Salmo 19 — Estudo Devocional
Salmo 19
O Salmo 19 é um salmo lindo e conhecido que celebra a revelação de Deus por meio da natureza e de Sua Palavra. Enfatiza a importância dos ensinamentos de Deus e o profundo impacto que eles têm em nossas vidas. Aqui está uma aplicação vital do Salmo 19:
1. Aprecie a Criação de Deus: Comece desenvolvendo uma apreciação mais profunda pelo mundo natural ao seu redor. Passe algum tempo na natureza, seja caminhando na floresta, observando o pôr do sol ou simplesmente contemplando as estrelas. Reconheça a beleza e a complexidade da criação de Deus.
2. Aprenda com a Revelação Geral de Deus: O Salmo 19 destaca que os céus declaram a glória de Deus. Em sua vida, esteja atento às lições que podem ser aprendidas ao observar o mundo natural. Considere a ordem, a complexidade e o design da criação como um reflexo da sabedoria e do poder de Deus.
3. Busque a orientação de Deus em Sua Palavra: A segunda parte do salmo enfoca a revelação especial de Deus por meio de Sua Palavra. Assuma o compromisso de estudar a Bíblia regularmente e buscar a orientação de Deus através de seus ensinamentos. Aplique os princípios e a sabedoria encontrados nas Escrituras à sua vida diária.
4. Aceite os mandamentos de Deus: O salmo enfatiza o valor dos mandamentos, estatutos e preceitos de Deus. Em sua vida, aceite a orientação moral e ética fornecida pela Palavra de Deus. Reconheça que Seus mandamentos foram elaborados para o seu bem-estar e crescimento espiritual.
5. Permita que a Palavra de Deus o transforme: O salmo descreve como a Palavra de Deus vivifica a alma, torna os simples sábios, alegra o coração e ilumina os olhos. Permita que a Palavra de Deus tenha um impacto transformador em sua vida. Deixe que isso molde seu caráter, atitudes e ações.
6. Ore por Limpeza e Obediência: Quando o salmista fala de erros e falhas ocultas, considere orar por autoconsciência e limpeza. Peça a Deus para revelar áreas da sua vida onde você falha e busque Sua ajuda para viver em obediência à Sua Palavra.
7. Expresse seu amor e gratidão: O salmista conclui com uma oração expressando amor pela Palavra de Deus e um desejo de ser agradável aos olhos de Deus. Em sua vida, expresse seu amor e gratidão pela Palavra de Deus e Seus ensinamentos. Crie o hábito de agradecer a Ele por Sua orientação e sabedoria.
8. Compartilhe a Palavra de Deus: O Salmo 19 enfatiza que os ensinamentos do Senhor são mais preciosos que o ouro. Compartilhe a Palavra de Deus com outras pessoas, seja ensinando, orientando ou simplesmente compartilhando passagens que foram significativas para você. Seja uma fonte de encorajamento espiritual para aqueles ao seu redor.
9. Medite na Palavra de Deus: Reserve um tempo para meditar na Palavra de Deus. Reflita sobre seus significados, implicações e relevância para sua vida. Permita momentos de contemplação silenciosa para aprofundar sua compreensão das Escrituras.
Em resumo, o Salmo 19 nos encoraja a apreciar a criação de Deus, buscar orientação em Sua Palavra, abraçar Seus mandamentos, permitir que Sua Palavra nos transforme, orar por limpeza e obediência, expressar amor e gratidão por Sua Palavra, compartilhar Seus ensinamentos e meditar sobre Sua Palavra. Ao aplicar esses princípios, você poderá experimentar o profundo impacto da revelação de Deus, tanto na natureza quanto nas Escrituras, em sua vida.
Devocional
19.1-14 a glória de Deus. Este é um belo desafio e um maravilhoso estímulo para nós ainda hoje. Podemos até imaginar o autor em seu encantamento e fascínio ao considerar a natureza como produto do Deus em quem cria. Este salmo resulta do encontro do salmista com Deus, que é onde ele achou sentido para o que via na natureza. Como reação de fé, ele adora a esse Deus supremamente belo em tudo o que faz e diz. Podemos imaginar também Paulo com Silas cantando na prisão palavras como a deste e dos outros salmos (At 16.25), coisa que ele recomenda às suas igrejas (Ef 5.19). Outros textos da Bíblia também têm essa inspiração, como o Sl 57.5. Duas partes bem distintas podem ser notadas neste salmo: nos vs. 1-6, a revelação de Deus através dos céus, e nos vs. 7-14, a revelação de Deus através da sua Palavra. À primeira vista são duas coisas bem diferentes, mas é a revelação divina que dá unidade ao salmo. Não estamos sós e lançados num vácuo cósmico! O Criador se manifesta bondosamente e de modo acessível a todos os viventes, tanto pela natureza quanto pela sua palavra. Na primeira parte, o salmo utiliza a palavra “Deus”. Já nos vs. 7-14, da revelação pela palavra de Deus, é utilizada a palavra “Senhor”.19.1-4 O céu anuncia a glória de Deus. Toda a criação tem as marcas do criador e nosso coração anseia por ele. É impossível negar que um grande milagre está diante dos nossos olhos. O convite é para não complicarmos os pensamentos e desfrutarmos poeticamente da beleza do que existe, deixando o nosso espírito envolver-se pela grandeza e pelo mistério do céu, que nos revela a glória de Deus, o milagre da vida. O céu nos cobre da magnificência do Pai, dá-nos a cada dia e a cada noite o suspiro da vida. A transformação da luz do dia para a escuridão da noite revela o dom profundo da Criação, o que nenhum homem é capaz de interromper por um segundo sequer, pois este pulsar de vida que nos é mostrado a cada dia e a cada noite está impregnado no homem, testificando a presença de um Deus vivo e real. É interessante que as crianças são muito mais sensíveis e percebem com muito mais naturalidade estes presentes do Deus vivo, como certo dia, ao admirar um pôr do sol, um menino comentou: “Olha, olha! É Deus que está abanando para nós, é ele que está nos olhando e dando um tchau, olha!”
19.3 não se ouve nenhum som. O ouvido corporal não pode ouvir — nem necessita, pois a alma ouve em alto e bom som. Da mesma forma, os olhos do coração crente enxergam um espetáculo pirotécnico. A glória de Deus faz um show imbatível de cores, formas, luzes e sons — ele é o maior artista que jamais existiu. As manhãs e as noites são professoras que dão aula de arte divina ao vivo. Aliás, o silêncio é o grande segredo dessas maravilhas da criação; quando nós conseguimos nos silenciar e contemplar, a mesma transformação que ocorre entre o dia e a noite ocorre em nosso coração.
19.4-5 o sol sai dali todo alegre. O sol vem acampar e passar o dia na terra como um jovem marido em sua viagem de núpcias, ou como um atleta em marcha na entrada do estádio olímpico, e este show é visto em todo o planeta. O sol e o céu com suas cores e seu calor anunciaram aos nossos corações a certeza da visita do Pai, e nada pode cobrir ou encobrir aquele momento de plenitude.
19.7-14 A lei do SENHOR é perfeita. A palavra hebraica “torá” não se limita à noção de lei como a temos em nosso sistema jurídico-forense, ou como no direito romano, do “pode-não-pode”, ou das punições aos crimes. A lei de Deus não é meramente um conjunto seco e frio de normas, ordens e proibições. Necessitamos internalizar ensinamentos estruturantes que nos garantam a vida segura, ética, santa e pacífica. Esta é função da educação familiar, escolar e também na igreja. Com a Lei — ou as dez palavras que Deus deu a Moisés — temos as bases da transformação de um povo es- cravo em povo livre. Na psicanálise, a lei é o organizador simbólico da realidade. Cada sociedade estrutura a convivência entre todos, seja com rituais, ou marcos legais e simbólicos, obtidos por consenso ou impostos por alguns, salvaguardando a continuidade da vida. Contudo, leis e costumes ou morais injustas também existem em toda parte e necessitam contínuo aperfeiçoamento. Já a Lei de Deus é parâmetro eterno que gera saúde, proteção, alegria e maturidade. A lei de Deus ensina o coração (v. 8) para que o comportamento seja bom — como Deus mesmo o disse de seu próprio comportamento na criação — e não apenas “certo” e “correto”. Ela é fonte de ânimo e coragem (v. 7), que em psicologia se chama motivação, entusiasmo, disposição. Ela também dá confiança, criando um clima gostoso de tranquilidade entre Deus e o homem. Isto é maravilhoso, pois implica em respeito, amor, obediência, amizade (como houve com Moisés e com Abraão), e adoração. É fonte também de sabedoria (vs. 7 e 11), pois uma coisa pode ser certa e justa, mas se não for sábia de nada valerá.
19.8 os ensinamentos do SENHOR são certos. A palavra de Deus é certa, no sentido de não ser confusa e de não enganar ninguém (v. 8), e alegra o coração, fazendo-o cantar. Diante da palavra do Pai conseguimos ouvir com mais clareza a voz dele, e assim instruir-nos sobre a trajetória a seguir. Quando estes ensinamentos são assimilados, o coração se alegra e anda em sabedoria e em simplicidade.
19.9 o temor ao SENHOR é bom. É bom para o ser humano dar bastante importância para Deus, levá-lo a sério e ouvir sua palavra com atenção, pois seus julgamentos são verdadeiros e sempre justos, e essa atitude respeitosa conduz o dia em harmonia, em amor e em plenitude. Isso é muito saudável, e é diferente de ter medo de Deus, ou ficar paralisado por sentir que não se pode errar.
19.10 mais preciosos do que o ouro. Quando aprendemos do Pai, o mais precioso é viver verdadeiramente como filhos criados à sua imagem e semelhança. Ver no outro esta imagem e semelhança representa um valor muito maior do que o ouro fino.
19.12-13 Livra-me. Uma alteração importante: nestes versos temos uma oração, em que duas petições são feitas diretamente a Deus. A lei trouxe o salmista até aqui, mas é hora de resolver cara a cara com Deus estas duas questões, que talvez sejam uma só: a pureza (v. 12) e a culpa (v. 13); afinal, a culpa é uma sensação de impureza. O próprio Deus resolve esta questão agindo acima da lei — pois só ele o pode fazer. Ele o faz através do perdão: embora essa palavra não apareça no texto, ela está no centro da aflição do salmista e é o ponto mais alto de sua liturgia pessoal. Davi glorifica a Deus, exalta a sua palavra, e é por ela levado ao lugar mais íntimo, onde a graça divina tem de ser aceita para que a vida humana seja completamente restaurada. Veja Sl 130.3-4, nota.
19.12 Quem pode ver os seus próprios erros? Esta é a realidade do inconsciente, de que há uma parte nossa — não tão bonita — que nos é desconhecida. O coração tem mecanismos de autoengano, de autojustificação. A autocrítica, essa consciência de que não somos totalmente bons, é saudável e nos abre para a ajuda de Deus. Diante do espelho da alma, que é a palavra de Deus, somos confrontados com a verdade sobre quem somos e sobre as nossas faltas. Podemos orar como Davi, purifica-me, Senhor, “porque apesar de todo o teu amor e todo o teu cuidar, o pecado me cerca, e me acompanha; mas não permita que meus erros e enganos triunfem sobre mim e acolhe-me na Tua presença e assim possa sentir que meus sentimentos e palavras são agradáveis a Ti, que és o meu Salvador.” (v. 14). Que Deus guarde o nosso coração do orgulho de se achar bom, e de pecar contra ele. Veja o quadro “Quem somos nós?” (Sl 8).
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