Estudo sobre Apocalipse 4:1
Estudo sobre Apocalipse 4:1
Apocalipse 4:1
O primeiro versículo do cap. 4 começa e termina com “depois”. Desta forma, o leitor praticamente percebe que está transpondo um degrau. João concluiu o escrutínio do presente. Agora ele se liga à segunda parte de sua incumbência em Ap 1.19: a visão do futuro. Até Ap 22.3 a figura central desta visão será “o trono de Deus”. Em Ap 1.4 e 3.21 ele fora mencionado, agora, porém torna-se o centro de dois capítulos fundamentais.
Depois destas cousas, olhei, e eis… uma porta aberta no céu. A fala do céu aberto aparece pela primeira vez em Ez 1.1 e pressupõe que ele estava fechado. Portanto, o poder de Deus está ausente, o diabo tem a primazia. Sob este céu fechado o povo de Deus lamenta: “Tornamo-nos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste e como os que nunca se chamaram pelo teu nome. Oh! Se fendesses os céus e descesses! […] para fazeres notório o teu nome aos teus adversários” (Is 63.19–64.2). Na estiagem espiritual cresce a esperança por uma abertura do céu no fim dos tempos por meio do Messias (Ap 3.7; Jo 1.51). Desta abertura voltará a jorrar a realidade de Deus. Dela procedem igualmente no Apocalipse ordens, juízos, anjos e o cavaleiro branco (Ap 19.11) – tudo isto para restabelecer a soberania de Deus na história.
O céu aberto, porém, não apenas libera acontecimentos, mas também entendimento. Em decorrência, Ezequiel e João tornam-se profetas. Eles contemplam a realidade originária. João deve primeiramente fartar-se com a contemplação do trono de Deus, antes de ver o drama que, em parte, é da mais espessa escuridão. E nos leitores visa-se lançar um fundamento inabalável no que se refere ao que há de vir.
Aprofunde-se mais!
Depois de dois capítulos João volta a estabelecer ligação com Ap 1.10, sublinhando desta forma o novo enfoque: a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo. Novamente se evoca a potência ensurdecedora da voz do anjo, agora expressamente com a consequência imediata de que João caiu num estado de iluminação profética (v. 2). Do céu aberto (cf. Ap 10.8) ouve-se: Sobe para aqui. Em Ap 1.11, para ver, o profeta tinha de realizar tão somente uma mudança de direção, aqui, uma mudança de lugar, pois agora não se trata mais de vislumbrar o presente, mas o futuro, precisamente aquele futuro que vem sobre nós a partir do trono de Deus. É por isto que João precisa assentar-se no limiar do céu aberto. Com certeza a maneira diferente de exposição na unidade principal seguinte está relacionada com a nova localização, bem como com o novo tema do profeta. Esta nova maneira é que dificulta tanto a interpretação: tudo se torna mais codificado e enigmático.
Cabe distinguir a subida do profeta da ascensão do Messias (At 2.34; Jo 6.62; 20.17; Ef 4.8-10; cf. também Ap 11.12). Em seu corpo João permanece na terra, mas algumas de suas funções são sobrelevadas. São parcialmente revogadas as proibições de ver – nenhum ser humano pecador tem permissão de ver a Deus! – e de ouvir (cf. 2Co 12.4). Por isto a subida do profeta significa uma graça extraordinária.