Apocalipse 1 — Estudo Teológico das Escrituras
Apocalipse 1
1.1 Revelação. O termo grego do qual a palavra “apocalipse” provém significa, literalmente, “desvendar ou revelar”. Quando se refere a uma pessoa, significa que ela se torna claramente visível (veja Introdução: Título; cf. Lc 2.30-32; Rm 8.19; 1 Co 1.7; 1 Pe 1.7). Jesus Cristo. O s Evangelhos desvendam a vinda de Cristo em humilhação; Apocalipse o revela na exaltação: 1) em ardente glória (vs. 7-20); 2) sobre sua igreja, com o Senhor dela (caps. 2—3); 3) na sua segunda vinda, com o aquele que retoma a terra do usurpador, Satanás, e estabelece o seu reino (caps. 4—20); e 4) dá início ao estado eterno (caps. 21—22). Os escritores do NT ansiosamente antecipam esse desvendamento (1Co 1.7; 2Ts 1.7; 1Pe 1.7). Deus lhe deu. Com o recompensa da perfeita submissão e expiação de Cristo, o Pai agora o presenteia com a grande crônica de sua futura glória (cf. Fp 2.5-11). O s leitores espreitam a dádiva desse livro do Pai para seu Filho, breve. O significado primário dessa palavra (lit., “logo”); cf. 2.5,16; 3.11; 11.14; 22.12; 2Tm 4.9) sublinha o iminente retorno de Cristo. 1.3 Bem-aventurados. Esse é o único livro bíblico que vem com uma bênção para aquele que ouve a leitura e explanação do mesmo e, então, responde com obediência. Essa é a primeira das sete bem-aventuranças do livro (v. 3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6; 22.7,14). o tempo está próximo. “Tem po” se refere a épocas, eras ou estações. A próxima grande época da história redentora de Deus está iminente. Porém, embora a vinda de Cristo seja o próximo acontecimento, este pode ser adiado por tão longo tempo que as pessoas começarão a questionar se ele algum dia virá (cf. M t 24.36-39; 2Pe 3.3-4).1.4 sete igrejas que se encontram na Ásia. A Ásia Menor, equivalente a atual Turquia, era composta de sete distritos. No centro desses distritos havia sete cidades-chave, que serviam com o pontos centrais para a disseminação de informação. É para as igrejas dessas cidades que João escreve, que é, que era e que há de vir. A eterna presença de Deus não é limitada pelo tempo. Ele sempre esteve presente e virá no futuro, sete Espíritos. Há dois sentidos possíveis: 1) referência à profecia de Isaías concernente ao sétuplo ministério do Espírito Santo (Is 11.2); ou 2) mais provavelmente é uma referência ao candeeiro com sete lâmpadas (o menorá) em Zacarias - e também uma descrição do Espírito Santo (veja notas em 4.5; 5.6; Z c 4.1-10). Em cada caso, sete é o número da perfeição; assim, joãos está identificando a plenitude do Espírito Santo.
1.5 o Primogênito. D e todos os que foram ou serão ressuscitados dos mortos, ele é o proeminente, o único herdeiro legal (cf. 3.14; SI 89.27; Cl 1.15). 1.6 reino, sacerdotes. Mais precisam ente, “um reino e sacerdotes”. Todos os que creem vivem na esfera do governo de Deus, um reino no qual se adentra pela fé em Jesus Cristo. E com o sacerdotes, os crentes têm o direito de se colocar na presença de Deus.
1.7 vem com as nuvens. Isso ecoa a promessa de Daniel: o Filho do Homem virá com as nuvens do céu (Dn 7.13) — não com nuvens com uns, mas nuvens de glória. No AT, Deus muitas se manifestou com o uma luz poderosa e ardente, chamada de shekiná ou nuvem de glória. Ninguém podia vê-la plenamente e permanecer vivo (Êx 33.20), por isso tinha que ser velada. M as quando Cristo retornar, a glória será totalmente visível. Cf. M t 24.29-30; 25.31; veja notas em 6.12-17. O traspassaram. Não se refere aos quatro soldados romanos envolvidos na crucificação, mas aos judeus que foram os verdadeiros responsáveis pela morte de Cristo (At 2.22-23; 3.14-15). Zacarias identificou os que traspassaram Cristo com o “a casa de Davi” e profetizou que eles chorarão lágrimas de verdadeiro arrependimento pelo que fizeram ao seu Messias (Z c 12.10). tribos... lamentarão. O lamento do restante dos habitantes da terra não é o mesmo que acompanha o arrependimento genuíno (cf. 9.21), mas o resultado da culpa pelo pecado e do medo da punição (6.16; cf. Gn 3.8-10).
1.8 Alfa e Ômega. Estas são a primeira e a última letras do alfabeto grego. Um alfabeto é um meio engenhoso de armazenar e comunicar conhecimento. As letras do alfabeto, combinadas num número quase infinito de combinações, podem conter e transmitir todo o conhecimento. Cristo é o alfabeto supremo e soberano; não há conhecimento fora do seu, de modo que não há fatores desconhecidos que possam sabotar a sua segunda vinda (cf. Cl 2.3). o Todo-Poderoso. “Deus, o Todo-Poderoso” é uma expressão que ocorre oito vezes em Apocalipse, reforçando o fato de que o poder de Deus é supremo sobre todos os acontecimentos cataclísmicos que o livro registra (veja também 4.8; 11.17; 15.3; 16.7,14; 19.15; 21.22). Ele exerce controle soberano sobre cada pessoa, objeto e acontecimento, e nenhuma molécula no universo está fora do seu domínio.
1.9-18 Essa visão de Cristo se equipara em grandeza som ente à visão do retorno final dele com o Rei dos reis e Senhor dos senhores (19.11-16).
1.9 na tribulação, no reino e na perseverança. João e seus leitores com partilham quatro características: 1) são perseguidos por causa da fé que professam; 2) são membros da com unidade redimida sobre a qual Cristo reina com o Senhor e Rei; 3) uma ansiosa antecipação da glória do futuro reino milenar de Cristo sobre a terra; e 4) tolerância e perseverança apesar dos tempos difíceis, ilha chamada Patmos. Localizada no mar Egeu, distante da costa da Ásia Menor (atual Turquia) e parte de um arquipélago de 50 ilhas, Patmos é uma ilha deserta, rochosa e escarpada, que mede c. 16 km de comprimento e menos do que 10 km de largura no seu ponto mais largo. Servia de colônia penal romana. Segundo o antigo historiador cristão Eusébio, o imperador Nerva (96-98 d.C.) libertou João de Patmos.
1.10 em espírito. Isso não foi um sonho. João foi sobrenaturalmente retirado do mundo material enquanto acordado — não dormindo — para uma experiência além dos sentidos normais. O Espírito Santo habilitou os sentidos dele para receber revelação de Deus (cf. At 10.11). dia do Senhor. Essa expressão aparece em muitos escritos cristãos primitivos e se refere ao domingo, o dia da ressurreição do Senhor. Alguns têm sugerido que essa expressão se refere ao “Dia do SENHOR”, mas o contexto não apoia essa interpretação, e a forma gramatical da expressão “dia do Senhor” é adjetiva; portanto, “o dia do Senhor”, grande voz. Por todo o livro de Apocalipse, um grande som ou voz indica a solenidade do que Deus está para revelar.
1.11 livro. A palavra grega se refere a um rolo ou pergaminho fabricado de papiro, uma cana que cresce em abundância ao longo do Nilo.
1.12 candeeiros. Tratava-se de candeeiros de ouro portáteis que sustentavam lâmpadas de óleo. Cada candeeiro representava uma igreja (v. 20), da qual a luz da vida resplandecia. Na Escritura, sete é o número da perfeição; portanto, esses sete candeeiros são representativos de todas as igrejas.
1.13 filho de homem. De acordo com os Evangelhos, esse é o título que Cristo mais vezes usou para referir-se a si durante o seu ministério terreno (81 vezes nos Evangelhos). Tomado da visão celeste de Dn 7.13, implicava reivindicação de divindade, vestes talares. A maioria das vezes que essa palavra ocorre na Septuaginta, o AT em grego, se refere às vestes do sumo sacerdote. A cinta de ouro sobre o seu peito completa o quadro de Cristo servindo na sua função sacerdotal (cf. Lv 16.1-4; Hb 2.17).
1.14 Brancos como alva lã. “Branco” não se refere à cor branca como tal, mas à uma luz branca, resplandecente e ardente (cf. Dn 7.9). Como a nuvem de glória (ou Shekinah), é um retrato da santidade de Deus olhos... de fogo. Como dois lasers, os olhos do Senhor exaltado contemplam com penetrante olhar as profundezas de sua igreja (2.18; 19.12; Hb 4.13).
1.15 Pés... bronze polido. O altar do holocausto era coberto com bronze e seus utensílios eram feitos do mesmo material (cf. Êx 38.1-7). Pés ardentes de bronze são uma clara referência ao juízo divino. Jesus Cristo com pés de juízo está se locomovendo por entre a sua igreja para exercer a sua autoridade disciplinadora sobre o pecado, voz de muitas águas. Sua voz não mais era o som cristalino de uma trombeta (v. 10), mas João a comparou ao som do impacto de ondas contra as rochas da ilha (cf. Ez 43.2). Era a voz da autoridade.
1.16 sete estrelas. Estas são os mensageiros que representam as sete igrejas (veja nota no v. 20). Cristo as segura em sua mão, o que 15.6, 14 Dn 7.9 Dn 10.6 15 Ez 1.7 Ez 1.24; 43.2 16, Ap 1.20; 2.1; 3.1 6.9, Ap 4.9, SI 68.2019 Ap 1.9-18 Ap 2.1 v Ap 4.1 20 vv Ap 2.1, Zc 4.2 significa que ele controla a igreja e seus líderes, afiada espada de dois gumes. Uma grande e larga espada de dois gumes. Significa castigo (cf. 2.16; 19.15) para aqueles que atacam o povo de Cristo e destroem a sua igreja.
1.17 caí a seus pés. Resposta com um ao se ver a temível glória do Senhor (C n 17.3; N m 16.22; Is 6.1-8; Ez 1.28; At 9.4). o primeiro e o último. Jesus Cristo aplica esse nome de Javé do AT (22.13 ; Is 41.4; 44 .6 ; 48.12) a si, reivindicando claramente ser Deus. ídolos vêm e se vão. Ele foi antes deles e permanecerá depois deles.
1.18 as chaves da morte e do inferno. Veja nota em Lc 16.23. Morte e inferno são essencialmente sinônimos, m as morte é a condição, e inferno, equivalente a Sheol do AT, é o lugar da morte (veja nota em 20.13). Cristo decide quem vive, quem morre e quando.
1.19 Esse versículo fornece um simples esboço de todo o livro; “as coisas que viste” se referem à visão que João acabara de ver (cap. 1); “as que são” indicam as cartas às igrejas (caps. 2—3); e “as que hão de acontecer depois destas” se referem à revelação ou história futura (caps. 4—22).
1.20 os anjos. Lit., a palavra significa “mensageiro”. Embora possa significar anjo — e tem esse significado ao longo do livro — aqui não pode se referir a anjos porque anjos nunca são líderes na igreja. Muito provavelmente, esses mensageiros são os sete presbíteros principais que representam cada uma das igrejas (veja nota no v. 16)
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