Deuteronômio 28 — Estudo Devocional

Deuteronômio 28 descreve as bênçãos pela obediência e as maldições pela desobediência que cairiam sobre os israelitas ao entrarem e viverem na Terra Prometida. O capítulo descreve vividamente as recompensas de seguir os mandamentos de Deus, incluindo prosperidade, vitória e bênçãos em todas as áreas da vida. Por outro lado, detalha as consequências de se afastar dos caminhos de Deus, o que levaria a dificuldades, derrotas e várias calamidades. Deuteronômio 28 enfatiza o profundo impacto das escolhas e ações, destacando a importância da obediência às leis de Deus. Isso nos leva a considerar os resultados de nossas decisões, tanto individual quanto coletivamente, e nos encoraja a lutar por uma vida caracterizada pela fidelidade, reconhecendo que as bênçãos fluem de nosso alinhamento com a vontade de Deus.

Bênçãos para os obedientes
Levítico 26.3-13; Deuteronômio 7.12-24

28.1-68 se vocês obedecerem… se vocês não derem atenção. Este capítulo é extremamente forte, tanto no que se refere às bênçãos como às maldições. Moisés conclama com veemência os israelitas para que se “tornem” o povo que Deus consagrou para si mesmo, pela atenção à Sua palavra. Andar nos caminhos de Deus significa confiar nele, a ponto de seguir sua orientações e mandamentos. Muitas vezes, ao atingirmos nosso objetivo, seja profissional, familiar, bens materiais, títulos acadêmicos, etc., passamos a viver em função deles e não mais focados em Deus, que tanto nos ajudou a chegar lá. Isso nos leva a ficar surdos à voz de Deus. A palavra latina que corresponde a escutar é “audire”, e escutar com seriedade, prestar atenção, é “oboedire”, ou seja, obedecer (veja a próxima nota). Quando a desobediência toma lugar, a vida passa a ser “ab-surda”, no sentido de fora de tom, dissonante, incongruente. Ser surdo à voz de Deus se torna, em resumo, na ausência de Deus, quando o vazio se instala. O tom forte deste capítulo mostra o quanto viver com ou sem Deus faz diferença na nossa vida, especialmente para o povo de Deus, trazendo bênçãos maravilhosas ou maldições terríveis e assustadoras (veja também Hb 3.7-19, notas).

28.1-14 Se vocês derem atenção. A bênção tem o Senhor como sujeito. Esta é a Sua “obra própria”, própria de Sua pessoa e de Seu caráter, e sua intenção primeira para conosco (tanto que as bênçãos são mencionadas antes das maldições). A maldição e a destruição são Sua obra como “trabalho estranho” (Is 28.21), como reação ao pecado que ameaça a Sua boa criação. Quanto a nós, é importante perceber e aprender que a obediência a que somos chamados não é uma imposição externa, de algo que seria estranho e contrário à nossa natureza. É o contrário: seguir as orientações de Deus é reencontrar o caminho que nos leva de volta à nossa humanidade mais própria, à harmonia com Deus, conosco mesmos, com as outras pessoas e com a natureza. Essa obediência é o que nos leva à liberdade mais autêntica; esse é o caminho da bênção de Deus, que aqui na Velha Aliança se constitui de proteção, segurança material e econômica, paz e crescimento na vida nesta terra.

Castigos para os desobedientes
Levítico 26.14-46

28.15-68 castigados com as seguintes maldições. Todo esse trecho é um grande alerta a respeito das maldições que sobrevirão aos israelitas, e também serve para nos orientar. É como um bumerangue: jogamos e ele acaba voltando. O mal que pensamos e praticamos ganha vida própria e sai atrás de nós, até nos alcançar.

28.16-48 Deus os amaldiçoará. Tudo ao nosso redor fica contra nós, estejamos onde estivermos, na cidade ou no campo. Se vocês abandonarem o Senhor. Não é só ao nosso redor que a maldição nos alcança: também dentro de nós, seja ao modo de confusão mental e psicológica (v. 20) ou de doença física (v. 21-22). A natureza será nossa inimiga (v. 23-24), além dos inimigos humanos, que se fortalecerão (v. 25). Morreremos a morte de animais no campo (v. 26). Doenças e perturbações, físicas e mentais, serão o nosso dia a dia (v. 27-29,34-35). Outros usufruirão o que consideramos nosso (v. 30-33), e assim por diante.

28.36 o rei que tiverem escolhido. Este é o primeiro registro bíblico de que mais tarde este povo teria um rei (justamente por se afastarem de Deus), e que isso não seria uma bênção. Possivelmente foi por isso que Samuel se entristeceu quando o povo pediu um rei (1Sm 8.5).

28.66-68 sempre em perigo. A descrição termina num clímax quase insuportável: a vida estará sempre suspensa por um fio (v. 66). O medo constante os fará desacreditar de tudo, até da própria vida (v. 66). O coração e os olhos conspirarão juntos contra nós (v. 67). E todo o caminho até aqui será desfeito, voltando à condição de escravidão (Egito) da qual fomos libertados no começo desta história. Com um agravante: nem como escravos vão nos querer (v. 68). Quem achar que aqui há um exagero quase grosseiro, é porque provavelmente ainda não viu o bastante. Não prestou atenção suficiente àquilo que na humanidade tantas vezes tem levado às guerras, aos extermínios declarados ou velados. É questão de ficar mais atento/a às condições sub-humanas, tanto físicas como mentais, em que vive boa parte da população mundial, ao sofrimento psíquico e mental que faz tanta gente agonizar em vida. É a este “lado feio” da realidade que o texto bíblico quer nos chamar a atenção. Para que cresçamos em compaixão e solidariedade, para que aprendamos a ouvir “os gemidos angustiados da criação” (Rm 8:22). E para que aprendamos a decidir que não é isso o que queremos.

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