Introdução à Epístola aos Efésios

Introdução à Epístola aos Efésios

Introdução à Epístola 

aos Efésios

Por Frank M. Cross

Mais: Leitores - Vocabulário - Doutrina - Data e Local - Estrutura e Conteúdo

Introdução 1.1-2
A boa notícia do evangelho 1.3—3.21
1. Bênçãos espirituais em união com Cristo 1.3-23
2. Da morte para a vida 2.1-10
3. Unidos por meio de Cristo 2.11-22
4. Paulo, apóstolo entre os não-judeus 3.1-21
A vida cristã 4.1—6.20
1. A unidade do corpo de Cristo 4.1-16
2. A nova vida em união com Cristo 4.7—5.20
3. Relacionamentos na família 5.21—6.9
4. A armadura do cristão 4.10-20
Saudações finais e bênção 6.21-24

INTRODUÇÃO

No final da sua segunda viagem missionária (At 15.36—18.22), Paulo passou alguns dias na cidade de Éfeso (At 18.19-21). Na terceira viagem (At 18.23—21.16), ele ficou morando lá quase três anos (At 19.1—20.1). Éfeso era a capital da província romana da Ásia, que ficava numa região que hoje faz parte da Turquia. Era uma bela cidade, a quarta maior do Império Romano. Ali estava o templo da deusa Diana (At 19.23-27), uma das sete maravilhas do mundo antigo. O anfiteatro, onde eram apresentadas peças teatrais, comportava 20.000 pessoas. Em pouco tempo, Éfeso se tornou um importante centro do trabalho cristão, e foi ali que Paulo escreveu a Primeira Carta aos Coríntios (1Co 15.32; 16.8). Essa cidade é mencionada também em 1Tm 1.3; 2Tm 1.18; 4.12; Ap 2.1-8.
A Carta aos Efésios não trata de nenhum problema particular dos cristãos a quem se destina, mas fala, de um modo geral, sobre a Igreja e a vida cristã. E, ao contrário do que ele faz nas outras cartas, no fim desta carta Paulo não manda nenhuma saudação pessoal. Isso é bem estranho, dada a profunda amizade entre Paulo e os seus irmãos e irmãs na fé residentes em Éfeso. É bem provável que a carta tenha sido escrita não somente para os cristãos de Éfeso, mas também para os de outros lugares. E a falta da expressão “da cidade de Éfeso” na saudação (1.1) em alguns dos melhores manuscritos gregos também indica essa possibilidade.

1. CONTEÚDO

A Carta se divide em duas partes: na primeira (caps. 1—3), o assunto principal é o plano secreto que Deus tinha decidido realizar por meio de Cristo, a saber, o plano de “unir, no tempo certo, debaixo da autoridade de Cristo, tudo o que existe no céu e na terra” (1.10). O elemento mais importante deste “segredo de Cristo” (3.4) é a inclusão dos não-judeus com os judeus no corpo de Cristo, participando com eles das bênçãos divinas (3.3-6).
Na segunda parte da carta (caps. 4—6), o apóstolo fala sobre a nova vida que os seguidores de Cristo têm por estarem unidos com ele. E fala também sobre como essa vida se manifesta no relacionamento que eles têm uns com os outros.

2. MENSAGEM

2.1. A Igreja no plano de Deus Usando linguagem elevada e figuras notáveis, o apóstolo diz que a Igreja completa Cristo, o qual completa todas as coisas do Universo inteiro (1.23). É por meio da Igreja que a humanidade e os poderes celestiais conhecem o plano secreto de Deus (3.10). Cristo, que tem autoridade sobre todas as coisas, foi dado por Deus à Igreja (1.22); e é por meio dela e por meio de Cristo Jesus que glória é dada a Deus (3.21).
Paulo usa três figuras para falar sobre a Igreja:
2.1.1. A Igreja é o corpo de Cristo (1.23; 2.16; 4.4,12; 5.23). Cristo é a cabeça do corpo; ele cuida do corpo (5.29-30) e faz com que o corpo cresça e se desenvolva (4.15-16). Assim como a Igreja não existe sem Cristo, Cristo não existe sem a Igreja.
2.1.2. A Igreja é um edifício, o Templo de Deus, do qual Cristo é a pedra fundamental. Ele mantém o edifício bem firme e faz com que cresça como um templo dedicado ao Senhor (2.20-21).
2.1.3. A Igreja é a esposa de Cristo. Cristo tem autoridade sobre a Igreja; ele é o Salvador dela, ele ama a Igreja, deu a sua vida por ela e cuida dela (5.23-32).
2.2. União com Cristo Jesus Se bem que conduta santa e fé em doutrinas cristãs sejam expressões da vida cristã, é a união íntima e permanente com Cristo Jesus que define o que significa ser cristão, isto é, ser membro do corpo de Cristo (1.3-4,11; 2.5-6,10,13; 3.12; 4.21; 6.10).
2.3. O plano secreto de Deus O plano secreto de Deus, que ele realiza por meio de Cristo, é o de unir todos os povos e o Universo inteiro debaixo da autoridade de Cristo (1.9-10; 3.3-6,9; 6.19). Deus revelou esse plano, esse “segredo de Cristo”, ao apóstolo. E Paulo, por sua vez, escreve aos seus leitores o que Deus planeja fazer.
2.4. O Espírito Santo O Espírito Santo, dado por Deus aos seguidores de Cristo, é a sua marca de proprietário e a garantia de que receberemos o que Deus prometeu dar ao seu povo (1.13-14), a garantia de que chegará o dia em que Deus nos libertará (4.30). É o Espírito que guia o cristão (6.13); é o Espírito que nos dá a espada para lutarmos contra as forças do mal (6.17); é o Espírito que faz com que sejamos um no corpo de Cristo (4.3).

3. DATA, LUGAR ONDE FOI ESCRITA, LEITORES

3.1. O apóstolo estava preso quando escreveu esta carta (3.1; 4.1; 6.20). Em 2Co 11.23 Paulo diz que esteve na cadeia várias vezes, e pelo Livro de Atos se sabe que ele esteve preso duas vezes: uma, em Cesaréia (23.31—26.32); e outra, em Roma (28.16-31). Mas como não sabemos onde Paulo estava quando escreveu esta carta, é impossível dizer quando ela foi escrita.
3.2. A Carta não informa onde Paulo estava quando a escreveu.
3.3. Foi o próprio Paulo quem levou o evangelho a Éfeso (At 18.19-21), onde passou quase três anos, na terceira viagem missionária (At 19.1—20.1), trabalhando intensamente. No final dessa viagem, já de volta a Jerusalém, Paulo quis passar por Éfeso, mas não pôde, pois queria chegar a Jerusalém antes do dia de Pentecostes. Então, mandou chamar os líderes da igreja de Éfeso para se encontrarem com ele na cidade portuária de Mileto. Ali, fez um longo e emocionante discurso de despedida (At 20.17-33). Foi essa a última vez que Paulo viu os seus queridos irmãos e irmãs de Éfeso.