Estudo sobre Isaías 1
Estudo do Livro de Isaías
Isaías 1
I. ORÁCULOS PARA JUDÁ E
JERUSALÉM
Os primeiros 12 capítulos
de Isaías contêm tanto um registro dos seus ensinos quanto uma espécie de
relato de um período da sua vida; a maior parte do material é datada
do período inicial do seu ministério. O tema central é a condição moral e
religiosa de Jerusalém; o profeta oferece uma análise penetrante da
Jerusalém em que ele vivia e contrasta a realidade sombria contemporânea
com as glórias futuras que Deus planejou para a cidade. Muitos oráculos
breves foram compilados e colocados em ordem para apresentar esse
contraste de forma completa e eficaz.
1) Jerusalém, presente e
futuro (1.1—5.30)
Os caps. 1—5 não apresentam
nenhum material biográfico; eles servem como prefácio do livro, e chamam
atenção para a seriedade da situação em Judá e Jerusalém. O que o profeta
queria inculcar na mente dos seus contemporâneos de diversas formas
e em diferentes ocasiões é apresentado como um todo ao leitor,
dando-nos um retrato impressionante da sociedade em que Isaías vivia. Para essa
sociedade, o profeta predisse primeiro o castigo e depois a transformação.
a) O título (1.1)
O versículo inicial
apresenta ao leitor o profeta — a sua família, a esfera do seu ministério e a
sua época (v. Introdução). O termo Visão, em vista do seu escopo,
significa algo como “revelação”, em vez de uma única experiência
visionária; é um termo que autentica o profeta e a sua profecia. E provável que
esse título esteja relacionado aos caps. 1—12 somente, em virtude da frase
a respeito de Judá e Jerusalém; os caps. 13—23 são oráculos,
que têm títulos individuais, a respeito de nações estrangeiras.
b) A enfermidade de Judá
(1.2-31)
O capítulo apresenta ao
leitor a situação que defrontou Isaías durante todo o seu
longo ministério; um retrato sombrio dos pecados e deficiências de
Judá é pintado por meio do uso de breves parágrafos da pregação do
profeta. Os v. 7,8 estão relacionados à situação que seguiu a invasão de
Senaqueribe durante o reinado de Ezequias em 701 a.C.; mas não podemos
datar a maioria dos breves oráculos compilados nesse capítulo. Eles
são expressos numa variedade de formas. Os v. 2,3 lembram o tribunal
(os céus e a terra são chamados como testemunhas) e assim
também os v. 18ss (vamos refletir— i.e., apresentem argumentos). Outras partes
do capítulo são lamentos (v. 4-9,21ss); o Ah do v. 4 e
a expressão Vejam como do v. 21 são a linguagem da lamentação. Em
terceiro lugar, há oráculos de desafio direto à nação (v. 10-17,24-31).
O retrato sombrio não é
impessoal nem totalmente sem esperança; repetidamente o profeta faz um
apelo direto a seu povo, para que mudem de atitude e
comportamento. Enquanto a situação exata deixada pelos exércitos de
Senaqueribe era transitória, o futuro político geral para Judá ainda seria
de fraqueza e perigo, invasão e conquista, durante os séculos seguintes; e
a apostasia e as injustiças sociais de Judá também duraram um longo
período. Por isso, a palavra do profeta teve função e relevância em Judá
muito tempo depois do seu contexto original; e, aliás, as suas
palavras constituem um desafio a qualquer comunidade em qualquer época.
1:2-23. Com o intuito de
ampliar a metáfora do profeta, poderíamos descrever os v. 2-9 como o
diagnóstico da enfermidade da nação, os v. 10-23 como a receita para a
cura, e os v. 24-31 como o prognóstico. A enfermidade é dupla: é moral e
religiosa (v. 2ss) e também psicológica (v. 5-9). O relacionamento de amor
entre Deus e o seu povo foi rompido por causa da estupidez e desobediência
voluntária do povo. Isaías ressalta desde o início a santidade de Deus; o Santo de
Israel (v. 4) é uma expressão-chave em todo o livro. O desastre
físico, por outro lado, deve ter sido muito óbvio a todos; Jerusalém
tinha escapado de ser capturada, mas o restante de Judá fora
devastado pelos exércitos assírios. Por meio de comparações muito hábeis,
o profeta retrata de forma muito vívida essa situação (v. 8) e sutilmente
realça a causa moral do desastre com a referência às cidades ímpias de Sodoma
e Gomorra (v. 9,10). Muitos judeus provavelmente consideraram
essa comparação censurável; a nação não estava observando de forma
meticulosa as exigências rituais da adoração a Deus? E verdade, responde
Isaías; mas Deus rejeita toda essa parafernália de observância exterior, a
não ser que seja acompanhada de justiça social e de consideração
pelos desprivilegiados (v. 17). Esse foi um tema constante de todos
os profetas do século VIII (e.g., Os 6.6-10; Am 4.1-5; Mq 3.19ss). É
notável que a acusação de infidelidade total a Deus (prostituta, v. 21) — mais típica de Oseias do que de Isaías —
esteja fundamentada mais na injustiça social do que na idolatria mencionada
anteriormente no v. 29.
O profeta oferece uma
escolha à nação (v. 18ss). Jerusalém e Judá podem ser libertos dos seus pecados
e podem usufruir a prosperidade se (e somente se) a nação escolher
o caminho da obediência (Se vocês estiverem dispostos a obedecer).
Se não, nada além de guerra e invasão pode ser esperado.
1:24-31. Nesse parágrafo,
não há nada condicional; as intenções definitivas e inabaláveis de Deus para
com a sua cidade santa são afirmadas claramente. Os verdadeiros inimigos
(v. 24) de Jerusalém não são externos, mas aqueles dentro da capital que
a esvaziaram de justiça e de procedimentos corretos. Por isso, a
necessidade da cidade não é de paz mas de justiça e de retidão
(v. 27); ela precisa de purgação e purificação, para que possa ser
chamada verdadeiramente de cidade fiel (v. 26). No contexto, redimida
(v. 27) é aproximadamente equivalente a “purificada”. Finalmente faz-se a
acusação de idolatria (v. 29ss); os detalhes mencionados
estão relacionados às práticas cultuais de fertilidade dos cananeus. (O
sentido desses versículos fica ainda mais claro na NTLH.) Isaías
não dá indicação alguma de quando essa transformação deve ocorrer; de
fato, suas palavras são um apelo a seus contemporâneos para que
iniciem a transformação.Índice: Isaías 1 Isaías 2 Isaías 3 Isaías 4 Isaías 5 Isaías 6 Isaías 7 Isaías 8 Isaías 9 Isaías 10 Isaías 11 Isaías 12 Isaías 13 Isaías 14 Isaías 15 Isaías 16 Isaías 17 Isaías 18 Isaías 19 Isaías 20 Isaías 21 Isaías 22 Isaías 23 Isaías 24 Isaías 25 Isaías 26 Isaías 27 Isaías 28 Isaías 29 Isaías 30 Isaías 31 Isaías 32 Isaías 33 Isaías 34 Isaías 35 Isaías 36 Isaías 37 Isaías 38 Isaías 39 Isaías 40 Isaías 41 Isaías 42 Isaías 43 Isaías 44 Isaías 45 Isaías 46 Isaías 47 Isaías 48 Isaías 49 Isaías 50 Isaías 51 Isaías 52 Isaías 53 Isaías 54 Isaías 55 Isaías 56 Isaías 57 Isaías 58 Isaías 59 Isaías 60 Isaías 61 Isaías 62 Isaías 63 Isaías 64 Isaías 65 Isaías 66