Salmo 22 — Estudo Devocional
Salmo 22
O Salmo 22 é um salmo profundo de lamento e confiança atribuído ao Rei Davi. Contém elementos de desespero, sofrimento e um profundo clamor a Deus, mas no final das contas se transforma em uma declaração de confiança e louvor. Aqui está uma aplicação vital do Salmo 22:
1. Expresse suas emoções com honestidade: comece reconhecendo que não há problema em expressar suas emoções, mesmo quando você está passando por momentos difíceis e desafiadores. Como Davi, seja honesto com Deus sobre seus sentimentos e lutas. Deus acolhe sua autenticidade na oração.
2. Busque a presença de Deus em meio ao desespero: Quando você se encontrar em uma situação de desespero, solidão ou sofrimento, siga o exemplo de Davi e busque a presença de Deus. Volte-se para Deus em oração, mesmo quando se sentir distante Dele. Confie que Ele está com você em seus momentos mais sombrios.
3. Confiança na fidelidade de Deus: Apesar do seu sofrimento, David deposita a sua confiança na fidelidade de Deus. Em sua vida, cultive a confiança no amor e na fidelidade inabaláveis de Deus, mesmo quando as circunstâncias parecerem sombrias. Lembre-se de que Deus está sempre trabalhando para o seu bem.
4. Volte-se para Deus em busca de libertação: Quando confrontado com a angústia, volte-se para Deus como sua fonte de libertação e salvação. Confie que Ele tem o poder de resgatar você de qualquer situação, assim como fez Davi.
5. Reflita sobre a fidelidade de Deus no passado: Davi reflete sobre a fidelidade de Deus para com seus antepassados. Em sua vida, reserve um tempo para lembrar e refletir sobre a fidelidade de Deus em sua própria vida. Lembre-se de momentos em que Ele providenciou, protegeu e guiou você.
6. Reconheça a Soberania de Deus: O Salmo 22 reconhece a soberania de Deus sobre todas as coisas. Em sua vida, reconheça a autoridade suprema de Deus e confie que Seus planos e propósitos são maiores que os seus.
7. Ore por libertação e cura: Ao enfrentar sofrimento físico ou emocional, leve sua dor e necessidade de cura a Deus em oração. Confie em Sua capacidade de trazer cura, seja ela física, emocional ou espiritual.
8. Louve a Deus pela Sua Fidelidade: Assim como o salmo passa do lamento para o louvor, torne uma prática louvar a Deus mesmo em meio ao sofrimento. Adoração e ação de graças podem trazer conforto e perspectiva.
9. Compartilhe seu testemunho: Considere compartilhar seu testemunho da fidelidade de Deus com outras pessoas, especialmente quando você tiver experimentado libertação ou cura. Sua história pode trazer esperança e encorajamento para aqueles que estão passando por provações semelhantes.
10. Ore pelos outros que sofrem: Use suas experiências de sofrimento para ter empatia e orar por outras pessoas que estão passando por momentos difíceis. Interceda por eles, assim como Davi buscou a ajuda de Deus para si mesmo.
11. Procure o apoio de uma comunidade religiosa: Envolva-se com sua comunidade religiosa ou com uma rede de apoio quando estiver enfrentando sofrimento ou angústia. Compartilhe seus fardos com outras pessoas que possam fornecer apoio emocional e espiritual.
Em resumo, o Salmo 22 nos ensina a expressar nossas emoções honestamente, buscar a presença de Deus em desespero, confiar na fidelidade de Deus, voltar-nos para Ele em busca de libertação, refletir sobre Sua fidelidade passada, reconhecer Sua soberania, orar por libertação e cura, louvá-Lo em tudo. circunstâncias, compartilhar nosso testemunho, orar por outras pessoas que sofrem e buscar o apoio de uma comunidade de fé. Ao aplicar esses princípios, você poderá navegar em momentos de sofrimento com fé e resiliência.
É bastante instrutivo para nós o fato de que, antes do tão benquisto Salmo 23, que celebra o cuidado e proteção dados por Deus, venha o Salmo 22, que sente e lamenta o abandono de Deus. Tanto Jesus quanto Davi experimentaram ambos os sentimentos, de angústia e de louvor. Veja também os Salmos 9 e 10, e o quadro “Meditando nos Salmos” (Sl 3).Devocional
22.1-5 meu Deus, por que me abandonaste? Assim como nós temos os dias de angústia e desânimo, Davi também algumas vezes caía nos redemoinhos da insegurança, da dúvida, da tristeza e da depressão, quando não conseguia sentir a presença de Deus. Desesperava-se, como qualquer ser humano, diante dos problemas e das incertezas. O salmista expressa seu sentimento de abandono por Deus e do seu distanciamento. Sua oração não ouvida completa o quadro de sua profunda tristeza, e estas palavras retratam como ele se sentia. Em hebraico ele clama: “Eli”, “meu Deus” (que inclusive aparece embutido em vários nomes, como Elisabete, Elias, etc.). Ao mesmo tempo, notemos que é exatamente ao próprio Deus que Davi clama no meio dessa angústia. Assim também faz Jesus, que cita as palavras iniciais deste salmo na cruz (veja Mt 27.46 e Mc 15.34, notas). Sua agonia era tão pesada que as palavras do salmo lhe vieram à memória com clareza, diante de sua dor. Ambos se recusam a chamar por outros “deuses”, pois sabem que só o Pai do Céu é real e vai acabar ouvindo e ajudando. Este salmo pode servir de roteiro para nossa consolação hoje, seja através da leitura ou da recitação, ou também da dramatização. Veja também os quadros “Exercícios de oração nos Salmos” (Sl 23), e “Salmos Reais e Messiânicos”.
22.2 eu te chamo, mas tu não respondes. A pessoa, por mais consagrada ou santificada que seja, não está livre de passar por decepções, por momentos de angústia e de dor. Tais situações aconteceram no passado, na história do povo de Deus e da igreja primitiva: com o fiel Jó, que perdeu de modo trágico toda família, a fortuna e a saúde; com Davi neste salmo; com o profeta Elias que, deprimido, se escondeu numa caverna no monte Horebe; com o Servo Sofredor de Isaías (caps. 40; 53), que já aponta para Jesus (veja nota anterior). Em ocasião de profunda angústia, a pessoa chega a pensar que Deus se distanciou e está indiferente ao seu sofrimento, como expressado na linguagem do salmista: “de dia e de noite” representa uma eternidade para quem está sofrendo. Quando o socorro não chega imediatamente, a sensação que passa na cabeça de muitos é a de estar clamando no vazio. O conselheiro cristão, sabendo dessa real probabilidade, pode orientar o aconselhando, tanto a manter a proximidade com Deus nos momentos de paz, quanto para, na ocasião de dificuldade, suportar as dores e o sofrimento como parte da vida, a exemplo de Jesus Cristo, que tudo suportou e foi vitorioso. Veja também o quadro “Depressão” (Sl 42).
22.3-5 Tu, porém, és santo. É interessante notar a alternância entre angústia e confiança nas palavras do salmista. Os versículos 1-2 e 6-7 mostram a angústia com palavras muito fortes. Entretanto, os versículos 3-5 e 8-10 mostram movimentos de confiança em Deus. Podemos aqui aprender a lidar com estas duas realidades: primeiro, sendo verdadeiros e expressando a Deus nossos reais sentimentos — mesmo que eles tragam queixas contra o próprio Deus. Portanto, não negue o problema, e nem que a ajuda ainda não veio (“Eu te chamo de noite, mas não consigo descansar”). confiaram em ti, e tu os salvaste. Em segundo lugar, a verdade sobre nosso passado. Mesmo estando incomodados com o silêncio atual de Deus, sabemos que ele existe, é soberano sobre todas as situações, é bom e já nos ajudou muitas e muitas vezes. A história relata com fidelidade os acontecimentos de salvação, quando o povo confiou em Deus e foi socorrido pelo soberano. O ato de relembrar a intervenção de Deus na nossa história ajuda a reavivar nossa fé.
22.6-21 todos zombam de mim. Estes versículos são profeticamente dirigidos ao Messias que haveria de vir, sobre quem também profetizou Isaías: “Ele foi rejeitado e desprezado por todos, ele suportou dores e sofrimentos sem fim. Era como alguém que não queremos ver; nós nem mesmo olhávamos para ele e o desprezávamos” (Is 53.3). Esta profecia se aplica a Jesus Cristo, quando as multidões enfurecidas pediam a sua morte. Isso nos acrescenta um segundo pilar de confiança: além de sabermos que Deus ajudou várias vezes ao longo da história, sabemos também que o filho de Deus veio ao mundo com a especial missão de salvar a humanidade. Missão que foi bem-esclarecida ao afirmar: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar quem está perdido” (Lc 19.10). Temos um Salvador que passou por todas as etapas do sofrimento humano. Portanto, quando de uma hora para outra tudo começa a dar errado, os negócios vão de mal a pior, os amigos se afastam e nos sentimos sozinhos, perdemos patrimônio, dinheiro, emprego; quando somos perseguidos e quase todas as iniciativas para melhorar são dificultadas e às vezes saem erradas como se estivessem dominadas por uma maldição; quando aos olhos do mundo somos vistos como derrotados, parecendo não existir salvação, nós podemos lembrar que no passado os mais preciosos servos de Deus também passaram por situações semelhantes e que Jesus Cristo, que enfrentou momentos incomparavelmente piores, suportou até o fim e foi vitorioso. Nessa circunstância não precisamos desanimar, mas podemos aguardar confiantes no Senhor, pois a resposta salvadora virá, no tempo de Deus e não do homem, como descrito adiante. Veja também Jo 16.33, nota, e o quadro “Salmos Reais e Messiânicos”.
22.6-11 sou um verme. O movimento seguinte é comum para pessoas em desespero e crise de fé: a pessoa conclui que, como Deus é santo, já ajudou seu povo tantas vezes e agora não a está ajudando, a culpa só pode ser dela mesma: eu não sou mais um ser humano. O vazio dá-lhe a sensação de que perdeu sua identidade como pessoa, já não se sente mais gente digna, percebe-se sozinha; os que estão à sua volta riem e gozam dela por ter confiado em Deus. Esse sentimento acontece também a pessoas que estão sofrendo bullying ou tortura. Nessa hora o inimigo joga com seus sentimentos mais profundos, e com insultos sugerindo: se você fosse amado/a do Deus Altíssimo, não estaria nesta aflição (repare a semelhança com a tentação de Jesus, Mt 4). Veja também o quadro “Depressão” (Sl 42). 22.9 No entanto, ó Deus. O salmista não se entrega, e novamente clama a Deus. Ele reconhece que é verdade que ele foi conhecido de Deus desde o seu nascimento e foi cuidado por ele, por ter sido pensado e desejado pelo Pai. Clama por socorro porque sabe que é do Senhor que virá a verdadeira libertação.
22.11 não te afastes de mim. Este verso (e também v. 19) é um apelo para que Deus permaneça perto para socorrer o salmista. Sua sensação de solidão se parece muito com experiências nossas. A impressão de que Deus se escondeu nos causa medo, insegurança e até terror, por acharmos que a angústia está perto e Deus está longe — esta é uma sensação nossa, muito mais real para nós do que para Deus. O salmo continua e descreve uma espécie de luta entre a esperança e o sofrimento. Quando nos sentirmos como o salmista, abatidos, angustiados e perdidos, é bom fazermos o mesmo que ele: falar com Deus, talvez escrever, descrevendo nossos medos e expectativas, cansaços e apertos. Será uma espécie de lista de “loucuras”, como um salmo-desabafo a Deus. Pela própria existência dos salmos sabemos que isso é bom e nos ajuda. Veja o quadro “Para começar a louvar” (Sl 8). 22.12-18 já não tenho mais forças. O salmista derrama a sua alma, agora descrevendo sua miséria física: “todos os meus ossos estão fora do lugar, minha garganta está seca”. Ele fala dos inimigos como marginais, leões, fortes touros que se atiram contra ele e o ferem e, já que ele está morrendo, dividem suas roupas entre si (v. 18).
22.20-21 salva-me da espada. Esta súplica pela libertação divina é repetida, mostrando que podemos continuar a pedir, insistir e desabafar. No caso de Davi, sabemos que Deus o salvou em todas as suas lutas e o levou a uma morte tranquila na velhice. No caso de Jesus, o “filho de Davi”, sabemos que essa vitória e libertação também aconteceu, mas de uma forma mais profunda e superior: ele passou pela morte e depois foi ressuscitado, deixando claro que a verdadeira vida vai muito além da morte (tal como sugerem os vs. 27-31) e que o Reino de Deus não é deste mundo. Este consolo é real, mesmo quando a morte acontece.
22.21-31 Então… eu te louvarei. Depois de ter recorrido às ajudas de Deus no passado, o salmista volta seus olhos para o futuro, e a fé o ajuda a já vislumbrar a verdade de que aquele sofrimento terá um fim, com a salvação trazida por Deus. Então ele já pode descrever o louvor que fará a Deus — e assim a vitória chega ao seu coração, mesmo antes do socorro externo aparecer, e mesmo que, como com Jesus, seu caminho inclua passar pela morte.
22.24 Ele não abandona os pobres. Do Senhor vem o socorro no meio da angústia. Ele não deixa desamparado nenhum filho seu, pelo contrário: no tempo certo, irá salvá-lo da angústia e do sofrimento, devolvendo-lhe a prosperidade e paz, especialmente aos mais necessitados.
22.31 Deus salvou o seu povo. Temos uma apoteose e a decisão de proclamar diante do povo todas as bênçãos que vão ser recebidas de Deus. E a certeza de que todos ouvirão o que Deus fez. Nós também, sempre podemos dizer: “Deus salvou o seu povo, do qual eu faço parte. Esta é a minha fé e minha alegria”. Nós podemos louvar a Deus e dar testemunho da salvação diante de todas as pessoas, diante da igreja, dos povos e das nações, e todos — até os que ainda nascerão — procurarão lembrar os seus feitos na história. Tudo sem negar a realidade, nem dos sofrimentos, nem do cuidado de Deus.
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