1 Coríntios 2:11 — Comentário de Albert Barnes
1 Coríntios 2:11
Pois, quem dentre os homens...? – O objetivo disso é ilustrar o que ele acabara de dizer com uma referência à maneira pela qual o homem adquire o conhecimento de si mesmo. O propósito é mostrar que o Espírito tem um conhecimento exato e completo das coisas de Deus; e isso é feito pelo pensamento impressionante de que nenhum homem pode conhecer sua própria mente, seus próprios planos e intenções, mas sim ele mesmo - seu próprio espírito. A ideia essencial é que nenhum homem pode conhecer outro; que seus pensamentos e desígnios só podem ser conhecidos por ele mesmo ou por seu próprio espírito; e que, a menos que ele decida revelá-los a outros, eles não poderão averiguá-los. Da mesma forma, Deus. Nenhum homem pode penetrar em seus desígnios; e a menos que ele decida torná-los conhecidos por seu Espírito, eles deverão permanecer para sempre inescrutáveis à visão humana.As coisas do homem... – As “coisas profundas” – os conselhos, pensamentos, planos, intenções ocultos.
A não ser o espírito do homem... – Exceto sua própria mente; isto é, ele mesmo. Nenhum outro homem pode conhecê-los completamente. Pelo espírito do homem aqui, Paulo pretende denotar a alma humana – ou o intelecto do homem. Não se deve supor que ele aqui pretenda transmitir a ideia de que existe uma semelhança perfeita entre a relação que a alma do homem mantém com o homem e a relação que o Espírito Santo mantém com Deus. A ilustração deve ser tomada em relação ao ponto imediatamente diante dele - ou seja, que ninguém poderia conhecer e comunicar os pensamentos e planos profundos de Deus, exceto o seu Espírito - assim como ninguém poderia penetrar nas intenções de um homem, e conhece-los completamente, mas ele mesmo. A passagem prova, portanto, que existe um conhecimento que o Espírito tem de Deus, que nenhum homem, nenhum anjo pode obter, assim como o espírito de cada homem tem um conhecimento de seus próprios planos que nenhum outro homem pode obter; que o Espírito de Deus pode comunicar os seus planos e desígnios profundos, assim como um homem pode comunicar as suas próprias intenções; e consequentemente, embora haja algum tipo de distinção entre o Espírito de Deus e Deus, assim como há uma distinção que torna apropriado dizer que um homem tem uma alma inteligente, ainda assim existe um conhecimento tão profundo e íntimo de Deus pelo Espírito, que ele deve ser igual a ele; e uma união tão íntima que ele pode ser chamado de “o Espírito de Deus” e ser um com Deus, assim como a alma humana pode ser chamada de “o espírito do homem” e ser uma com ele.
Em todos os aspectos, não devemos supor que haja uma semelhança. Nestes pontos há – pode-se acrescentar que a união, a unidade do Espírito de Deus com Deus, não é mais absurda ou inexplicável do que a união do espírito do homem com o homem; ou a unidade da pessoa complexa composta de corpo e alma, que chamamos de homem. Quando as pessoas tiverem explicado todas as dificuldades sobre si mesmas – no que diz respeito aos seus próprios corpos e espíritos, será hora de apresentar objeções contra as doutrinas aqui declaradas em relação a Deus.
Mesmo assim... – Na mesma medida; da mesma maneira.
As coisas de Deus... – Seus propósitos e planos profundos.
Ninguém conhece... – o homem não pode investigá-los – assim como um homem não pode investigar as intenções de outro.