João 7 — Comentário Devocional

João 7

Título: A Festa dos Tabernáculos e a Controvérsia.

Introdução:
O capítulo 7 de João gira em torno da Festa dos Tabernáculos e da controvérsia em torno da identidade e dos ensinamentos de Jesus durante esta festa judaica.

Seção 1: A Incredulidade dos Irmãos de Jesus (João 7:1-9)
À medida que se aproxima a Festa dos Tabernáculos, os irmãos de Jesus encorajam-no a ir a Jerusalém e mostrar-se ao mundo. No entanto, eles não acreditam Nele. Jesus decide ir discretamente à festa.

Seção 2: Jesus Ensina na Festa (João 7:10-36)
Durante a Festa, Jesus começa a ensinar publicamente no templo. Seus ensinamentos geram admiração e polêmica. Alguns acreditam Nele, enquanto outros questionam Suas credenciais como Messias.

Seção 3: Água Viva (João 7:37-52)
No último dia da festa, Jesus se levanta e proclama que quem crê Nele terá rios de água viva fluindo de dentro de si, referindo-se ao Espírito Santo. Esta declaração leva a mais debate e divisão entre a multidão e os líderes religiosos.

Seção 4: A Conspiração dos Fariseus (João 7:53-8:11)
Esta seção inclui a história da mulher pega em adultério, onde os fariseus trazem uma mulher diante de Jesus para testá-lo. Jesus responde com as famosas palavras: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra”. Os fariseus vão embora e Jesus perdoa a mulher.

João capítulo 7 ilustra a crescente tensão e controvérsia em torno do ministério de Jesus. Destaca a divisão entre o povo em relação à Sua identidade como o Messias. Apesar da oposição e do ceticismo, Jesus continua a ensinar e a oferecer a promessa de água viva através da fé Nele. A história da mulher apanhada em adultério demonstra a misericórdia e o perdão de Jesus, enfatizando a importância da graça e da compaixão no Seu ministério. Este capítulo serve como um lembrete de que Jesus não veio para condenar o mundo, mas para oferecer salvação e reconciliação a todos os que acreditam Nele.

Devocional

7.2 A Festa dos Tabernáculos é descrita em Levítico 23.33ss. Ela ocorria em outubro, aproximadamente seis meses após a celebração da Páscoa (6.2-5). Essa festa comemorava os dias em que os israelitas peregrinaram pelo deserto e habitaram em tendas (Lv 23.43).

7.3-5 Os irmãos de Jesus tiveram dificuldade de crer nEle. Mais tarde, alguns deles se tornariam líderes da Igreja cristã, como, por exemplo. Tiago, mas inicialmente ficaram perplexos a respeito de Jesus. Depois que Ele morreu e ressuscitou, final mente creram. Hoje, temos todas as razões para crer porque temos um grande registro dos milagres de Jesus e relatos sobre sua morte e ressurreição. Também temos as evidências daquilo que as Boas Novas têm feito na vida das pessoas ao longo de tantos séculos. Não perca a oportunidade de crer no Filho de Deus!

7.7 Pelo fato de o mundo ter odiado Jesus, nós que o seguimos podemos esperar que muitas pessoas também nos odeiem. Se as circunstâncias estão demasiadamente favoráveis, pergunte a si mesmo se você está seguindo a Cristo como deveria. Devemos ser gratos por nossa vida estar bem, mas precisamos ter a certeza de que o preço desta situação favorável não é uma vida parcialmente cristã ou desviada dos propósitos cristãos.

7.10 Jesus trouxe o maior presente já oferecido; então por que muitas vezes agiu secretamente? Os líderes religiosos o odiavam e muitos rejeitariam o seu presente de salvação, a despeito daquilo que Ele dissesse ou fizesse. Quanto mais Jesus ensinava e operava publicamente, mais aqueles lideres causavam problemas tanto a Ele como a seus seguidores. Desta maneira, era necessário que Jesus ensinasse e operasse o mais rapidamente possível. Hoje, muitas pessoas têm o privilégio de ensinar, pregar e adorar publicamente com pouca perseguição. Estes crentes devem ser gratos e aproveitar ao máximo a oportunidade que têm de proclamar as Boas Novas!

7.13 Os líderes religiosos tinham muito poder sobre o povo em geral. Aparentemente, não podiam fazer muito contra Jesus na época, mas ameaçavam qualquer pessoa que o defendesse publicamente. provavelmente com a excomunhão da sinagoga (9.22), que era, para um judeu, uma punição severa.

Todos comentavam a respeito de Jesus! Mas quando chegou a hora de falar a favor dEle em público, ninguém disse sequer uma palavra. Todos ficaram com medo. Este sentimento pode reprimir o nosso testemunho. Apesar de muitas pessoas falarem a respeito de Cristo na igreja, quando têm a oportunidade do testemunhar publicamente sobre a sua fé, muitas vezes, mostram-se embaraçadas. Jesus disse que nos reconhecerá diante de Deus se o reconhecermos diante dos homens (Mt 10.32). Seja corajoso! Fale a favor de Cristo!

7.16-18 Aqueles que procurarem conhecer e fazer a vontade de Deus conhecerão intuitivamente que Jesus disse a verdade a respeito de si mesmo. Você já ouviu pregadores religiosos e preocupou-se em saber se falavam a verdade? Confronte-os da seguinte forma: (1) as palavras que pregam devem concordar com a Bíblia, não contradizê-la; (2) as palavras dos pregadores devem estar direcionadas a fazer com que as pessoas obedeçam à vontade de Deus, e não a si mesmas.

7.19 Os fariseus empregavam seu tempo na busca da santidade mediante à fidelidade às leis meticulosas que haviam incorporado à lei de Deus. A acusação de Jesus de que eles não guardaram a lei de Moisés feriu-os profundamente. Apesar do orgulho de si mesmos e de suas leis, não cumpriram sequer uma religião legalista, por estarem vivendo muito aquém daquilo que a lei de Moisés exigia. O assassinato era certamente contra a lei. Os seguidores de Jesus deveriam fazer mais do que a lei moral exigia, não incorporando exigências próprias, mas indo além dos requisitos ou das proibições legais, deveriam entender e colocar em prática o espirito da lei.

7.20 A maioria do povo provavelmente não estava ciente da conspiração para matar Jesus (5.18). Um pequeno grupo procurava a oportunidade certa para matá-lo, porém a maioria ainda decidia no que creriam a respeito dEle.

7.21-23 De acordo com a lei de Moisés, a circuncisão deveria ser realizada no oitavo dia após o nascimento de um bebê (Gn 17.9-14; Lv 12.3). Este ritual era realizado em todos os bebês judeus do sexo masculino, para demonstrar a sua participação no povo aliançado com Deus. Se o oitavo dia depois do nascimento fosse um sábado, a circuncisão deveria ser realizada (ainda que fosse considerada um trabalho). Enquanto os líderes religiosos permitiam certas exceções à guarda do sábado, não admitiram que Jesus simplesmente demostrasse misericórdia no sábado àqueles que precisavam de cura.

7.26 Este capitulo mostra as diversas reações das pessoas para com Jesus. Chamavam-no de bom (7.12), de enganador (7.12). de possesso por demônio (7.20). de Messias ou Cristo (7.26): outros consideravam-no o Profeta, cuja vinda havia sido predita por Moisés (7.40). Devemos tomar uma decisão a respeito de quem cremos ser Jesus, sabendo que esta decisão terá consequências eternas!

7.27 Havia uma tradição popular que dizia que o Messias simplesmente apareceria. Mas aqueles que criam nesta tradição eram ignorantes em relação às Escrituras que claramente prediziam o lugar onde o Messias nasceria (Mq 5.2).

7.38 As palavras de Jesus: “Venha a mim e beba" fazem alusão ao tema de muitas passagens bíblicas que falam a respeito das bênçãos vivificantes do Messias (Is 12.2,3; 44.3.4; 58.11). Ao prometer dar o Espírito Santo a todo aquele que crer, Jesus afirmou ser o Messias, pois somente Ele poderia fazê-lo.

Em João 4.10. Jesus usou o termo "água viva” para referir-se ã vida eterna; aqui, como alusão ao Espírito Santo; onde quer que o Espirito Santo seja aceito, traz a vida eterna. Nos capítulos 14 — 16, há outros ensinamentos de Jesus sobre o Espirito Santo, aquele que dana poder aos seguidores de Jesus no Pentecostes (At 2), desde então, o Espirito tem estado disponível a todo aquele que crê em Jesus como seu Salvador.

7.40-44 A multidão perguntava a respeito de Jesus. Alguns acreditavam, outros eram hostis e outros tantos o desqualificavam como o Messias por pensar que Ele fosse de Nazaré, não de Belém (Mq 5.2). Mas Jesus nasceu em Belém (Lc 2.1 -7), apesar de ter crescido em Nazaré. Se tivessem considerado mais cuidadosamente, não teriam chegado a conclusões erradas. Ao buscar a verdade de Deus, tenha certeza de que observa cuidadosa e atenciosamente a Palavra com o coração e a mente abertos. Não tire conclusões precipitadas; procure conhecer melhor a Bíblia Sagrada.

7.44-46 Apesar de os romanos governarem a Palestina, deram aos líderes religiosos judeus autoridade sobre assuntos cíveis e religiosos de menor importância. Os líderes religiosos supervisionavam os guardas do Templo e davam poder aos oficiais para prender qualquer pessoa que causasse perturbação ou infringisse qualquer uma das leis cerimoniais judaicas. Pelo fato de os líderes terem criado centenas de leis insignificantes, era quase impossível para alguém, mesmo para os próprios líderes, não infringir, negligenciar ou ignorar ao menos algumas delas. Mas os guardas do Templo não puderam encontrar uma razão para prender Jesus e, à medida que procuravam alguma evidência que o desabonasse, não podiam deixar de ouvir as palavras maravilhosas que Ele dizia.

7.46-49 Os líderes judeus viam-se como um grupo de elite e como os únicos detentores da verdade; resistiram à palavra de Cristo, porque, em primeiro lugar, não era a deles. É fácil pensar que somos os donos da verdade e que aqueles que não concordam conosco são tolos, mas a verdade de Deus está disponível a todos. Não imite o egoísmo e as atitudes mesquinhas dos fariseus.

7.50-52 Esta passagem fornece uma compreensão adicional a respeito de Nicodemos, o fariseu que visitou Jesus à noite (cap. 3). Aparentemente ele tinha se tornado um crente secreto. Como a maioria dos fariseus odiava Jesus e queria matá-lo. Nicodemos arriscou sua reputação e sua alta posição ao pronunciar-se a favor do Mestre. Sua afirmação foi ousada e os fariseus imediatamente suspeitaram de sua crença. Depois da morte de Jesus, Nicodemos levou especiarias para ungir o corpo dEle (19.39). Esta é a última vez que Nicodemos é mencionado nas Escrituras.

7.51 Nicodemos confrontou os fariseus por falharem em cumprir as próprias leis. Eles ficaram desconcertados. Os guardas do Templo voltaram impressionados com Jesus (7.46), e Nicodemos defendeu o Mestre. Com seus motivos hipócritas expostos e seu prestigio desgastado, os fariseus começaram a agir para se protegerem. O orgulho interferia na capacidade de raciocínio deles; logo se tornariam obcecados para livrarem-se de Jesus apenas para defenderem sua posição. O que era bom e correto já não importava mais para os líderes religiosos.

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