Mateus 4 — Comentário Devocional

Mateus 4

4.1 O Diabo, também chamado Satanás, tentou Eva no jardim do Éden e Jesus no deserto. O adversário é um anjo caído. Ele é um ser real, não fictício, e luta constantemente contra aqueles que seguem e obedecem a Deus. As tentações de Satanás são constantes; ele está sempre tentando fazer-nos viver a seu ou ao nosso modo, ao invés de ao modo de Deus. Sabendo que, um dia, Jesus reinará sobre toda a criação, o Diabo tentou fazer com que Ele antecipasse seu reinado. Se Jesus tivesse cedido, sua missão terrena — morrer por nossos pecados, para salvar e dar-nos a oportunidade de ter a vida eterna — estaria perdida. Quando as tentações parecerem especialmente fortes ou quando você pensar que pode ponderar e ceder, considere a possibilidade de Satanás estar tentando bloquear os propósitos de Deus para a sua vida ou para a vida de outra pessoa.

4.1ss Esta tentação por parte do Diabo nos mostra que Jesus era humano. Ela foi uma oportunidade para Jesus reafirmar o plano de Deus quanto a seu ministério. Também nos indica o quo fazer quando formos tentados. A tentação de Jesus foi uma demonstração importante de sua pureza, pois Fie não pecou. Enfrentou a tentação e não cedeu.

4.1ss Jesus foi tentado pelo Diabo, mas nunca pecou! Embora possamos nos sentir impuros depois de sermos tentados, devemos lembrar que a tentação em si não é pecado. Pecamos quando cedemos e desobedecemos a Deus. Lembrarmo-nos disto nos ajudará a desviar da tentação.

Jesus não foi tentado dentro do Templo ou em seu batismo, mas no deserto, onde se sentia cansado, só e faminto, quando estava mais vulnerável. O diabo frequentemente nos tenta nestas condições, quando estamos sob tensão física ou emocional (solitários, cansados, ponderando grandes decisões ou em dúvida). Mas ele também procura tentar-nos em nossos pontos fortes, naqueles em que estamos mais propensos ao orgulho (ver a nota sobre Lc 4.3ss). Devemos guardar-nos contra os ataques do inimigo em todos os momentos.

4.1-10 As tentações do Diabo tiveram como foco três áreas cruciais: (1) a física, representada pela necessidade de comer, satisfazer o desejo de saciar a fome; (2) a emocional, representa da por uma necessidade de segurança; (3) a psicológica, representada pelo orgulho, fazer-se superior a Deus corno intentou o Diabo (ver 1 Jo 2.15,16). Mas Jesus não cedeu. O texto em Hebreus 4.15 diz que Jesus “em tudo foi tentado, mas sem peca do”. Ele sabe em primeira mão o que experimentamos, está disposto e é capaz de ajudar-nos em nossas lutas. Quando você for tentado, recorra a Ele, peça lhe forças.

4.3, 4 Jesus estava com fome e fraco depois de jejuar por 40 dias, mas escolheu não usar seu poder divino para satisfazer o sou desejo natural por comida. Comer quando se está faminto é bom. mas o momento era errado. Jesus estava no deserto para jejuar, não para fazer urna refeição. Pelo fato de ter desistido do uso ilimitado e independente de seu poder divino, a fim de experimentar completamente a humanidade, Jesus não usou seu poder para transformar as pedras em pão. Nós também podemos ser tentados a satisfazer um desejo perfeitamente normal de um modo errado ou no momento errado. Se nos entregarmos ao sexo antes do casamento ou se roubarmos para conseguir comida, estaremos satisfazendo cie modo errado os desejos que nos foram dados por Deus. Lembre-se: muitos de seus desejos são normais e bons, mas Deus quer que você os satisfaça da maneira certa e no momento certo.

Jesus pôde resistir a todas as tentações do Diabo porque não apenas conhecia as Escrituras, mas também as obedecia. Em Efésios 6:17, é dito que a Palavra de Deus ó uma espada que devo ser usada no combate espiritual. Conhecer os versículos bíblicos é um importante passo para nos ajudar a resistir aos ataques do Diabo, mas também devemos obedecer á Palavra de Deus. Note que Satanás havia memorizado as Escrituras, mas falhara em obedecê-las. Conhecer e obedecer à Palavra nos ajuda a fazer a vontade de Deus, ao invés de satisfazer a vontade do Diabo.

4.5 O Templo era o centro religioso da nação judaica c o lugar onde o povo esperava que o Messias se manifestasse (Ml 3.1). Foi restaurado por Herodes o Grande, que tenha a esperança de ganhar a confiança dos judeus. O Templo era o edifício mais alto da área; o "pináculo" era provavelmente um muro que se projetava da encosta, com vista para o vale. Deste ponto, Jesus podia ver toda a Jerusalém atrás de si e quilômetros à sua frente.

4.5-7 Deus não é um mágico no céu, pronto para apresentar-se a nosso pedido. Em resposta às tentações de Satanás. Jesus disse que não se deve tentar a Deus (Dt 6.16). Talvez você deseje pedir a Deus que faça algo para provar sua existência ou seu amor por você. Mas lembre-se, certa vez, Jesus ensinou por meio de uma parábola que as pessoas que não creem no que está escrito na Bíblia, não crerão ainda que alguém volte dos mortos para adverti-las! (Lc 16.31). Deus quer que vivamos por fé. não por mágica. Não tente manipular Deus, pedindo-lhe sinais.

4.6 O Diabo usou as Escrituras para tentar convencer Jesus a pecar! Às vezes, amigos ou colegas procuram apresentar-nos razoes atraentes e convincentes, para que façamos algo que sabemos ser errado. Eles podem até encontrar versículos bíblicos que pareçam sustentar os pontos de vista. Estude a Bíblia cuidadosamente, especialmente os contextos mais amplos que envolvam certos versículos, de forma que entenda os princípios de Deus para a vida e o que Ele quer para você. Apenas quando entendemos a Palavra como um todo, poderemos reconhecer os erros de interpretação nas situações em que alguém usa versículos fora do contexto, torcendo o significado, para provar a concepção pessoal que tem sobre um determinado assunto.

4.8-9 O Diabo teria poder para dar as nações do mundo a Jesus? Deus, o Criador do mundo, não teria o controle sobre elas? O Diabo pode ter mentido sobre a grandeza de seu poder ou fundamentado sua oferta no controlo temporário que tem do mundo, por causa do pecado do homem, mas Jesus foi tentado a tornar-se o governante politico das nações naquele exato momento, a fim de não executar seu plano de sal var a humanidade do pecado. Satanás estava tentando encobrir a visão de Jesus, para que Ele enfocasse o poder terreno, não o plano do Deus.

4.8-10 O Diabo ofereceu o mundo inteiro a Jesus, desde que Ele “apenas’’ se ajoelhasse e o adorasse. Hoje, o Diabo nos oferece o mundo, tentando envolver-nos pelo materialismo, na busca pelo poder. Podemos resistir às tentações do mesmo modo que Jesus o fez. Se você não almeja algo que o mundo oferece, cite as palavras de Jesus ao Diabo: “Ao Senhor, teu Deus adorarás e só a ele serviras”.

4.11 Anjos têm um importante papel como mensageiros de Deus. Estes seres espirituais serviram a Jesus na terra: (I) anunciaram seu nascimento a Maria. (2) tranquilizaram José sobre a idoneidade de Maria, (3) declararam a José e a Mana o nome que deviam dar-lhe. (4) anunciaram o nascimento do Messias aos pastores, (5) protegeram o Filho de Deus, enviando sua família para o Egito, e (6) ministraram a Jesus no Getsêmani. Para obter mais informações a respeito de anjos, veja a nota 1.20.

4.12, 13 Jesus se mudou de Nazaré para Cafarnaum. que ficava aproximadamente 32 quilômetros ao norte. Cafarnaum se tornou a base de seu ministério na Galileia. Jesus provavelmente se mudou (1) para afastar-se da intensa oposição que havia em Nazaré. (2) para causar um impacto sobre um numero maior de pessoas (Cafarnaum era uma cidade onde havia muitas atividades — as Boas Novas poderiam alcançar mais pessoas e divulgar-se mais depressa), e (3) para utilizar recursos e apoio extras em seu ministério. A mudança de Jesus cumpriu a profecia em Isaías 9.1.2: o Messias seria uma luz em Zebulom e Naftali, cidades na região da Galileia, onde Cafarnaum estava localizada. Em Zebulom e Naftali estavam duas das 12 tribos originais de Israel.

4.14-16 Citando o livro de Isaías, Mateus continuou a relacionar o ministério de Jesus ao AT. Isto era útil para seus leitores judeus, que estavam familiarizados com estas Escrituras. Além disso, demonstra a unicidade dos propósitos de Deus ao trabalhar por e com o seu povo em todas as épocas.

4.17 A expressão “Reino dos céus” tem o mesmo significado de “Reino de Deus”, empregada por Marcos e Lucas. Mateus usou aquela expressão porque os judeus, em meio a sua intensa reverência e respeito, não pronunciam o nome de Deus. O Reino dos céus está perto, porque chegou ao nosso coração. Para obter mais informações sobre o Reino dos céus, veja a nota sobre Mateus 3.2.

4.17 Jesus iniciou seu ministério com a mesma mensagem que o povo tinha ouvido João Batista pregar: “Arrependei-vos dos vossos pecados”. A mensagem hoje é a mesma. Tornar-se um seguidor de Cristo implica abandonar o egocentrismo e o desejo de controlar a própria vida: é aceitar a mudança o passar a vivê-la de acordo com a direção e o controle de Cristo.

4.18 O mar da Galileia é na realidade um grande lago, em torno do qual, na época, havia cerca de 30 cidades pesqueiras. Cafarnaum era a maior delas.

4.18-20 Jesus disse a Pedro e a André que deixassem de ser pescadores de peixes e passassem a “pescar” pessoas, ajudando-as a encontrar a Deus. Jesus os chamou para abandonarem o comércio produtivo e serem espiritualmente produtivos. Todos nós precisamos “pescar almas”. Se praticarmos os ensinamentos de Cristo e compartilharmos as Boas Novas com as outros, poderemos atrair os que estão a nossa volta para Jesus, como um pescador atrai os peixes com o auxílio de iscas.

4.19, 20 Pedro e André já conheciam Jesus. Ele já havia falado com eles (Jo 1.35-42), quando pregara naquela região. Ao serem chamados por Jesus, sabiam que tipo de homem Ele era e estavam dispostos a segui-lo. Pedro e André não estavam em um “transe hipnótico” quando decidiram seguir Jesus, estavam completamente convencidos de que esta atitude lhes mudaria a vida para sempre.

4.21, 22 Tiago, João, Pedro e André foram os primeiros discípulos convocados por Jesus para trabalhar com Ele. O chama do do Mestre motivou esses homens a levantarem-se e deixarem seus afazeres imediatamente. Eles não deram desculpas, dizendo que o momento não era o mais adequado. Partiram imediatamente e seguiram no. Jesus chama a cada um de nós para o seguirmos. Quando Ele nos chama para servi-lo, devemos agir como aqueles discípulos, imediatamente.

4.23 Jesus ensinou, pregou e curou. Estas foram as três principais atividades de seu ministério. O ensino demonstra a preocupação de Jesus com o entendimento: a pregação, com o compromisso; e a cura, com a saúde e o bem-estar das pessoas. Os milagres de cura autenticavam os ensinamentos e a pregação de Jesus, provando que Ele verdadeiramente é o Messias enviado por Deus.

4.23 Jesus logo desenvolveu um poderoso ministério de pregação, e frequentemente ensinava nas sinagogas. A maioria das cidades em que havia dez ou mais famílias judias tinha uma sinagoga, edifício que servia de lugar para reunião religiosa aos sábados e como escola durante a semana. O líder da sinagoga pregava e administrava. Além dos sermões, seu trabalho era encontrar e convidar mestres para ensinar e pregar. Era habitual convidar mestres em visita, corro Jesus.

4.23, 24 Jesus pregou o evangelho a todos os que quiseram ou vir. As Boas Novas são de que o Reino dos céus chegou. Deus está conosco e cuida de nós. Cristo pode curar-nos não apenas de enfermidades físicas, mas também da espiritual. Não existe peca do e problema grande ou pequeno demais que Ele não possa resolver. As palavras de Jesus são boas novas, porque oferecem liberdade, esperança, paz no coração e vida eterna com Deus.

4.25 A Decápolis era composta de dez cidades gentílicas a leste do mar da Galileia, que se associaram com a finalidade de melhorar suas atividades comercia s e garantir defesa mútua. Lã, falava-se muito a respeito de Jesus, por isso, tanto judeus como gentios percorriam grandes distâncias para ouvi-lo.

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