Abençoar, Benção — Estudos Bíblicos

Abençoar, Benção — Estudos Bíblicos



ABENÇOAR, BÊNÇÃO

Prover de prosperidade e bondade, bendizer a Deus porque ele é bom, receber a sua bondade e anunciá-la aos outros; a prosperidade ou bem-aventurança que são o resultado dessa providência.

 

1. A Bênção de Deus. Se, por um lado, “bendizer a Deus” expressa atitude de louvor e adoração a Deus (“prostrar-se de joelhos”) em reconhecimento por sua providência (Gênesis 24.48; Deuteronômio 8.10), por outro lado, há uma ênfase mais específica na bênção recebida, no caráter generoso de Deus ao concedê-la e também na identificação daqueles que recebem essa bênção (Sl 1, “Bem-aventurado [abençoado] o homem”). A graça de Deus pode ser anunciada por ele mesmo (como na narrativa da criação, Gn 1.22,28; 2.3), ou pode também ser proclamada pelos seus representantes oficiais, como o pai de família (Gn 27; 48; 49), o sacerdote, por meio da bênção araônica (Números 6.22-27), o rei (2 Sm 6.18), ou o apóstolo (nas introduções e conclusões das epístolas do NT).

 

2. Bênção pactuai. A graça de Deus se estende a todos os aspectos da vida (Dt 28.3-6 e as bênção de cada aspecto da criação), mas é ratificada e anunciada por meio da instituição de um relacionamento definitivo de bênção (aliança); bênçãos “gerais” alcançam o povo de Deus nos contextos em que tal povo se lembra do Êxodo, da aliança e de todos os reflexos desta (Dt 28-31). As bênçãos de Deus são frequentemente apresentadas como dependentes da obediência do homem, em contraste com as maldições resultantes da desobediência (Deuteronômio 30.15-20); no entanto, bênçãos decorrem, acima de tudo, da graça, e não podem ser alcançadas de nenhuma outra forma senão pela misericórdia e pela bondade de Deus.

 

3. Não magia, e sim graça. Esse caráter gracioso é, aparentemente, o fator principal que motiva rejeição da compreensão bíblica de bênção por parte dos liberais. O caráter irrevogável e efetivo da bênção (como no caso de Jacó em detrimento a Esaú, Gn 27.35; cp. Nm 22 e 23 sobre o caráter similar da maldição) é compreendido pelos liberais como representando uma “magia” primitiva, a qual foi substituída mais tarde por uma religião de caráter mais pessoal. Todavia, devemos observar que o AT não considera a declaração da bênção como tendo uma força independente, mas, em vez disso, a bênção está sempre sobre o controle de Deus (Dt 23.5). Uma compreensão apropriada do caráter permanente da declaração de bênção decorre necessariamente da apreciação da fidelidade de Deus em manter a aliança; tentar entendê-la em termos de merecimento seria contradizer seu caráter fundamentalmente gracioso. Um outro fator a ser considerado é o caráter duradouro e familiar das bênçãos de Deus, e sua extensão por toda família da aliança (Gênesis 49).

 

4. A obediência abençoada. O NT deixa clara a relação da bênção com o mandamento. As bem-aventuranças precedem o chamado à obediência no Sermão da Montanha (Mateus 5 e 6; cp. com o contraste entre bênção e maldição em Lucas 6.20-26), assim obediência é a resposta à bênção, não o meio de obtê-la (talvez o piedoso prólogo da lei do Sinai em Êxodo 20.1 seja análogo). Essa mesma tensão pode ser percebida muitas vezes nas bênçãos introdutórias das epístolas de Paulo (“graça a vós outros e paz” especialmente na extensa bênção de Ef 1.3-14) que precedem a instrução às igrejas.

 

BIBLIOGRAFIA. B. F. Westcott, Hebrews (1889), 203-210; H. W. Beyer, Eúlogéo, TDNT, II (1935), 754­ 765; F. Hauck, et al., Makários, TDNT, IV (1942), pp. 362­ 370; H. N. Ridderbos, Coming of the Kingdom (1950), pp. 185-191, 241-258, 259-284; H. N. Ridderbos, When the Time Had Finally Come (1957), pp. 26-43; M. G. Kline, By Oath Consigned (1968); J. Scharbert, “Blessing” and “Cursing”, Sacrameníum Verbi, I (1970), pp. 69-75, pp. 174-178.