Estudo sobre Jeremias 46
Jeremias 46
Esses oráculos (massã’),
falados acerca (heb. usa “com referência a”, ou ’el ou ’al, ”acerca
de”, i.e., não necessariamente “contra”) das nações gentílicas, estão ordenados
de forma geográfica, começando com o Egito (46.2-28) e então passando para
a Filístia (47.1-7), Moabe (48.1-47), Amom (49.1-6), Edom (49.7-22), Síria
(49.23-33), Elão (49.34-39) e finalmente a Babilônia (50.1—51.64). Acerca da ordem
variante nas traduções gregas, v. Introdução.
Esses oráculos mostram que
os princípios que Deus usa para tratar com os gentios vizinhos de Israel são os
mesmos empregados em relação a seu povo. Ele precisa castigar
o pecado. Ele é soberano sobre a vida e os afazeres de todos os homens,
não importa se eles o reconhecem ou não. Essas profecias também têm
uma aplicação típica e espiritual que permeia toda a Bíblia. Isso pode
ser mais bem percebido e interpretado por referências posteriores às
mesmas nações, e.g., citações paralelas dos caps. 50 e 51 com Ap 11.8;
17 e 18 mostram a Babilônia como um tipo do estilo de vida que continua
até os nossos tempos. Observe quantas características dessas nações podem
ser encontradas ainda hoje. Embora muitos críticos questionem a autoria de
Jeremias de algumas dessas profecias (e.g., 50.1—51.58), não há evidências
substanciais para negá-la. Ele havia sido chamado a falar a todas as
nações (1.5,10), e faz isso da forma intensa empregada também por
Isaías (caps. 13—27) e Ezequiel (caps. 25—32).
O Egito era o antigo
dominador do sul da Palestina até mesmo antes do período de Moisés. Josias
tinha sido morto havia pouco tempo ao se opor ao exército egípcio
(609 a.C.), e agora em agosto de 605 a.C. (v. 2) o Egito havia sido
derrotado na batalha de Carquemis, um evento que estremeceu o mundo
do Oriente Médio daqueles dias (v. 12). A confiável Crônica
Babilônica conta como os egípcios fugiram quando Nabucodonosor, co-regente da
Babilônia (v. 2), os “derrotou à não-existência”. Os que escaparam foram
pegos em Hamate e derrotados “de forma que nem um único homem
conseguiu fugir para o seu próprio país”. Jeremias vê as tropas
preparadas para a batalha (v. 3,4) e depois a sua fuga dramática das margens do
rio Eufrates (v. 5,6, NEB). As evidências arqueológicas mostram que o
escudo menor (v. 3, mãgêri), o escudo retangular maior (sjnnã),
o capacete (v. 4) e a armadura de placas interligadas constituíam a defesa
do soldado da época. Também mostram que o exército incluía gregos (da Lídia),
assim como homens do Sudão (“Cuxe”) e da LíbialSomália (“Pute”,
v. 9). O Egito, assim como Gileade, era famoso pelos remédios e por estar “cheio de
médicos” (Heródoto, II. 84), mas eles eram inúteis (v. 11). Os v. 13-28
têm sido datados por alguns de 604 a.C. ou foram associados a um ataque
babilônico posterior contra o Egito em 568 a.C. (cf. 43.8-13). O rei
do Egito era um aliado inútil — um vaso vazio — e assim é chamado
pelo nome simbólico de um grande desastre (v. 17; cf. 20.3) traduzido de
diversas formas por “Falador Espalhafatoso — o homem que perdeu a
sua oportunidade” (NTLH); ou “Barulho! Ele deixou passar o momento”
(BJ)”; “Boca grande” (Harrison). O fato de perder a oportunidade é
descrito como uma serpente (i.e., a insígnia real) em fuga
(v. 22). Isso pode ser também uma referência ao evento de 601 a.C.
descrito na Crônica Babilónica quando ”o rei da Babilônia [...] conduziu o
seu exército e marchou para o Egito. O rei do Egito ouviu isso e preparou
as suas tropas. Em batalha aberta, eles se golpearam e infligiram grandes
perdas um ao outro. O rei da Babilônia e suas tropas deram meia volta e
retornaram à Babilônia”.O prejuízo causado aos babilônios foi tão grande
que gastaram o ano seguinte reequipando o seu exército. O entusiasmo com
esse evento foi tão grande que Jeoaquim se rebelou contra o seu
suserano (2Rs 24.1). Parece que Jeremias foi levado a predizer mais
uma vez a derrota final do Egito (v. 25,26a), embora tenha acrescentado
uma palavra de restauração final para os egípcios como introdução a
uma nota semelhante de esperança para Israel nesses tempos tumultuados (v.
28,29). v. 15. “Por que os seus guerreiros estão estirados no chão?” (nota
de rodapé da NVI). O texto da NVI segue a LXX e traz: Por que o
deus Apis fugiu? (nãs hãp); a RV traduz nishap do TM por
“varrido”, “eliminado”. Apis era o touro forte de Osíris.
No AT, o Egito com frequência
representa o mundo que nos convida a lhe pedir ajuda, embora tenhamos saído do
seu domínio (e.g., Nm 11.5; lRs 3.1). Precisamos lembrar que ele sempre é uma “cana
quebrada” (37.6) e nunca pode salvar o povo de Deus (37.5-8). Nesse
capítulo, como muitas vezes, a falibilidade do Egito é contrastada com
o Deus confiável que vai restaurar o seu povo (v. 27,28).Índice: Jeremias 1 Jeremias 2 Jeremias 3 Jeremias 4 Jeremias 5 Jeremias 6 Jeremias 7 Jeremias 8 Jeremias 9 Jeremias 10 Jeremias 11 Jeremias 12 Jeremias 13 Jeremias 14 Jeremias 15 Jeremias 16 Jeremias 17 Jeremias 18 Jeremias 19 Jeremias 20 Jeremias 21 Jeremias 22 Jeremias 23 Jeremias 24 Jeremias 25 Jeremias 26 Jeremias 27 Jeremias 28 Jeremias 29 Jeremias 30 Jeremias 31 Jeremias 32 Jeremias 33 Jeremias 34 Jeremias 35 Jeremias 36 Jeremias 37 Jeremias 38 Jeremias 39 Jeremias 40 Jeremias 41 Jeremias 42 Jeremias 43 Jeremias 44 Jeremias 45 Jeremias 46 Jeremias 47 Jeremias 48 Jeremias 49 Jeremias 50 Jeremias 51 Jeremias 52