Estudo sobre Êxodo 26
Êxodo 26
O tabernáculo e a tenda
(26.1-14)
v. 1. Estritamente falando,
o tabernáculo denota as cortinas internas descritas nos v. 1-6 e é
cuidadosamente distinguido da tenda, a cobertura de pêlos de cabra
que era usada para cobrir o tabernáculo (cf. v. 7-13). v. 2.
Visto que a estrutura tinha 4,5 metros (10 côvados) de altura (v.
15,16) e 4,5 metros de largura (v. comentário do v. 23), as cortinas
internas terminavam a 45 centímetros (1 côvado) do chão nos lados
norte e sul (cf. v. 13). Dez cortinas, medindo um metro e
oitenta (4 côvados) de largura produziriam, quando unidas, uma
peça do tamanho suficiente para cobrir exatamente o comprimento (20
armações, cada uma com 70 centímetros de largura; cf. v. 16,18,20) e
o fundo (i.e., o lado ocidental) do tabernáculo, v. 3. Para formar
uma grande cortina, dois conjuntos de cinco [...] cortinas,
todas costuradas uma na outra na sua lateral, seriam unidas por meio de
uma série de colchetes e laçadas. v. 7. De maneira bastante
semelhante, deveria ser feita a cobertura de pêlo de cabra {tenda),
v. 8. Com treze metros e meio de comprimento (30 côvados), as cortinas
de pêlo de cabra cobririam exatamente o topo e os dois lados do
tabernáculo, v. 9. Onze cortinas de 1,8 metro/4 côvados cada dariam
uma largura de 20 metros/44 côvados quando costuradas uma na outra na
lateral; isso resultaria em 1,8 metro/4 côvados a mais do que o exigido
para cobrir o topo e o fundo do tabernáculo. Os v. 9b e 12 dão instruções
acerca de como repartir o material em excesso. Dobrar a sexta cortina
na frente do tabernáculo (resultando em 90 centímetros/2 côvados; cf.
comentário do v. 12) providenciaria uma borda protetora para a cortina
interior; os 90 centímetros/2 côvados a mais da sexta cortina provavelmente
eram dobrados debaixo da cortina do tabernáculo, v. 11. Os colchetes
que prendiam as cortinas de pêlo de cabra não eram visíveis do
interior do tabernáculo e eram por isso feitos de bronze (ou cobre;
cf. comentário de 25.3), em contraste com os colchetes do v. 6. v.
12. Esse versículo não está isento de dificuldades; aparentemente não
haveria lugar para que uma meia cortina fosse pendurada na parte de
trás do tabernáculo, visto que a parte de trás já estaria
completamente coberta. Talvez devamos entender que o material em excesso
ficaria deitado no chão; Cassuto se reporta a TB Shabbath
98b, em que a tenda é comparada a uma mulher que caminha na rua com
uma parte do vestido sendo arrastada atrás dela. Os que defendem, com Kennedy,
que toda a sexta cortina do v. 9 se estendia além da cortina do
tabernáculo no lado oriental (i.e., dobrada e suspensa por 90 centímetros
como um tipo de sanefa) têm de considerar a orientação deste versículo
como uma glosa equivocada. A explanação de Soltau de que a meia cortina
é uma referência às cinco cortinas que foram costuradas para cobrir o topo
e o fundo do tabernáculo (v. The Tabernacle, p. 48-9) não convence.
“Cortina” nessa seção significa cada comprimento. As cinco cortinas na
parte de trás são incluídas nas dez cortinas, v. 13. De fato, as cortinas
de pêlo de cabra se estendiam até o nível do chão dos dois lados,
o sul e o norte, do tabernáculo, v. 14. Mais duas coberturas (v.
comentário de 25.5) são mencionadas, mas não temos mais detalhes a respeito. O
versículo deixa claro que são de fato duas coberturas. Que eram
coberturas, e não invólucros, para o transporte do tabernáculo (Cole)
é indicado por 40.19.
As armações do tabernáculo
v. 15. armações ou “tábuas” (v. BJ) formavam a estrutura de apoio das
cortinas e coberturas. E comum traduzir por “armações” desde que apareceu
o muito citado artigo de Kennedy em HDB (v. bibliografia), mas,
por mais atraente que seja essa hipótese, a certeza absoluta ainda está
por ser alcançada. Geralmente é citado o apoio filológico
do ugarítico e do árabe; mas a evidência ainda não é suficiente para
se chegar a um veredicto. Uma das diversas vantagens citadas por Kennedy é
que belas cortinas internas seriam visíveis através das armações, e
não somente no teto, como seria no caso de tábuas de madeira maciça,
v. 17. encaixes-, lit. “mãos”; esses encaixes na extremidade
inferior se ajustariam perfeitamente nas bases de prata (v.
19,21,25). Segundo Kennedy, a palavra significa “verticais”, “colunas” —
as barras verticais que formavam as armações. A tradução então seria mais
ou menos assim: “duas colunas por armação, cada uma encaixada na sua
correspondente”, v. 19. Cada armação tinha duas bases de prata para
firmá-la na posição. v. 23. Por meio dessas armações adicionais em cada
canto, a parte de trás e os lados do tabernáculo eram mantidos unidos.
Visto que a altura do tabernáculo era de 4,5 metros/ 9 côvados e o
comprimento das cortinas de pêlo de cabra era de 13,5 metros/30 côvados —
suficiente para cobrir o topo e os dois lados —, concluímos que a largura do
tabernáculo era de 4,5 metros/10 côvados (9 metros/ 20 côvados para os
dois lados, e os restantes 4,5 metros/10 côvados para o topo
[largura]). As seis armações (v. 22) devem ter resultado em 4
metros/9 côvados, provavelmente deixando as duas armações do canto para
explicar o côvado (0,45 metro) que falta. (Observe que a espessura das
armações nas pontas também pode ter sido levada em consideração.) v. 24.
Não fica claro como essas armações dos cantos deveriam ser encaixadas. A
explicação de Kennedy é que essas armações serviam de apoio para as armações de
cada ponta da parte de trás do tabernáculo; elas se inclinavam para a
altura da parte superior (cf. v. 26-29) e a sua argola.
Cassuto acha que as armações dos cantos eram acopladas (juntadas em pares)
com as armações da parte de trás em cada lado por meio de pinos e
encaixes. Ele entende que colocadas numa única argola se refere aos
colchetes que fixavam os pares de armações dos cantos. “Essa era uma
das formas usadas no Egito para fortalecer os cantos de estruturas de madeira;
eram fixadas por uma fita de cobre que as unia como uma argola”. E
uma solução interessante para um problema muito difícil, v. 25. Havia,
então, oito armações na parede de trás. v. 26ss. Somente um dos travessões
— o central (v. 28) — estendia-se por todo o comprimento do
lado ou da parte de trás, dependendo de cada caso. Os travessões
eram mantidos na sua posição pelas argolas (v. 29) afixadas às
armações que assim davam estabilidade a toda a estrutura.
O véu (26.31-37)
O véu é o “segundo
véu” de Hb 9.3. Ele anunciava a distância entre o ser humano e Deus; o
rasgar em duas partes da cortina no templo de Herodes quando o nosso
Senhor morreu (Mc 15.38) anunciou a remoção de uma barreira
ainda mais antiga. Em Hb 10.19,20, a humanidade e a morte de nosso
Senhor são vistas
como uma cortina de santuário, mas aí não há nenhuma ideia de obstrução, mas
somente de acesso, v. 31. O véu deveria ser trançado da mesma
forma que as cortinas internas dos v. 1-6. v. 33. Se pressupomos que as
cortinas internas alcançavam o chão da parte de trás do tabernáculo, não
é difícil determinar a posição dos colchetes. A cortina
estendia-se por 9 metros/20 côvados de cada lado dos colchetes:
estes devem ter sido localizados a 4,5 metros/10 côvados do fundo do
tabernáculo. Visto que o véu ficava pendurado nos colchetes,
o Lugar Santíssimo deve ter sido um cubo, com 4,5
metros/10 côvados de comprimento, largura e altura (cf. comentário do
v. 23). O santuário interno do templo de Salomão também era em
forma de cubo (lRs 6.20). v. 33,34. Os únicos acessórios do Lugar
Santíssimo eram a arca da aliança e a tampa que
ficava sobre a arca. v. 35. Do outro lado do véu, ficava o Lugar
Santo com os seus acessórios, a mesa e o candelabro; havia
lá também um altar de ouro, mas este não é mencionado antes de 30.1-10. v.
36. Essa cortina, por estar mais distante da presença de
Deus, era obra de bordador, e não de artesão. Cf. também as bases
de bronze (v. 37) a esse respeito, v. 37. As bases para
as colunas são citadas em 36.38.Índice: Êxodo 1 Êxodo 2 Êxodo 3 Êxodo 4 Êxodo 5 Êxodo 6 Êxodo 7 Êxodo 8 Êxodo 9 Êxodo 10 Êxodo 11 Êxodo 12 Êxodo 13 Êxodo 14 Êxodo 15 Êxodo 16 Êxodo 17 Êxodo 18 Êxodo 19 Êxodo 20 Êxodo 21 Êxodo 22 Êxodo 23 Êxodo 24 Êxodo 25 Êxodo 26 Êxodo 27 Êxodo 28 Êxodo 29 Êxodo 30 Êxodo 31 Êxodo 32 Êxodo 33 Êxodo 34 Êxodo 35 Êxodo 36 Êxodo 37 Êxodo 38 Êxodo 39 Êxodo 40