Cabelo — Significado na Bíblia
Cabelo — Significado na Bíblia
Cabelo
“Trança” ou tufo de cabelo, da palavra hebraica sísíí,
“cachos” (Ez 8.3), indicando um estilo informal de arranjar o cabelo;
mahlaphot, “tranças” (Jz 16.13,19) é um estilo de penteado ainda praticado por
alguns povos árabes; pera‘ ou “mechas”, “parte dos cabelos”, “tranças” (Nm 6,5;
Ez 44.20); sammah, “mecha de cabelo”, ou véu de mulher (Ct 4.1 etc.l; qewusot,
“mechas de cabelo" (Ct 5.2,11).
A palavra cabelo é mencionada freqüentemente nas Escrituras,
especialmente com referência à cabeça. A maneira e o costume de pentear o
cabelo variavam consideravelmente entre as nações. Egípcios. Os homens egípcios raspavam o cabelo, exceto nos
períodos de luto. Até a cabeça das crianças era raspada e deixavam algumas
mechas como sinal de juventude. Os escravos, quando trazidos de outros países
para servir na corte, precisavam raspar o cabelo e a barba. Essa é a razão pela
qual José se barbeou antes de se apresentar ao Faraó (Gn 41.14). Entretanto, as
mulheres usavam o cabelo naturalmente longo e trançado, caindo, muitas vezes,
sob 5 forma de cordões até a altura do ombro. As vezes, usavam perucas como
disfarce. O Faraó usava uma barba falsa como símbolo de divindade.
Assírios. Os homens assírios tinham um costume contrário ao
dos egípcios, permitindo que o cabelo e a barba crescessem ao máximo. Às vezes,
encrespavam a barba e aplicavam cabelos falsos para enfeitar a cabeça. Gregos e
romanos. Os gregos admiravam cabelos longos, em homens e mulheres. Acreditavam
que o cabelo era o mais barato dos ornamentos. Porém os costumes variavam.
Primeiro usaram o cabelo longo, depois fizeram um nó e, em um período
posterior, preferiram cabelos curtos. Os romanos, primeiramente, usavam cabelos
longos, mas os homens começaram a usar cabelos curtos cerca de três séculos
antes de Cristo. Também era costume fazer a barba, e usar a barba crescida era
sinal de desleixo e falta de higiene. O trançado ou o frisado do cabelo das
mulheres era um trabalho tão elaborado, que Pedro e Paulo aconselhavam
evitá-lo. (1 Pe 3.3; 1 Tm 2,9).
Hebreus. Os hebreus consideravam o cabelo uma parte
importante da beleza pessoal dos jovens e velnos (Ct 5.11; Pv 16.31). O sexo se
distinguia pelo cabelo longo das mulheres (Lc 7.38; Jo 11.2; 12.3; 1 Co 11.6) e
o freqüente côrte, até um comprimento moderado, dos cabelos dos homens. A ordem
para os sacerdotes, provavelmente acompanhada pelo resto da comunidade, era que
o cabelo deveria ser cortado, isto é, não deveria ser raspado nem ter a
permissão de crescer demasiadamente (Lv 21.5; Ez 44.20). O exuberante cabelo de
Absalão era muito admirado (2 Sm 14.26). Durante o período de seu voto, os
nazireus (q.v.) usavam cabelos longos (Nm 6.5). Os hebreus temiam a calvície,
que era freqüentemente um resultado da lepra (Lv 13.40), e uma das
características que desqualificava os homens para o sacerdócio (Lv 21.5).
Portanto, chamar Elizeu de “calvo” significava um insulto (2 Rs 2.23). Nos
momentos de aflição, o cabelo era completamente raspado (Is 3.17,24; Jr 7.29; 48.37;
Am 8.10).
Jó raspou a sua cabeça no dia de sua aflição (Jó 1,20),
provavelmente como símbolo de sua grande desolação (cf. Is 3.24; 15.2; Jr 7,29).
A cor preta era a favorita e a mais comum para os cabelos (Ct 5.11). Josefo
informa que, ocasionalmente, pulverizavam ouro sobre os cabelos, mas não tinham
o hábito de tingi- los. Os cabelos totalmente brancos representavam a majestade
divina (Dn 7.9; Ap 1.14). Cabelos grisalhos eram considerados belos nos velhos
(Pv 20,29) e muito apropriados à sua idade (Jó 15.10. 1 Sm 12.2; Sl 71.18).
Cachos, naturais ou artificiais, também eram considerados muito belos. Jezabel
enfeitava e adornava a cabeça (2 Rs 9.30) e os cabelos de Sansão eram
trabalhados em sete tranças (Jz 16.13,19). As vezes, colocavam ornamentos sobre
os cabelos, como pentes e grampos, como foi mencionado no Talmude. Os cabelos
também eram freqüentemente un- tados profusamente com óleos perfumados (Rt 3.3;
2 Sm 14.2; Sl 23.5: 45.7; Is 3.24), especialmente para ocasiões festivas (Mt
6.17; 26.7; Lc 7.46). Os barbeiros (q.v.) já existiam desde a antiguidade (Ez
5.1).
A barba recebia os mesmos cuidados do cabelo. Com exceção
dos egípcios, a maioria dos povos asiáticos considerava a barba uma marca da
masculinidade. Os hebreus não raspavam a barba, apenas a aparavam (2 Sm 19.24).
Ela era objeto de um juramento (Mt 5.36), raspada ou arrancada nas ocasiões de
luto (Is 50.6; Jr 41.5; Ed 9.3), negligenciada durante as aflições (2 Sm 19.24),
e um objeto de saudação (2 Sm 20.9). Raspar a barba e todo o cabelo fazia parte
da cerimônia de purificação de um leproso (Lv 14.9). A Lei Mosaica proibia que
alguém “arredondasse os cantos da cabeça, ou danificasse a ponta da barba” (Lv
19.27; 21.5). Isso provavelmente significa que o cabelo não deveria ser cortado
de uma têmpora a outra, formando um círculo, como entre os árabes (cf. Jr 9.26).
O lugar onde o cabelo e a barba se encontravam também não deveria ser raspado.
Outras nações podem ter tido hábitos semelhantes em seu culto idólatra, assim
como um ritual de lamentar ou fazer ofertas em nome dos mortos (Dt 14.1; Jr
16.6), e foi dessa maneira que Deus proibiu que Israel adotasse esses costumes.
Uso figurado. O cabelo representava um grupo inumerável (Sl
40.12; 69.4) e aquilo que tinha o menor valor para um homem (1 Sm 14.45; 2 Sm
14.11; 1 Rs 1.52; Mt 10.30; Lc 12.7; 21.18; Act 27.34). Cabelos brancos ou uma
cabeça grisalha era símbolo do respeito devido à idade avançada (Lv 19.32; Pv
16.31). Era assim que Deus se apresentava antigamente, como um “Ancião de Dias”
(Dn 7.9; cf. Ap 1.14). Por outro lado, raspar a barba significava aflição,
pobreza e desgraça. “Raspar o cabelo” era uma figura usada para denotar a
destruição completa de um povo por Deus (Is 7.20). Os cabelos grisalhos
representavam, em várias passagens, o declínio do reino de Israel (Os 7.9).
A capacidade de o cabelo crescer continuamente tornava-o uma
evidência ou símbolo da vida; portanto, deixar crescer o cabelo simbolizava
dedicar a vida ao Senhor (Nm 6.121־;
Jz 13.5 etc.). Esse tipo de voto trazia as bênçãos e a força de Deus, como no
caso de Sansão. Cortar o cabelo significava que o tempo do voto, se fosse um
voto temporário, havia terminado (Nm 6.18; Act 18.18; 21.23ss.). Muitas vezes,
antes das batalhas, os guerreiros deixavam o cabelo crescer e cair livremente,
talvez como sinal de dedicação à sua divindade em uma guerra santa (Dt 32.42;
veja o comentário sobre Juizes 5.2 na obra Wycliffe Bible Commentary).
E. C. J.