Estudo sobre Oseias 14

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V. APELO FINAL (14.1-9)
Após o desastre total em 13.4-16, nada se poderia esperar na sequência além do silêncio. No entanto, mais um capítulo de bênção e esperança é acrescentado, paralelo à restauração de Gômer no cap. 3. Apesar de 11.1 e 3.5, a reunião das duas nações e a restauração da dinastia davídica não figuram no quadro da felicidade final. Tampouco há qualquer conceito de remanescente, como o encontramos em Isaías, nem reação individual, em contraste com a coletiva, aos apelos de Deus. Sem dúvida, está em ação aqui o princípio registrado em Hb 11.1: a visão de Oseias é parcial. A revelação do plano total de Deus ainda aguardava desdobramentos futuros.
O capítulo tem aspectos demais em comum com o restante do livro para que aceitemos a teoria de que não foi escrito por Oseias. Expositores rabínicos usam o trecho como base para o ensino acerca do arrependimento.
A não ser pela nota editorial final (v. 9), o capítulo se divide em duas seções: os v. 1-3 retratam a intimação do profeta para o retorno, incluindo uma oração de penitência; e os v. 4-8, a resposta divina. Temos aqui o anverso de 6.1-6, em que o povo propõe o arrependimento, mas Deus o rejeita como superficial demais.
Acerca de Volte (v. 1), v. 3.5; o verbo hebraico ocorre novamente nos v. 2,4 e 7, enquanto infidelidade (v. 4) tem a mesma raiz, fazendo eco com desviou-se\ e habitavam (v. 7) tem uma forma semelhante. O trecho tem, assim, forma de sonata, com “voltar” como seu tema.
Na oração do v. 2, fruto (heb. peri) difere de “novilhos” na nota de rodapé da NVI (heb. parim) com respeito a apenas dois sinais vocálicos e uma divisão variante entre duas palavras; talvez seja um reflexo da suspeita de Oseias em relação a sacrifícios animais, como é constatado em 6.6; 8.13. Se for esse o caso, a expressão da NEB “gado do nosso aprisco” desfigura o sentido. A NVI segue a LXX, como faz Hb 13.15. Cp. também Pv 12.14; 13.2.
No v. 3, três falsos objetos de confiança, tantas vezes denunciados nessa profecia, são rejeitados explicitamente — alianças estrangeiras, força militar e poder dos ídolos. A GNB destaca bem o significado da última linha: “Tu mostras misericórdia para aqueles que não têm ninguém para pedir ajuda”, i.e., Israel confessa a sua dependência total da graça de Deus.
Essa graça é expressa de forma extraordinária na resposta de Deus nos v. 4-7. As promessas nos v. 5ss lembram Ct 2.1,3,13; 4.8. Acerca de curarei, uma figura de linguagem frequente da misericórdia divina, cf. 5.13; 6.1; 7.1. v. 7. Florescerão como a videira é uma correção em função da coerência com o contexto; outras versões estão mais próximas do hebraico.
O v. 8 pode ser compreendido de diversas formas, nenhuma delas livre de dificuldades. Como está traduzido na ARA, ele pode ser entendido como um monólogo falado pelo Senhor, que pergunta praticamente: “Como você pode me associar com os seus ídolos?”, ou como um diálogo, em que Efraim e o Senhor falam em linhas sucessivas, como está na NTLH e na ARC. A NEB e a GNB adotam a primeira opção, tomando a primeira cláusula como está aqui na NVI: O que Efraim ainda tem com ídolos? Assim a obra do profeta termina quando ele vê a completa vindicação para o Senhor e a completa restauração e bênção para Israel.
O versículo final é uma nota editorial, advertindo o leitor a prestar cuidadosa atenção à mensagem do livro: cf. SL 107.43. Assim a última palavra de Oseias é ecoada pelo Senhor Jesus em Jo 15.5: “Se alguém permanecer em mim [...] esse dará muito fruto”.

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