Estudo sobre Apocalipse 3:9
Apocalipse 3:9
A palavra de consolo e exortação começa com o segundo “eis” (duas vezes nos v. 8,9), um termo que ressalta a autoridade singular da promessa divina: Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem. – Essa metade do versículo pode remeter a Ap 2.9. Também em Isaías o nome honorífico é retirado de Israel, em certas situações: “vós, príncipes de Sodoma… vós, povo de Gomorra” (Is 1.10). Em Is 1.21, Jerusalém é uma “prostituta”, cheia de “assassinos”. Da mentira de Israel fala o trecho Is 28.15-17, cf. 30.9-11; 59.13. Agora é novo o anúncio da conversão de judeus em Filadélfia: eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei. Boa parte da frase encontra-se em Is 60.14 e em Is 43.4. Além do mais, está saturado de palavras ou ideias preferenciais do livro de consolação de Isaías.
É evidente que o Apocalipse faz uso desses elementos novamente de forma bem independente (cf. p. ex., Ap 1,7 e qi 23). Agora não são os judeus os procurados como alvo da peregrinação dos povos e reconhecidos como os amados por Deus, mas eles mesmos se põem a caminho, vêm à igreja formada de judeus e gentios, e reconhecem-na como o verdadeiro povo de Deus. A reivindicação dessa comunidade com a pequena força não era presunçosa. Cristo mesmo assume a iniciativa de oferecer a prova dela de modo arrasador.
Ecoa outra vez uma afirmação básica sobre a natureza da igreja, que já foi antecipada em Ap 1.5. Sua essência é ser amada junto de Deus e Jesus. Ser amado não é ser amável. Não é a qualidade da igreja que leva os judeus a se ajoelharem, mas (enfaticamente) “ele, sim ele”, o Senhor amoroso.
Observe-se que nesse ponto não se está falando de que na vinda de Jesus todos os judeus reconhecerão a verdade. Está sendo anunciada a conversão de alguns judeus. Constantemente alguns judeus isolados abraçarão a fé, o que será uma imponente experiência de consolo para a igreja. Os mais severos críticos a cercam, não achando ela resposta para a dolorosa pergunta: “Como podemos saber que tu nos amas?” (Ml 1.2 [Bíblia na Linguagem de Hoje]). Ao mesmo tempo, fica evidente como a designação “sinagoga de Satanás” não deve ser entendida: ela não significa maldição de todos os judeus. Os membros da sinagoga não foram descartados, tão pouco como Pedro estava descartado quando o Senhor lhe declarou: “Arreda, Satanás!” (Mt 16.23).