Estudo sobre Deuteronômio 24
Novo casamento de um homem
com a ex-esposa (24.1-4) É importante reconhecer que essa lei trata de um caso muito especial
somente, e, na sua complexidade (o todo é constituído de apenas uma frase,
cf. Ex 21.1-6), pressupõe e não promulga o divórcio. (Uma lei assim
não é formulada em lugar algum do AT e deve ser deduzida.) A lei não
diz por que um homem não deveria casar novamente com a esposa, de quem
havia se divorciado, após o segundo casamento desta (v. 4), mas
simplesmente expressa repugnância pela idéia por meio de duas fórmulas
antigas (v. 4b; cf. 23.18b e 22.23). Estudiosos têm destacado a
idéia de que essa proibição tenderia a estabilizar o segundo
casamento da mulher e poderia restringir o divórcio.
v. 1. algo que ele
reprova: lit. “a nudez de algo” — não o adultério (22.22) nem
necessariamente uma falha moral (cf. 23.14, em que o mesmo termo é usado).
Na época do NT, o significado já tinha sido esquecido. A certidão
de divórcio iria (a) garantir a posição da mulher na sociedade
(algo necessário em vista de 22.22) e (b) evitar que o divórcio
se tornasse algo apressado, especialmente se um oficial público
tivesse de redigir a certidão. Mas o divórcio não se concretiza até que
o homem a mande embora (formalmente), v. 3. não
gostar mais dela\ heb. “odiar”; cf. 21.14-17. v. 4. Tanto Jeremias
quanto Oséias consideraram isso relevante para a sua experiência
e percepção religiosa (Os 1.3; Jr 3.1-8).
Leis sociais (24.5—25.4)
Dispensa do serviço militar
(24.5). Cf. 20.7. O respeito pela família e a necessidade de possuir
descendentes têm prioridade sobre a guerra santa.
As pedras de moinho são
sagradas (24.6). O homem pobre é protegido por essa lei; se o credor
tomasse as suas pedras de moinho, a família do devedor não teria condições
de preparar o seu pão.
O sequestro (24.7). Uma
reafirmação de Ex 21.16. Contraste com Dt 15.22ss e observe a pena severa para
a comercialização de escravos e a fórmula de “purificação”.
Leis acerca dos empréstimos
(24.10-13). Aqui aparece mais uma vez a preocupação humanitária de
Deuteronômio. Até o credor ”abastado” não pode intrometer-se na
casa do tomador de empréstimo pobre, e, se tomasse deste a capa em garantia,
deveria devolvê-la até a noite (Êx 22.26,27).
Os direitos dos
trabalhadores diaristas (24.14,15). Mais uma vez, Javé aparece como o protetor dos indefesos.
Não importava se o trabalhador fosse hebreu ou estrangeiro residente, ele
não poderia sobreviver sem o dinheiro para comprar comida e abrigo para
a noite; “espera ansioso pelo dinheiro” (NTLH). O povo de Deus não
deve fazer os credores esperar pelo dinheiro que lhes é devido.
Responsabilidade pessoal
(24.16). V. 2Rs 14.6. Embora o
AT dê grande importância à solidariedade coletiva, o conceito de
responsabilidade pessoal é muito antigo. E encontrado também no Código de
Hamurabi, mas ali o filho pode ser executado se a negligência do seu pai
causou a morte do filho de outro homem (2.30). Ezequiel (cap. 18),
portanto, não estava enunciando nenhum princípio novo quando ele (como
Jeremias) denunciou a perspectiva fatalista segundo a qual “os pais
comem uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotam”. Acerca do v.
17, cf. v. 13.
Leis de caridade
(24.19-22). Parte das três principais colheitas (cereais, azeitonas,
uvas) é reservada para os pobres — uma forma de assistência em que os
necessitados têm condições de se beneficiar dos seus próprios esforços, como o
fez Rute, com alguma ajuda (Rt 2). v. 22. Esse tema ocorre
novamente (cf. v. 18).Índice: Deuteronômio 1 Deuteronômio 2 Deuteronômio 3 Deuteronômio 4 Deuteronômio 5 Deuteronômio 6 Deuteronômio 7 Deuteronômio 8 Deuteronômio 9 Deuteronômio 10 Deuteronômio 11 Deuteronômio 12 Deuteronômio 13 Deuteronômio 14 Deuteronômio 15 Deuteronômio 16 Deuteronômio 17 Deuteronômio 18 Deuteronômio 19 Deuteronômio 20 Deuteronômio 21 Deuteronômio 22 Deuteronômio 23 Deuteronômio 24 Deuteronômio 25 Deuteronômio 26 Deuteronômio 27 Deuteronômio 28 Deuteronômio 29 Deuteronômio 30 Deuteronômio 31 Deuteronômio 32 Deuteronômio 33 Deuteronômio 34