“Cachorro” na Bíblia
CACHORRO
No hebraico,
kehleb, que vem de um termo que
significa “uivar”. No hebraico temos kúon e kunárion, “cão” e “cãozinho”,
respectivamente. O termo hebraico é usado por trinta e uma vezes, de Êxo. 11:7
a Jer. 15:3. Kúon é termo grego usado por cinco vezes: Mat. 7:5; Luc.
16:21; Fil. 3:2; II Ped. 2:22 (citando Prov. 26:11) e Apo. 22:15. Kunárion
é usado por quatro vezes: Mat. 15:26,27; Mar. 7:27,28.
Esse animal
era considerado totalmente impuro para os hebreus, o que significa que, em
Israel, ninguém ficava acordado à noite porque o cão do vizinho estava latindo.
Na Palestina e no Egito, o cão era animal consumidor de carniça,
percorrendo as aldeias e povoados brigando e rosnando por causa de qualquer
alimento que encontrasse. Um cão, embora prefira a carne, come qualquer tipo de
refugo, pelo que está sujeito a muitas doenças, algumas das quais ele pode
transmitir ao homem. O trecho de 2 Reis 9 registra como o cadáver de
Jezabel foi devorado pelos cães. Na história temos provas de que, algumas
vezes, os cadáveres eram lançados aos cães, para serem consumidos por
eles, nas culturas antigas. No Egito, os cães eram muito apreciados.
Parece evidente que o cão foi o primeiro animal a ser domesticado no Egito,
onde era usado de muitos modos pelos caçadores, criadores, etc., servindo
como vigias e companheiros do homem. Israel, portanto, estava bem familiarizado
com o cão; mas, uma vez que escaparam do Egito, os israelitas
não quiseram continuar a amizade com os cães. Mas, visto que
havia cães por toda a parte, os israelitas não conseguiam livrar-se
deles. Restos de corpos de cães têm sido encontrados nas camadas
mais inferiores de Jerico. A arqueologia tem encontrado certa
variedade do greyhound, ou cão de corrida, que já seria domesticado
desde 3000 A.C. Sabemos que em toda a Mesopotâmia, os cães eram muito
estimados. Relevos provenientes da Babilônia retratam cães de diferentes
raças. Os historiadores informam-nos que havia matilhas de cães que viviam
perto das cidades, como se fossem lobos; de fato, cães selvagens viviam
nas proximidades das cidades. Isso significa que havia muitos cães semiselvagens
vivendo perto das cidades, constituindo um perigo às pessoas.
Naturalmente, também havia cães que eram criados como bichos de estimação,
os quais formavam uma elite entre os cães. Em Jó 30:1 há alusão ao cão que guardava
as ovelhas. Isso significa que ou esse livro foi escrito antes do
aparecimento do livro de Levítico, ou então que Jó não era israelita. O
trecho de Isaías 56:10, ao falar sobre os cães mudos, que não sabem
ladrar, sugere a existência de cães que guardavam os rebanhos, protegendo-os
dos ataques dos animais ferozes. Por conseguinte, é possível que alguns
israelitas criassem cães com propósitos especiais, como esse.
As cidades
do oriente Próximo e Médio até hoje são assoladas por imensas matilhas de cães
que passam a noite uivando, algo que é aludido em Salmos 59:6,14. Os
visitantes dos países orientais dizem-nos que essa condição é um descalabro.
Ali, os cães continuam consumidores de carniça. Os árabes evitam cães
soltos pelas ruas, por serem animais imundos.
Usos
Figurados:
1. Pessoas
cruéis são chamadas “cães” (Sal. 22:16,20; Jer. 15:3). Estão em pauta os
cães semi-selvagens que havia nas proximidades das cidades antigas, mais
semelhantes aos lobos, em seus hábitos.
2. Expressões
como “cão”, “cabeça de cão” e “cão morto” eram usadas para indicar
opróbrio ou humilhação, que as pessoas usavam contra outras ou contra si
mesmas (I Sam. 24:14. II Sam. 3:8; 9:8; II Reis 8: 13).
3. Os
gentios, como um povo cerimonialmente impuro que eram, são chamados “cães”
(Mat. 15:26,27). Temos nessa referência a história da mulher siro-fenícia.
O relato mostra-nos que até mesmo pessoas humildes, consideradas impuras
ou imundas, podem participar dos benefícios do evangelho.
4. Os
falsos apóstolos foram chamados “cães” por causa de sua impureza
espiritual e ganância pelo dinheiro (Fil. 3:2).
5. Aqueles
que são excluídos do reino dos céus são chamados ”cães” (Apo. 22:15), o
que é uma referência à sua vileza espiritual, a razão mesma da exclusão
deles.
6. O próprio
Satanás é chamado “cão”, por causa de sua vileza e malignidade (Sal.
22:20).
7. O Cão
nos Sonhos e nas Visões, a. Uma pessoa fiel, em quem se pode confiar, pode
ser representada como um cão. b. Uma pessoa pode apresentar-se em um sonho
mediante a imagem desse animal, talvez repreendendo os seus hábitos
sexuais, c. Um sonho com um cão que uma pessoa possuiu pode representar
aquele período de sua vida, nada tendo de especifico com o próprio cão. d. Uma caçadora,
acompanhada de um cão, pode representar a Anima, um dos arquétipos de
Jung. A Anima é a força feminina em um homem, e. Um cão pode representar
apetites sexuais descontrolados, ou então os aspectos não civilizados da
personalidade de uma pessoa.