Estudo sobre Ester 2
Ester 2
2) Ester é escolhida como
rainha (2.1-18)
Mardoqueu e Ester entram na
história, e o procedimento para a escolha da nova rainha é descrito. Ester
agrada ao rei e é escolhida rainha.
a) Toma-se a decisão de encontrar uma nova rainha (2.1-4)
v. 1. algum tempo depois:
um tempo indeterminado, mas que tem de ser situado antes de dois anos,
i.e., antes de Xerxes ter partido para a campanha grega, ou então depois
de quatro anos, i.e., após a campanha, assou a indignação-, parece que
Xerxes estava começando a abrandar os seus sentimentos em relação a
Vasti. v. 2. Conselheiros se dirigem diretamente ao rei, mas na terceira
pessoa. A etiqueta da corte exigia isso. Somente Hamã em 3.8 e Ester em
7.3 ousam dirigir-se ao rei na segunda pessoa. Os conselheiros do rei
sugeriram que virgens novas viessem para divertir o rei, e assim eles se
salvariam da ira de Vasti.
b) Mardoqueu e Ester entram na história (2.5-7)
v. 5. Mardoqueu-,
derivado de Marduk, o Deus babilônio. Que ele tenha recebido um nome
gentio e até idólatra não surpreende, visto que muitos judeus tinham um
nome hebraico e outro babilônio; cf. Daniel e os seus amigos. Veja
Introdução, acerca da identidade de Mardoqueu. v. 6. ele fora levado
de Jerusalém para o exílio por Nabucodonosor. há um problema aqui
com relação ao antecedente deste pronome, que no hebraico é pronome relativo —
se é uma referência a Quis ou a Mardoqueu, ou simplesmente aos ancestrais
em geral; cf. Gn 46.27, em que se diz que os filhos de José foram ao Egito
com Jacó. Dificilmente seria Mardoqueu, pois assim estaria com 119
anos quando Ester se tornou rainha; e Ester já estaria com mais de 60
anos. E mais provável que o pronome relativo se refira à família dele. v. 7. Hadassa em
hebraico significa “murta”. Ester possivelmente é derivado de Ishtar, a
deusa babilônia do amor; outros ainda associam esse nome com o persa stãra,
“estrela”.
c) Ester
se une às candidatas a rainha (2.8-11)
v. 9. a moça o agradou e
ele a favoreceu-, Ester conquista o favor, i.e., a sua conduta é boa.
Não o agrada apenas por sua boa aparência. Ela não somente encontra favor;
conquista o favor por meio do seu caráter, logo-, Hegai a preferiu
a outras e logo a colocou no tratamento de beleza de 12 meses, sete
moças escolhidas-, parece que essas sete foram separadas especialmente
para ela — outro sinal do favor de Hegai. v. 10. Mardoqueu no texto
hebraico está na posição enfática na oração. não tinha revelado a que povo
pertencia-, Ester deve ter comido, se vestido e vivido como uma
persa, violando assim regras da dieta judaica e outros costumes.
Provavelmente isso aconteceu porque Mardoqueu percebeu que a ascendência
judaica de Ester diminuiria suas chances de se tornar rainha. Alguns
a criticaram porque se “conformou ao mundo”, mas isso parece um juízo
muito severo à luz das circunstâncias vigentes na época dela.
d) O
procedimento para as candidatas (2.12-14)
v. 13. tudo-,
enfático, ressaltando que ela recebeu tudo que queria, roupas ou
jóias. Não sabemos se ela teria de devolver isso na manhã seguinte ou
se podia ficar com tudo. v. 14. outra parte do harém-,
provavelmente se refere a uma outra parte do harém em que eram
mantidas as concubinas.
e) Ester
é escolhida como rainha (2.15-18)
v. 15. Ester não usou
enfeites especiais para agradar ao rei. Ela foi sábia e cooperativa em
aceitar o conselho de Hegai (ao contrário da obstinada Vasti). v. 16. residência
reak melhor, “apartamento do rei” — v. 13,16. sétimo ano-,
i.e., quatro anos após o incidente de Vasti, em parte porque Xerxes estava
longe durante dois anos na Grécia, v. 18. proclamou
feriado-, hanãhãh significa levar ao descanso e poderia se
referir ao perdão de impostos ou diminuição de trabalho — portanto, um feriado
ou uma anistia.
3) Mardoqueu salva a vida
do rei (2.19-23)
Mardoqueu fica sabendo de
uma trama para assassinar Xerxes. A sua revelação da trama salvou a vida
do rei. v. 19. pela segunda vez: obscuro. Poderia ser um segundo
contingente para o concurso de rainha ou uma retrogressão na história ao
tempo antes de Ester se tornar rainha, v. 21. junto à porta
do palácio real os oficiais esperavam à porta do palácio real e
não entravam enquanto não fossem convidados, guardavam a entrada: provavelmente
o apartamento particular do rei. v. 21. conspiravam para assassinar o
rei Xerxes: essas conspirações eram muito comuns no palácio. Xerxes
foi assassinado nesse tipo de intriga na corte 14 anos mais tarde. v.
23. na presença do rei: lit. “diante do rei”. Isso pode significar
ou que os arquivos eram guardados no apartamento do rei, ou que a
escrita se realizou na presença e sob a orientação do rei. Paralelos desse
registro oficial de serviços prestados ao rei persa podem ser verificados
em Heródoto viii. 85 e Tucídides i. 129.