Estudo sobre Efésios 5
Os sentimentos cristãos da bondade e da compaixão se revelam
no perdão e auto-sacrifício (5.2). Levando-se em conta a natureza de
filhos, os filhos amados de Deus têm a capacidade e a oportunidade
de imitar o seu Pai. Todas as virtudes estão completamente reveladas no
Cristo crucificado (v. IPe 2.21-24). A linguagem levítica (reproduzindo SI
40.6, como faz Hb 10.5) indica a tipologia dos sacrifícios do AT.
3) Um desafio ao mal pagão (5.3-20)
O sexto ponto de Paulo, concernente à impureza, é grandemente ampliado
em virtude da onipresença premente desse problema na sociedade da época.
“Mas” (no original e nas versões em português, mas ausente aqui
na NVI) e nem sequer menção destacam, ambos, a seriedade desse
tipo de mal, que protege a igreja de tratar essas pessoas como cristãs,
como nos v. 5ss em que as mesmas três coisas são mencionadas
especificamente. O mesmo ponto de vista é defendido em ICo
5.11-13. A cobiça é colocada em companhia bastante desonrosa; é
a antítese do cristianismo (At 20.35). Paulo insta (v. 4) para que até
mesmo em palavras os seus leitores evitem a obscenidade, as conversas
tolas e os gracejos imorais. A vida de algumas pessoas
deixa muito claro que elas não estão de forma alguma no Reino de Deus, mas
isso não significa que não haja salvação para elas (v. ICo 6.9-11). O que fazer
com cristãos professos que agem dessa maneira, é esclarecido em ICo 5.4,5.
O ensino de Paulo acerca de se viver separado de tais pessoas é
detalhado em ICo 5.9-13. Ao caminharem na luz, eles estariam aptos a
aplicar um teste e, assim, descobrir a vontade de Deus (o v. 9 é
um interlúdio). Os v. 13,14 devem ser analisados à luz de Jo 3.19-21;
aquilo que vem à luz e reage a ela torna-se luz. A citação não é
do AT, mas, provavelmente, de um hino cristão baseado na linguagem de
Is 60.1. v. 15-17. Ao passarem a compreender dessa forma a vontade do
Senhor, eles podem se afastar das formas de agir imprudentes e míopes
da maioria dos homens, v. 18. O estímulo para a vida eficaz não vem
do vinho, mas de permitir que o Espírito Santo habite completamente o coração,
um eco da oração de 3.16, 17. deixem-se encher pelo Espírito-, a
plenitude do Espírito é objeto de uma ordem, em contraste com o batismo do
Espírito. Este não é algo que deva ser buscado; faz parte da experiência
inicial de todo cristão (até mesmo de cristãos fracos como os coríntios; ICo
12.12,13) por meio da qual são incorporados em Cristo. A plenitude do
Espírito descreve uma experiência ou condição que pode ser perdida ou
repetida (At 4.31; 6.5; 7.55; 9.17;11.24). Ser cheio do Espírito está associado
aqui, como em Atos, à alegria, coragem, espiritualidade e caráter. Dons
miraculosos nem mesmo provam necessariamente que os que os possuem
sejam cristãos (Mt 7.21-23). v. 19,20. “A música que segue” está em
contraste com aquilo que segue a embriaguez. salmos: são os do AT,
ou semelhantes (lCo 14.26, gr.), hinos e cânticos espirituais: não
é fácil distingui-los, mas o louvor é mais destacado pela primeira
palavra, enquanto a segunda é mais geral.
4) Entre esposas e maridos (5.21-33)
v. 21. As orientações que seguem são exemplos específicos da ordem
concernente à submissão. A divisão entre categorias maritais, filiais e ocupacionais,
embora temporárias (G1 3.28), devem ser aceitas como a presente
providência divina. O trecho de 5.22—6.9 deve ser comparado com o equivalente
condensado de Cl 3.18—4.1 e com IPe 2.18—3.7. Os apóstolos parecem
ter usado instruções estabelecidas formalmente ao tratar dessas
questões, como podemos concluir com base no padrão observável
nesses casos. A divisão tríplice da sociedade, no entanto, é natural, e é
universalmente aplicável e, a não ser no caso dos paralelos próximos entre
Ef 6.5-9 e Cl 3.22—4.1, o tratamento é independente em cada caso. A
submissão da esposa deve ser correspondida pelo amor semelhante ao de
Cristo e pela consideração do marido, e assim sucessivamente nos outros
grupos. O fato de um falhar não justifica a falha do outro, embora,
evidentemente, torne o sucesso mais difícil. Paulo mescla três fatos
diversos, transferindo cada um deles a uma figura de Cristo e sua igreja,
(a) O próprio relacionamento marido—esposa. A igreja é uma noiva casada
com Cristo, (b) O fato de o homem ser a cabeça faz sua esposa ser
seu corpo. A igreja é o corpo de Cristo, (c) A união física torna
homem e mulher uma carne. Cristo e sua igreja são um (cf. ICo 6.15-17). Em
relação ao primeiro aspecto, o relacionamento nasce (v. 25) do amor e
sacrifício de Cristo. Ele usa a figura do preparo da noiva no v. 26
e a sua apresentação no v. 27. O lavar da água é usado de
forma figurada, como o casamento (Ap 19.7,8). A bacia, como os outros
utensílios do tabernáculo, era um tipo e ilustrava a renovação gerada pela
regeneração (Tt 3.5). para santificá-la tendo-a purificado: isto é,
a santificação é o resultado da purificação. Ambas as palavras são usadas
pelo Senhor quando ele trata da questão em Jo 15.3; 17.17 (há um bom
número de pontos de contato entre essa carta e o evangelho de João). Gomo
ele indica, é a palavra falada que faz a purificação. A nossa
“apresentação” é um pensamento recorrente nos escritos de Paulo, e.g., 2Co 11.2; Cl
1.22; e de forma semelhante em Jd 24. Com relação ao segundo aspecto (v.
23), a cabeça de um corpo é o seu protetor, que o governa e defende.
Assim, Cristo, o Salvador, faz com o seu corpo. O terceiro aspecto é
ilustrado com base na criação do homem. Eva era um com Adão tanto na
sua origem quanto na sua união com ele (Gn 2.21-24). Dessa forma,
a criação do homem trazia um mistério secreto, uma pista do propósito
de Deus que ninguém teria adivinhado (3.9). O texto da VA parece ter
inserido uma glosa do contexto da citação do v. 31. As palavras finais do
capítulo fazem eco da LXX de Et 1.20, um livro que não é citado em
outro lugar do NT.