Apocalipse 11 — Estudo Teológico das Escrituras

Apocalipse 11

11.1 caniço. Um a vara oca semelhante ao bambu que cresce no vale do Jordão. Por causa da sua leveza e rigidez, era comumente usada com o vara de medir (cf. Ez 40.3,5). Medir o templo significava que o mesmo é propriedade de Deus (cf. 21.15; Z c 2.1-5). o santuário de Deus. Refere-se ao Santo dos Santos e ao Santo Lugar, não a todo o com plexo do templo (cf. v. 2). Um templo reconstruído existirá durante o tempo da tribulação (Dn 9.27; 12.11; Mt 24.15; 2Ts 2.4). altar. A referência a adoradores sugere que esse é o altar de bronze no átrio, não o altar do incenso no Santo Lugar, pois somente os sacerdotes tinham permissão para ficar no Santo Lugar (cf. Lc 1.8-10).

11.2 átrio exterior. O átrio dos gentios, separado do átrio interior no templo de Herodes por um muro baixo. Os gentios não podiam entrar no átrio interior sob pena de morte. O fato de João ser instruído a não medir o-átrio exterior simboliza que Deus rejeita os gentios descrentes que oprimiram o povo da aliança, calçarão aos pés a cidade santa. A Assíria, a Babilônia, o Império Medo-Persa, a Grécia e Roma oprimiram Jerusalém em tempos antigos (2Rs 25.8-10; SI 79.1; Is 63.18; Lm 1.10). Esse versículo se refere à futura destruição e opressão de Jerusalém pelas forças do anticristo. quarenta e dois meses. Esse período de três anos e meio cobre a segunda metade da tribulação e coincide com a visivelmente perversa carreira do anticristo (v. 3; 12.6; 13.5). Durante esse mesmo tempo, os judeus serão espalhados por Deus pelo deserto (12.6,14).

11.3 duas testemunhas. Pessoas que receberam poder e autoridade especiais de Deus para pregar a mensagem de juízo e salva ção durante a segunda metade da tribulação. O AT requeria duas ou mais testemunhas para confirmar o testemunho (cf. Dt 17.6; 19.15; M t 18.16; Jo 8.17; Hb 10.28), e esses dois profetas serão a culminação do testemunho de Deus a Israel: a mensagem de juízo da parte de Deus e sua graciosa oferta do evangelho a todos que se arrependerão e crerão. mil duzentos e sessenta dias. Quarenta e dois meses ou três anos e meio (cf. 12.6; 13.5; veja nota no v. 2). pano de saco. Pano grosseiro feito de pelos de cabrito ou camelo. O uso desse tipo de roupa expressava penitência, humildade e lamento (cf. Gn 37.34; 2Sm 3.31; 2Rs 6.30; 19.1; Et 4.1; Is 22.12; Jr 6.26; M t 11.21). As testemunhas estão lamentando por causa da miserá­vel perversidade do mundo, do castigo de Deus sobre o mesmo e da profanação do templo e da cidade santa da parte do anticristo.

11.4 Essa imagem é tirada de Zc 3—4 (veja suas notas). A visão de Zacarias teve cumprimento próximo (a reconstrução do templo por Josué e Zorobabel) e cumprimento distante no futuro (as duas testemunhas, cujo ministério aponta para a restauração final de Israel no milênio), duas oliveiras e dois candeeiros. O azeite de oliva era com um ente usado em lâmpadas; o conjunto de oliveiras e candeeiros simboliza a luz do reavivamento espiritual. A pregação das duas testemunhas dará início ao reavivamento, assim com o a pregação de Josué e Zorobabel o fizeram em Israel após o cativeiro babilônico.

11.5-6 Conquanto seja impossível ser dogmático sobre a identidade dessas duas testemunhas, várias observações sugerem que possam ser Moisés e Elias: 1) com o Moisés, elas afetam a terra com pragas, e com o Elias, elas têm o poder de reter a chuva; 2) a tradição judaica aguardava o retorno de Moisés (cf. Dt 18.15-18) e Elias (cf. Ml 4.5-6) no futuro (cf. Jo 1.21); 3) Tanto Moisés com o Elias estiveram presentes na transfiguração, a antevisão da segunda vinda de Cristo; 4) Moisés e Elias usaram meios sobrenaturais para provocar arrependimento; 5) Elias foi levado vivo ao céu, e Deus sepultou o corpo de Moisés onde jamais seria encontrado; e 6) a duração da estiagem que as duas testemunhas trazem (três anos e meio); cf. v. 3 é a m esma da que foi trazida por Elias (Tg 5.17).

11.5 sai fogo... e devora. Provavelmente isso se refere a fogo literal. As duas testemunhas serão invencíveis durante o seu ministério, protegidas por poder sobrenatural. O falso profeta imitará esse sinal (13.3).

11.6 autoridade para fechar o céu. Muitas vezes, milagres autenticaram os mensageiros de Deus. Aqui, ao trazer uma estiagem de três anos e meio (com o fez Elias antes deles), acrescentará imensurável tormento àqueles que experimentarão as catástrofes mundiais e a tribulação — e exacerbará o ódio deles contra as duas testemunhai águas, para convertê-las em sangue. A água da terra, já devasta: a pelos efeitos da segunda e da terceira trombetas, se tornará intragável, acrescentando imensamente ao sofrimento causado pela estiagem.

11.7 a besta. A primeira das 36 referências a essa pessoa em Apocalipse, que não é ninguém outro senão o anticristo (veja cap. 13 O fato de ele subir do poço do abismo indica que o seu pode é satânico. as... matará. Completado o seu ministério, Deus retirará o poder sobrenatural de proteção das duas testemunhas. A besta então será capaz de realizar o que muitos morreram tentando fazer.

11.8 seu cadáver ficará estirado na praça. O fato de alguém se recusar a sepultar seus inimigos era uma maneira de desonrar e mostrar desprezo por eles (At 14.19). O AT proibia expressamente essa prática (D t 21.22-23). grande cidade. Identificar Jerusalém com o uma cidade semelhante a Sodoma e ao Egito enfatiza a perversidade da cidade. A população judaica aparentemente será o foco do ministério das testemunhas, conduzindo à conversão do v. 13.

11.9 três dias e meio. Todo o mundo verá (indubitavelmente na mídia visual mais moderna) e glorificará o anticristo enquanto os cadáveres dos profetas que foram mortos começarem a se deteriorar.

11.10 se alegram... realizarão festas... enviarão presentes. Tomados de alegria por causa da morte dos seus atormentadores, os que habitam sobre a terra (frase usada 11 vezes em Apocalipse para referir-se a descrentes) celebrarão a morte das duas testemunhas com o um dia santo.

11.11 espírito de vida, vindo... de Deus, neles penetrou. Os festejos, entretanto, são de pouca duração, pois Deus defende suas fiéis testemunhas ao ressuscitá-las.

11.12 subiram ao céu numa nuvem. Alguns talvez se perguntem por que Deus não lhes permitirá pregar, supondo que a mensagem deles teria mais poder depois da sua ressurreição. Porém, isso ignora a clara afirmação de Cristo de exatamente o oposto (Lc 16.31). inimigos as contemplaram. Os que odiaram e desonraram as duas testemunhas assistirão à vingança delas.

11.13 terremoto. Deus sublinha a ascensão dos seus profetas com um terremoto devastador. A destruição e perda da vida podem acontecer primariamente entre os líderes das forças do anticristo. as outras. Isso se refere aos judeus vivos, que ainda não terão se voltado para Cristo em fé. deram glória ao Deus do céu. Um a experiência genuína da salvação de judeus (cf. Lc 17.18-19), em contraste com aqueles que blasfemam e se recusam a glorificar a Deus (16.9). Isso é um cumprimento-chave da profecia de Zacarias (12.10; 13.1) e de Paulo (Rm 11.25-27)

11.14 segundo ai. A sexta trombeta (veja nota em 9 .72). O interlúdio entre a sexta e a sétima trombetas termina (veja nota em 10.1). O arrependimento de Israel inaugurará em breve o reino milenar (At 3.19-21; Rm 11.25-26). Mas antes virão os castigos finais e o clímax.

11.15 sétimo anjo tocou a trombeta. A sétima trombeta inclui as sete taças, os últimos juízos retratados no cap. 16 e todos os acontecimentos que conduzem ao estabelecimento do reino milenar (cap. 20) e a coroação de Jesus com o Rei (cap. 19). reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo. O singular (reino) é a interpretação preferida. Apesar das muitas divisões políticas e culturais, a Bíblia vê o mundo espiritual com o um reino, com um governante — Satanás (Jo 12.31; 14.30; 16.11; 2Co 4.4). Seguindo o governo de Satanás, os governantes humanos deste mundo são geralmente hostis a Cristo (Sl 2.2; At 4.26). A longa rebelião do reino do mundo acabará com o vitorioso retorno do Senhor Jesus Cristo para derrotar os seus inimigos e estabelecer o seu reino messiânico (Is 2.2-3; Dn 2.44; 7.13-14,18,22,27; Lc 1.31-33). Esse reino também pertence a Deus Pai (veja notas em IC o 15.24).

11.16 vinte quatro anciãos. Veja nota em 4.4.

11.17 que és e que eras. A frase final, "que há de vir'' (usada em 1.4,8; 4.8) é omitida na maioria dos manuscritos gregos mais confiáveis. A vinda do reino não mais está no futuro, mas é imediata.

11.18 nações se enfureceram. Não mais atemorizadas (cf. 6.15-17), elas estarão cheias de fúria hostil. Sua fúria em breve se manifestará numa tentativa tola de lutar contra Cristo — esforço inútil e fútil, que é o ápice da rebelião humana contra Deus (16.14; 19.17-21). tua ira. Deus Todo-Poderoso responde à fúria impotente das nações (cf. Sl 2.1-9). Os 24 anciãos falam da futura ira de Deus (20.11-15) com o se já estivesse presente, significando certeza. Que Deus um dia derramará sua ira sobre homens rebeldes é um tem a importante na Escritura (cf. Is 24.17-23; 26.20-21; 30.27-33; Ez 38.16ss.; 2Ts 1.5-10). julgados os mortos. O derramamento final da ira de Deus inclui o julgamento dos mortos (cf. M t 25.31-46; Jo 5.25-29). O julgamento é feito em duas partes: 1) a recompensa de Deus aos santos do AT (Dn 12.1-3; cf. 22.12; 1 Co 3.8; 4.5), da igreja arrebatada (IC o 15.51-52; ITs 4.13-18) e dos santos da tribulação (20.4); e 2) Deus condena os descrentes ao lago de fogo para sempre (20.15).

11.19 santuário de Deus... no céu. Veja 3.12; 7.15; 14.15,17; 15.5-8; 16.1,17. O Santo dos Santos celestial (veja notas em Êx 26.3 7-36) onde Deus habita em transcendente glória, já é identificado com o seu trono (caps. 4—5). Cf. Hb 9.24. João viu o trono (4.5), o altar (6.9; 8.3-5) e aqui, o Santo dos Santos, arca da Aliança. Essa peça da mobília do tabernáculo e do templo do AT [veja notas em Êx 25.11-18) simbolizava a presença de Deus, a expiação e a aliança de Deus com o seu povo. A arca terrena era apenas uma imagem dessa arca celestial (veja Hb 9.23; 10.20). Era ali que Deus oferecia misericórdia e expiação pelos pecados. Assim com o o Santo dos Santos foi aberto quando o preço pelo pecado foi pago (M t 27.51; H b 10.19-20), do mesmo modo o Santo dos Santos no céu é aberto para anunciar a nova aliança salvadora de Deus e o seu propósito redentor em meio ao castigo, relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada. O que foi antecipado em 4.5; 8.5 se tornará uma terrível realidade. Esses acontecimentos ocorrem com o parte da sétima taça (16.17-21) e são o clímax da sétima trombeta. Já que o céu é fonte de vingança, também julgamento vem do Santo dos Santos de Deus (14.15,17; 15.5-8; 16.1,7,17). Veja nota em 6.7.

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