Estudo sobre João 21
Estudo sobre o Evangelho de João
João 21
Os dois últimos versículos
do cap. 20, provavelmente, constituíam o fim original do evangelho. O presente
capítulo deve ter sido acrescentado como um apêndice, para esclarecer um
mal-entendido que havia surgido com relação às palavras de Jesus com
respeito ao futuro do discípulo amado (v. 20-23) e para registrar a
restauração de Pedro a uma posição de responsabilidade singular
dentro da Igreja (v. 15-19).
v. 3. Vou pescar
(gr. hypagõ alyein): A construção significa um retorno à
ocupação anterior da pessoa. Visto que cada uma das aparições
pós-ressurreição transmitiu alguma verdade espiritual (cf. comentário de
20.19), assim, aqui, o Senhor ressurreto torna conhecido o seu poder nas
ocupações diárias. Que os homens não pescaram nada, não surpreende, pois
tinham ficado afastados da pesca durante anos! v. 5. Filhos (gr. paidia):
Uma expressão coloquial, v. 6. Lancem a rede do lado direito:
Sejam quais forem as implicações mais profundas dessa ordem, a lição principal
é a de completa obediência ao Mestre, v. 7. E o Senhor!: Só isso já
seria suficiente para sugerir que o evento ocorreu depois
das aparições anteriores, e, além disso, serve para sugerir que as
aparições pós-ressurreição de 20.19ss não necessariamente precisam
ser colocadas antes da ascensão em 20.17. Pedro [...] lançou-se
ao mar. Isso distingue o incidente da pesca miraculosa de Lc 5.1-11.
Ali Pedro está penosamente consciente do seu pecado; aqui, com
alegria e ímpeto, talvez marcados pelo remorso, ele se apressa ao encontro
do Senhor. A intuição rápida de um discípulo e a ação rápida do outro são
típicas, v. 11. cento e cinquenta e três: O número
foi suficientemente significativo para ser registrado. Foi uma pesca
grande, e por isso naturalmente teria sido contada.
Que esse número 153
signifique um de cada espécie (Jerônimo), ou seja uma referência ao total
dos numerais em 10 e 7 — os mandamentos e os dons do Espírito
(Agostinho) —, são sugestões altamente conjecturais, envolvem a alegorização
desnecessária de outros detalhes no capítulo e são, por isso, claramente
infundados. v. 15. você me ama: Nesses versículos, duas palavras
diferentes são usadas para ”amar” (gr. agapaõ e phileõ
respectivamente), mas João, provavelmente, as usa como sinônimos (cf.
3.35, agapaõ com 5.20, phileõ). mais do que estes? (gr. pleion
toutõn): Pode-se entender masculino ou neutro. Mas a intenção é
claramente o masculino; Pedro tinha declarado prontamente que sua lealdade
era confiável. Agora Jesus pergunta: “Você me ama mais do que estes
[discípulos]? v. 18. estenderá suas mãos: Cf. 13.36,37. Isso no final
das contas aponta para a morte, embora possa ser uma referência à sorte de
Pedro ao estar à mercê de outros como mensageiro do evangelho. Mas
então outra pessoa o vestirá, conduzindo-o ao seu martírio, v. 19. Siga-me/:
Jesus convida seus seguidores à lealdade suficientemente verdadeira que
esteja disposta a sofrer a morte. v. 23.
Que a questão do
segundo advento do Senhor era intensa na mente das pessoas na época, é,
sem dúvida, verdadeiro com base no fato de que elas imaginavam ser
possível que um dos discípulos estivesse vivo quando ele voltasse. Mas
Jesus desencoraja esse pensamento, v. 24. Este é o discípulo que dá
testemunho dessas coisas: O discípulo amado tem a responsabilidade de
extrair a verdade das palavras de Jesus, não importa se entendemos que “essas
coisas” se refiram somente aos últimos versículos ou a todo o evangelho. Sabemos
é ou um coletivo indefinido (cf. 1.14) ou uma afirmação conjunta dos
anciãos da igreja de onde João inicialmente escreveu (cf. 3 Jo 12). v.
25. penso que: O uso da primeira pessoa do singular parece estranho
depois do “[nós] sabemos”. Mas há alguma evidência de que esse
versículo foi acrescentado algum tempo depois da composição do evangelho
(o primeiro escriba que copiou o Códice Sinaítico inicialmente omitiu o
versículo em questão, mas o acrescentou mais tarde); podería ser um
comentário inspirado de um dos mais antigos colecionadores dos quatro
evangelhos em um único volume. As palavras são uma hipérbole
suficientemente comum, mas por trás dela está a verdade de que, como
T. R. Glover sugeriu de forma extravagante, não há quatro evangelhos,
mas “dez mil vezes dez mil, e milhares de milhares, e no final cada
um deles diz: ‘Vejam! Estou com vocês sempre até o fim dos tempos’ “.Índice: João 1 João 2 João 3 João 4 João 5 João 6 João 7 João 8 João 9 João 10 João 11 João 12 João 13 João 14 João 15 João 16 João 17 João 18 João 19 João 20 João 21