Apocalipse 3 — Estudo Devocional

Estudo Devocional



Apocalipse 3

3.1 Ao anjo da igreja. Pode referir-se a um guardião espiritual, também poderia se referir ao pastor, que é encarregado de cuidar dos membros da igreja de Jesus (veja 2.1), mas pela mensagem vemos que a carta é dirigida à igreja local como um todo. Sardes. Esta cidade era conhecida por seus cultos pagãos dedicados à deusa Cibele, que incluíam danças, orgias e mutilação do corpo. As pessoas ali levavam uma forma de vida leviana e luxuriosa. Aquele que tem os sete espíritos de Deus. Refere-se a Jesus, que tem plenamente o Espírito de Deus (veja o quadro “Os números no Apocalipse”, Ap 4). e as sete estrelas. Ele tem também todos os ministros de todas as igrejas em suas mãos (1.20). Eu sei o que vocês estão fazendo. Jesus nos conhece muito bem — melhor que nós mesmos — e nos ama, e isto o credencia a nos julgar, dizem que estão vivos. Cristo faz essa contundente afirmação para quebrar a ilusão e o autoengano de quem pensa estar bem: esta é uma igreja que tem fama e se considera cheia de vida, bastante animada ou avivada, de fato, estão mortos. A realidade aos olhos de Jesus é bem diferente de como parece aos olhos humanos. Não há verdadeira vida nesta igreja — ela havia se acomodado tão bem à cultura local que havia perdido sua identidade.
3.2 Acordem. O conselho de Jesus para sua igreja em Sardes é para que abram os olhos: “vocês não estão vendo o que acontece!” A cidade de Sardes era uma cidadela natural, com a defesa de montanhas em suas costas. Mas, por confiarem demais na proteção natural, a vigilância foi relaxada e, assim, a cidade acabou sendo tomada (por Ciro da Pérsia, na época em que o rei de Sardes era Creso, que era muitíssimo rico). A cidade caiu por excesso de autoconfiança. Em Sardes, diferentemente de outras das sete igrejas, não havia perseguição. Também não havia problema com heresias, nem oposição dos judeus. A fama era boa, tinha nome de vida, mas era uma fama vazia, e os membros não enxergavam isso. Talvez essa postura de não incomodar ninguém — o que não provocava nenhuma perseguição — tenha relação com a não inteireza, com a falta de integridade que os estava levando à morte. fortaleçam aquilo que ainda está vivo. A igreja está caminhando para a morte — mas ainda há um resto de vida, que está ameaçado (talvez sendo combatido e sufocado pela própria igreja). O caminho a seguir parece ser o dessa minoria, meio alternativa, dos que não se contaminaram (v. 4), e esses, em vez de combatidos, deveriam ser consolidados e fortalecidos, não está ainda de acordo. O Espírito Santo diz que as obras da igreja não têm qualidade na presença de Deus. As coisas feitas não são feitas “por inteiro”, não têm integridade nem perfeição. A ideia é de um processo de controle de qualidade, em que os produtos todos estão sendo examinados e reprovados, todos com defeito. Não há inteireza, as pessoas não estão ”inteiras” fazendo aquilo. São obras feitas por conveniência, por acomodação aos meios em que se está, “para o gasto”, para cumprir uma obrigação, feitas sem coração, sem qualidade. Obras assim não testemunham de Jesus.
3.3 lembrem do que aprenderam e ouviram. A segunda recomendação é para se lembrarem, não só do que aprenderam, mas também de como ouviram, da atitude com que receberam a pregação do evangelho, a mensagem da salvação. Aquela humildade necessária para seguir orientações poderia salvar essa igreja, que parece estar animada demais para querer ouvir críticas. Obedeçam e se arrependam. Em vez de erguer os olhos, a hora é de baixar a cabeça, reconhecer o erro, mudar a conduta. A pessoa se torna nova criatura em Cristo Jesus através do arrependimento e da experiência da graça de Deus. Se não acordarem, eu os atacarei... como um ladrão. E como se Jesus dissesse: “Eu vou acabar com essa igreja e vocês nem vão perceber que fui eu”. Jesus mostra-nos uma face combativa, não paternalista, confrontando o erro, o que é um ato de amor; ao mesmo tempo, deixa claras as consequências do descaso com suas palavras e exigências. Cristo não tem compromisso com nenhuma igreja local, nem com alguma denominação em especial. O compromisso dele é com a Igreja dele, a verdadeira. Veja o quadro “O arrependimento” (Ap 9).
3.4 alguns de vocês... têm conservado limpas as suas roupas. As roupas geralmente simbolizam nossas obras, as ações que fazemos; o fato de serem brancas representaria pureza nas ações, integridade, não corrupção e alegria. Essas poucas pessoas não se perderam na riqueza da sociedade pagã da cidade, não se corromperam e nem se deixaram levar pela animação geral, mas se mantiveram íntegras, conscientes de seus pecados. Os fiéis a Cristo terão a sua companhia e defesa diante do tribunal divino. Cristo apresenta o nome dos redimidos pelo seu sangue escrito no Livro da Vida
3.7-13 Ao anjo da igreja de Filadélfia. Esta era a cidade mais jovem dentre as sete igrejas mencionadas. Em Filadélfia se praticava o culto pagão a Dionísio, mas o principal problema enfrentado pela igreja era a perseguição por parte dos judeus que se opunham ao evangelho. O fato de a igreja não receber censuras indica uma condição saudável. Jesus é descrito como santo e verdadeiro, em quem se pode confiar porque tem a autoridade para dar acesso ao Reino messiânico. A igreja é descrita como fraca, com pouca força, mas que é obediente à Palavra de Deus, fiel a Cristo em meio a adversidades, paciente e constante. Jesus assegura sua proteção para a hora da provação que virá sobre o mundo, e anima a igreja a permanecer firme. Em contraste, ele traz palavras duras para os que dentre os judeus perverteram a aliança com Deus e deixaram de ser uma bênção a todos os povos. O que vencer receberá três nomes: o nome de Deus, o da cidade de Deus e o nome de Jesus, como sinais de identificação com Deus, de pertinência divina e de ter uma cidadania espiritual.
3.11 Guardem o que vocês têm. Um elogio no sentido de “continuem assim, não mudem”; guardar a Palavra, perseverar em Deus e ser livrado do mal: nossa vitória está guardada em Cristo Jesus.
3.14-21 Ao anjo da igreja de Laodiceia. Já no primeiro século, Laodiceia era conhecida como cidade próspera e economicamente independente. Era um importante centro bancário e têxtil. Esta carta é uma prova irrefutável da grande influência — neste caso, negativa — que as condições socioeconômicas e políticas da sociedade podem exercer sobre a igreja que nela está. Em Laodiceia, Jesus encontrou e denunciou o fenômeno generalizado de adaptação aos valores prevalentes na sociedade rica, consumista e imoral da época. Vocês dizem: 'Somos ricos'. Em vez de viverem segundo o Reino de Cristo, muitos nesta comunidade viviam satisfeitos com as “bênçãos” materiais e conquistas sociais, não se dando conta de sua pobreza e infelicidade — o que é indicativo de imaturidade psicológica e espiritual, possivelmente de adesão ao jogo político e falta de aprofundamento na vivência com Deus. Cristo é Senhor sobre as culturas humanas, e o cristão tem o privilégio de ser semeador de uma nova cultura, nascida do evangelho, que anuncia o Reino de Deus. Eu corrijo... todos os que amo. A mensagem é dada pelo Deus que guarda sua aliança e cumpre suas promessas (Is 65.16), o testemunho fiel e verdadeiro, origem de tudo o que foi criado. Dirigida a uma igreja indiferente, fraca e complacente, é direta: vou logo vomitá-los da minha boca. A mensagem contrasta a atitude orgulhosa e prepotente da igreja de Laodiceia com sua verdade, de pobreza e cegueira moral e espiritual. A igreja é avisada em amor para arrepender-se e voltar para Deus, a abrir seu coração e recomeçar um relacionamento íntimo com ele. Aos vencedores é prometido participarem com Jesus na administração do Reino eterno. Esta carta nos oferece um resumo do amor fiel e determinado de Deus por sua criação, seu povo e sua Igreja.
3.18-19 para que sejam, de fato, ricos. Nossa presença no mundo pode espelhar a vida de Cristo, simbolizada nas vestes brancas; nossa visão da vida pode refletir os valores do Reino de Deus. A Palavra de Deus é o colírio que nos cura de visões distorcidas sobre nós mesmos e sobre a sociedade, e pode transformar nosso estilo de vida de modo a refletirmos a imagem e semelhança do Criador. Todos precisamos de Deus e de nos arrepender dos nossos pecados; quem não reconhece seus pecados e carências acaba se enganando com riquezas falsas. O Senhor através da fé nos dá uma nova visão — Jesus foi fiel ao Pai, submisso à sua vontade e, assim, conquistou a vitória.
3.20-21 Eu estou à porta. Quanta gentileza e sensibilidade tem nosso Senhor! Ele nos busca, sabendo de nossa condição alienada e equivocada, esperando nossas “boas vindas”! Jesus pode partilhar de nossa intimidade pessoal e familiar, desde que o recebamos. Ele jamais nos forçará a aceitá-lo — mas faz um convite para a salvação e para a comunhão eterna. Receba-o!

As sete cartas às igrejas
As sete cartas contêm a chave imprescindível para compreender a simbologia do livro. Alguns destaques:
• O eixo do primeiro amor é a primeira articulação (veja Ap 2.4-5, nota).
A busca visual e “coisificada” da emoção tenta causar a perda da intensidade do primeiro amor.
• Os nicolaítas (aduladores do poder) são a “representação” que tenta tomar o lugar da realidade e da verdade experimentada.
• O comércio expressado através do dinheiro e a acumulação de riqueza são o que dá forma às bestas (ou monstros).
• A prostituição ou imoralidade sexual tenta tomar o lugar da fidelidade.
• O acúmulo de riquezas tenta tomar o lugar da riqueza que existe na pobreza.
• A marca ou sinal (como a da besta) tenta tomar o lugar da individualidade única.