um jogo de palavras com o duplo sentido do vocábulo diathéke, em Hebreus 9:15-17. Por isso, alguns estudiosos pensam que a base bíblica para “testamento”, como designação das duas principais divisões da Bíblia, Antigo e Novo Testamentos, originou-se do uso da palavra diathéke, na Epístola aos Hebreus.
A palavra era relativamente destituída de importância, em outros livros do Novo Testamento (ver Mat. 26:28; Mar. 14:24; I Cor. 11:25; II Cor. 3:6,14), embora de ocorrência freqüente na Epístola aos Hebreus (7:22; 8:6; 9:15,17; 10:29). Tem sido posto em dúvida se o idioma hebraico teria um termo equivalente ao de “testamento”. Esse termo, sem dúvida, veio a ser associado ao Antigo Testamento, somente porque a Septuaginta traduziu o termo hebraico para “aliança”, berith, pelo vocábulo grego diathéke. É provável que esse termo grego tenha sido escolhido porque salientava o fato de que, na relação entre Deus e os seres humanos, a iniciativa fica com Deus, e não com os homens. De fato, os homens não podem argumentar com Deus, e nem barganhar com ele; resta-lhes apenas aceitar ou rejeitar as ofertas dele. Além disso, a significação da morte de Jesus Cristo, como a inauguração do novo pacto, pode retroceder até o conceito de diathéke como “última vontade” ou “testamento”. Um testamento só entrava em vigor em sobrevindo a morte do testador. A morte de Cristo, seguindo o modelo dos animais sacrificados, que inauguraram o antigo pacto, estabeleceu o novo pacto ou Novo Testamento. Ver Gál. 3:15-18.