Estudo sobre Levítico 4
Levítico 4
As ofertas pelo pecado
(4.1—5.13)
A oferta pelo pecado
estava relacionada tanto à profanação cerimonial quanto à violação moral. “Oferta
de purificação” seria um título mais apropriado. Nos casos em que o delito
era de caráter mais moral, o princípio geral era que somente pecados por
ignorância podiam ser propiciados (Nm 15.30; cf. Hb 10.26). A NEB traduz de tal
forma 5.1-6 que sugere que pecados intencionais de encobrimento eram
propiciáveis com ofertas pelo pecado. Essa tese fundamenta-se, no entanto,
em tradução incerta que é discutida no comentário desses versículos. A oferta
pelo pecado e a oferta pela culpa são duas ofertas
do mesmo tipo; mas enquanto aquela trata de ofensas contra Deus, esta
está relacionada mais ao mal que alguém comete contra o seu próximo (v.
5.14—6.7). A regulamentação acerca da oferta pelo pecado é feita de
acordo com as condições da pessoa envolvida: v. 1-12, o sacerdote
ungido-, v. 13-21, toda a comunidade de Israel (necessariamente
incluindo o sacerdócio); v. 22-26, um líder, v. 27-35, uma pessoa comum,
da comunidade. Visto que a palavra hebraica para oferta pelo
pecado não é em nada diferente da palavra normal para “pecado”, pode
ser que “pecado” em uma ou duas referências no NT tenha a conotação
hebraica de “oferta pelo pecado”; v. comentários acerca de Rm 8.3 e 2Co
5.21.
(1) Dos sacerdotes
(4.1-12). v. 2. sem intenção é lit. “em erro”, seja “por ignorância”
(VA), seja “involuntariamente” (LXX). Com a exceção de 6.1-7 (q.v.),
aplica-se o princípio geral; somente pecados desse tipo são cobertos pelas
ofertas pelo pecado e pela culpa. ”Jeová, Deus de Israel, institui o
sacrifício pelos ‘pecados de ignorância’ e assim revela o mesmo
coração compassivo e atencioso que aparece no nosso Sumo Sacerdote
‘que se compadece dos que pecam por ignorância’ “ (A. Bonar). v. 3. o
sacerdote ungido-, cf. v. 5,16 e 6.22. A referência pode ser ao
sumo sacerdote ou, visto que os filhos de Arão também eram ungidos (Êx
28.41; 30.30; 40.15; Lv 7.36), a qualquer membro do sacerdócio. Como
representantes do povo, os sacerdotes talvez trouxessem culpa sobre o
povo, fosse por meio de suas próprias ações, fosse ao conduzirem de
forma equivocada aqueles que buscavam a orientação deles. v. 6. aspergirá-, é
de fato o verbo aspergir, borrifar; v. comentário de 1.5. sete vezes-,
cf. v. 17; 8.11; 14.7; 16.14,19; Nm 19.4. Sendo sete um
número sagrado — não somente em Israel —, a sugestão provavelmente é de
uma purificação. O véu do santuário dividia o Lugar Santo
do Lugar Santíssimo (Êx 26.33). Um ritual de sangue era
exigido no Lugar Santo por causa do pecado do sacerdote que ali oficiava,
v. 7. O altar do incenso aromático ficava no Lugar Santo, mas
no Dia da Expiação o ritual de sangue da oferta pelo pecado era
realizado também no Lugar Santíssimo (16.14). v. 8ss. A gordura do
novilho da oferta pelo pecado era tratada de forma exatamente igual à
da oferta de comunhão (v. 10; cf. 3.3ss). v. 11,12. “Aqui está
a santa lei cobrando o último centavo” (Bonar). Os restos do animal
deveriam ser levados para fora, a um lugar limpo, e destruídos (“queimar”
traduz diferentes verbos nos v. 10,12; v. comentário de 1.9). Assim era
simbolizada a remoção completa do pecado que tinha ocasionado a
necessidade do sacrifício. Mas a destruição das partes do animal que
normalmente eram comidas pelos sacerdotes (cf. 6.26) servia para destacar
a seriedade do pecado (cf. também a oferta da comunidade a esse respeito
[v. 13-21] e 6.30). O autor de Hebreus relaciona tudo isso aos
sofrimentos do nosso Senhor que “sofreu fora das portas da cidade”
(Hb 13.11,12).
(2) Da
comunidade (4.13-21). v. 14. O pecado da comunidade é propiciado
pelo sacrifício de um novilho, i.e., ao mesmo preço do pecado do
sacerdote ungido (v. 3). v. 15. Aí autoridades da comunidade
representam a comunidade no ato de colocar as mãos sobre a cabeça
do novilho, v. 18. O altar que está perante o Senhor na Tenda do
Encontro é o altar de incenso do v. 7. O v. 19 resume os v.
8ss. v. 21. Visto que o sacerdote também é um membro da comunidade e
é, além disso, o seu representante, mais uma vez se nega a ele uma
parte da carne da oferta pelo pecado (cf. comentário dos v. llss).
(3) De um
líder (4.22-26). v. 22. um líder, referência a chefes tribais, como
em Nm 7 etc.; em épocas posteriores, iria incluir o rei. v. 23.
Exige-se um sacrifício menos custoso — um bode sem defeito, v. 24.
Assim como no caso do holocausto de carneiros ou cabras, essa
vítima deveria ser morta no lado norte do altar dos holocaustos (cf.
comentário de 1.11). v. 25. Visto que o sacerdote ungido não estava envolvido
com o pecado, o sangue não era aspergido no Lugar Santo (cf. v. 6,17)
nem era posto nos cantos do altar de incenso (cf. v. 7,18); o sangue era
colocado nas pontas do altar dos holocaustos. A regulamentação de
6.24ss,29 aplicava-se ao que restasse do sacrifício; assim também para
ofertas de qualquer das pessoas comuns (v. 27-31).
(4) De
uma pessoa comum (4.27-35). Tanto uma cabra quanto uma ovelha
(v. 27-31; 32-35) eram aceitáveis; um animal de um ano de vida é
especificado em Nm 15.27. O tamanho e gênero (fêmea) do animal caracterizam-no
como de menor valor entre as ofertas pelo pecado e apropriado para as
pessoas comuns. Concessões a pessoas sem recursos são feitas em 5.7-13. Em
outros aspectos, as regulamentações concordam com as da oferta pelo pecado
de um líder (v. 22-26).Índice: Levítico 1 Levítico 2 Levítico 3 Levítico 4 Levítico 5 Levítico 6 Levítico 7 Levítico 8 Levítico 9 Levítico 10 Levítico 11 Levítico 12 Levítico 13 Levítico 14 Levítico 15 Levítico 16 Levítico 17 Levítico 18 Levítico 19 Levítico 20 Levítico 21 Levítico 22 Levítico 23 Levítico 24 Levítico 25 Levítico 26 Levítico 27