João 4 — Comentário Devocional

João 4

Título: “A Mulher no Poço: Água Viva e Adoração Verdadeira.”

Introdução:
João capítulo 4 narra o encontro entre Jesus e uma mulher samaritana no poço de Jacó. Este capítulo explora temas de água viva, adoração verdadeira e a identidade de Jesus como o Messias.

Seção 1: O Encontro no Poço (João 4:1-15)
Jesus e Seus discípulos passam por Samaria, onde Jesus está sentado junto ao poço de Jacó enquanto Seus discípulos vão para a cidade. Uma mulher samaritana chega para tirar água e Jesus conversa com ela. Ele conta a ela sobre a “água viva” que leva à vida eterna, o que desperta sua curiosidade.

Seção 2: Adoração Espiritual (João 4:16-26)
A conversa entre Jesus e a mulher samaritana continua, e Jesus revela que Ele é o Messias. Ele fala sobre a importância da adoração verdadeira, que não está vinculada a um local específico, mas é em espírito e verdade. A mulher reconhece Jesus como profeta.

Seção 3: O Retorno dos Discípulos (João 4:27-38)
Os discípulos voltam e ficam surpresos ao encontrar Jesus conversando com a mulher samaritana. Jesus aproveita esse momento para ensinar Seus discípulos sobre a colheita espiritual e a importância de semear sementes de fé.

Seção 4: Muitos samaritanos acreditam (João 4:39-45)
A mulher samaritana partilha o seu encontro com Jesus com os seus concidadãos e muitos passam a acreditar Nele. Eles convidam Jesus para ficar com eles, e Ele permanece por dois dias, durante os quais mais samaritanos acreditam Nele.

Seção 5: A Cura do Filho do Oficial (João 4:46-54)
Jesus parte de Samaria e chega a Caná, onde um oficial real lhe pede que cure seu filho. Jesus realiza uma cura à distância e a saúde do filho do oficial recupera. Este milagre demonstra a autoridade de Jesus sobre a doença e a distância.

João capítulo 4 sublinha a natureza universal da mensagem de Jesus e a Sua identidade como o Messias. Ensina-nos sobre a água viva da vida eterna que Cristo oferece a todos os que Nele crêem. Além disso, enfatiza que a verdadeira adoração transcende locais físicos e rituais, concentrando-se numa conexão de coração com Deus. Este capítulo também destaca o poder transformador do encontro com Jesus, como pode ser visto na mudança de vida da mulher samaritana e na crença de muitos samaritanos.

Devocional

4.1-3 A oposição já se levantava contra Jesus, especialmente a dos fariseus; eles se ressentiam da popularidade de Jesus e de sua mensagem, que desafiava muitas concepções farisaicas. Por Jesus estar iniciando seu ministério terreno, ainda não era o momento de confrontar abertamente aqueles líderes religiosos. Jesus deixou Jerusalém e viajou para o norte, em direção a Galileia.

4.4 Depois que o Reino do Norte, com sua capital em Samaria, foi derrotado pelos assírios, muitos judeus foram deportados para a Babilônia, e estrangeiros foram levados para colonizar Israel e ajudar a manter a paz (2 Rs 17.24). O casamento misto entre estrangeiros e judeus remanescentes resultou em um povo mestiço que se estabeleceu no Reino do Sul, e era considerado impuro na opinião de judeus etnicamente puros. Estes odiavam aqueles (os samaritanos), porque sentiam que seus compatriotas haviam traído seu povo e sua nação por meio de tais casamentos. Os samaritanos haviam instituído um centro alternativo para adoração no monte Gerizim (4.20), para concorrer com o Templo em Jerusalém, mas aquele havia sido destruído há 150 anos. Face a tantos conflitos, os judeus faziam o possível para evitar viajar pelo território de Samaria. Mas Jesus não tinha razões para viver segundo essas restrições culturais. A rota por Samaria era mais curta, e foi a que Ele tomou.

4.5-7 A fonte de Jacó ficava na terra que originalmente pertenceu a Jacó (Gn 33.18.19). Não havia nela uma nascente, era um reservatório, recebia águas da chuva e do orvalho, recolhendo-as ao fundo. As fontes eram quase sempre localizadas fora da cidade, ao longo da estrada principal. Duas vezes por dia, de manhã e ao anoitecer, as mulheres iam retirar água. Aquela samaritana, no entanto, foi ao meio dia, provavelmente para evitar encontrar-se com pessoas que conheciam sua reputação. Jesus levou àquela mulher uma extraordinária mensagem sobre a fonte e a água pura que podiam saciar a sede espiritual dela para sempre.

4.7-9 Aquela mulher (1) era uma samaritana, fazia parte de um povo mestiço odiado; (2) era conhecida por estar vivendo em pecado; e (3) estava em um lugar público. Nenhum judeu respeitável conversaria com uma mulher sob tais circunstâncias. Mas Jesus o fez, As Boas Novas são endereçadas a todas as pessoas, a despeito de etnia, posição social, cultural ou pecados anteriormente cometidos. Devemos estar preparados para compartilhar o Evangelho em qualquer tempo e lugar. Jesus transpôs todas as barreiras para compartilhar as Boas Novas, e nós, que o seguimos, devemos fazer o mesmo.

4.10 O que Jesus quis dizer com “água viva”? No AT, muitos textos comparam a sede de Deus ã sede de água (SI 42.1. Is 55.1; Jr 2.13; Zc 13.1). Deus é conhecido como a Fonte da vida (SI 36.9) e a Fonte de água viva (Jr 17.13). Ao dizer que poderia dar a água viva que sacia para sempre a sede de uma pessoa em relação a Deus, Jesus afirmou ser o Messias. Somente Ele é capaz de satisfazer o desejo da alma de alguém.

4.13-15 Muitas funções espirituais se assemelham às funções físicas. Nosso corpo sente fome e sede; o mesmo ocorre à nossa alma. A diferença é que a nossa alma precisa de comida e bebida espiritual. A mulher confundiu os dois tipos de água, talvez porque ninguém lhe tivesse falado sobre a fome e a sede espirituais. Não pensamos em privar o nosso corpo de comida e água quando este sente fome ou sede. Por que então privaríamos a nossa alma? A Palavra viva, Jesus Cristo, e a Palavra escrita, a Bíblia Sagrada, podem satisfazer a nossa alma faminta e sedenta.

4.15 A mulher samaritana erroneamente creu que se recebes se a água que Jesus lhe ofereceu, não teria que retornar ã fonte todos os dias. A princípio, ela se interessou pela mensagem de Jesus porque pensou que sua vida seria mais fácil. Mas se a vida fosse sempre assim, as pessoas aceitariam a mensagem de Cristo por razões erradas. Cristo não veio para afastar os desafios, mas para mudar-nos interiormente e capacitar-nos a lidar com os problemas de acordo com a perspectiva de Deus.

A mulher não entendeu imediatamente o que Jesus disse. É necessário algum tempo para que aceitemos algo que muda os fundamentos de nossa vida. Jesus permitiu que a mulher tivesse tempo para fazer perguntas e entender as respostas por si mesma. Compartilhar as Boas Novas nem sempre trará resultados imediatos. Ao aconselhar as pessoas a permitirem que Jesus mude a vida delas, dê-lhes tempo para que examinem a questão.

4.16-20 Quando aquela mulher descobriu que Jesus sabia tudo a respeito da vida particular dela, rapidamente mudou de assunto. Muitas vezes, as pessoas se incomodam quando a conversa se aproxima dos assuntos mais pessoais, e tentam falar sobre qualquer outra coisa. A medida que testificamos, devemos gentil mente levar a conversa de volta a Cristo. Sua presença expõe o pecado e faz as pessoas se aborrecerem, mas somente Cristo pode perdoar os pecados e dar uma nova vida.

4.20-24 A mulher levantou uma questão teológica popular entre judeus e samaritanos: qual o lugar correto para a adoração. Mas tal pergunta era uma cortina de fumaça que tinha a finalidade de manter Jesus longe da mais profunda necessidade dela. Jesus conduziu a conversa a um ponto muito mais importante: o lugar da adoração não ó tão importante quanto a atitude dos adoradores.

4.21-24 A expressão “Deus é Espirito” mostra que Ele não é um ser físico, limitado a tempo e espaço. Ele está presente em todos os lugares e pode ser adorado em qualquer local e a qual quer tempo. O mais importante não é onde adoramos, mas como adoramos o Senhor. A sua adoração é genuína e verdadeira? Você tem a ajuda do Espírito Santo? Como o Espírito nos ajuda a adorar? Ele ora por nós (Rm 8.26), ensina nos as palavras de Cristo (14.26) e garante-nos que somos amados (Rm 5.5).

4.22 Quando Jesus afirmou que “a salvação vem dos judeus”, Ele quis dizer que somente por intermédio do Messias, de linhagem judaica, o mundo todo poderia encontrar a salvação. Deus prometeu que por meio dos judeus a terra seria abençoada (Gn 12.3). Os profetas do Aí conclamaram os judeus a serem uma luz para as outras nações do mundo, levando-lhes o conhecimento de Deus; também profetizaram a vinda do Messias. A mulher na fonte provavelmente conhecia estas passagens e esperava o Messias, mas não percebeu que estava falando com Ele!

4.34 A “comida” sobre a qual Jesus falou era o seu alimento espiritual. Isto inclui mais do que o estudo da Bíblia, a oração e o frequentar uma igreja. O alimento espiritual também está relacionado a fazer a vontade de Deus e participar de sua obra de salvação. Somos alimentados não somente pelo que comemos, mas também pelo que anunciamos a respeito de Deus. O texto em João 17.4 se refere à conclusão da obra de Deus na terra, predita por Jesus.

4.35 Algumas vezes os cristãos se justificam por não testemunharem, dizendo que sua família ou seus amigos não estão prontos para crer. Jesus, no entanto, deixou claro que à nossa volta há uma colheita continua que aguarda para ser ceifada. Não deixe que Jesus o surpreenda em suas desculpas! Olhe à sua volta. Você encontrará pessoas prontas para ouvir a Palavra de Deus.

4.36-38 O prêmio que Jesus oferece é a alegria de trabalhar para Ele e de ver a colheita de cristãos. Este pagamento e dado da mesma maneira ao semeador e ao ceifeiro, porque ambos se sentem felizes por ver novos crentes entrando no Reino de Cristo. A frase “outros trabalharam” (4.38) pode referir se aos profetas do AT e a João Batista, que prepararam o caminho para as Boas Novas.

4.39 A mulher samaritana imediatamente partilhou a sua experiência com outras pessoas. Apesar de sua reputação, muitos aceitaram o convite dela e foram ao encontro de Jesus. Talvez haja pecados em nosso passado dos quais nos envergonhamos, mas Cristo nos transforma. À medida que as pessoas enxergam as mudanças em nós, sentem-se curiosas. Use estas oportunidades para conduzi-las a Cristo.

4.46-49 O oficial do rei aqui mencionado era provavelmente um oficial a serviço de Herodes. Ele deve ter andado aproximada mente 32km para ver o Messias: e tratou Jesus como “Senhor”, colocando-se sob sua autoridade, mesmo tendo autoridade legal sobre Ele.

4.48 Esse milagre foi mais do que um favor a um oficial; foi um sinal para todas as pessoas. O Evangelho de João foi escrito para toda a humanidade, com a finalidade de incentivar a fé em Cristo. O oficial do rei creu que Jesus poderia fazer o que ele pedia, então recebeu um milagre.

4.50 Esse oficial do rei não apenas creu que Jesus poderia curar; também obedeceu ao Mestre, retornando para casa e demonstrando sua fé. Não é suficiente dizer que cremos que Jesus pode cuidar dos nossos problemas. Precisamos agir, a fim de demonstrar que Ele realmente pode. Ao orar por uma necessidade ou por um problema, viva de uma maneira que mostre que você crê que Jesus pode fazer o que diz.

4.51 Os milagres de Jesus não eram um engano dos sentidos, o produto de uma criação ilusória. Apesar de o filho do oficial estar cerca de 32km de distância, foi curado quando Jesus pronunciou sua palavra. A distância não foi problema, porque Cristo tem poder sobre o tempo e o espaço. Nunca seremos capazes de afastar-nos tanto de Cristo, a ponto de Ele não poder mais nos ajudar.

4.53 Observe como a fé do oficial cresceu. Primeiro, ele creu o suficiente para pedir que Jesus ajudasse seu filho. Depois, creu na afirmação de Jesus de que seu filho viveria e agiu de acordo com essa fé. Então, ele e toda sua casa creram em Jesus. A fé é um dom que cresce à medida que o utilizamos!

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