Carta aos Efésios — Primeiros Leitores
Carta aos Efésios
Primeiros Leitores
O título “Aos Efésios”, como em todos os livros do Novo Testamento, não é parte da própria carta. Os títulos foram acrescentados quando foram feitas as coleções, para se identificar e separar uma carta de outra. No caso das cartas, o título foi tirado das palavras contidas na saudação, que identificavam aqueles a quem se endereçavam. O volume dos manuscritos gregos (os encontrados desde o quarto século) e todas as versões antigas têm a expressão “em Éfeso” como o local aonde esta carta foi enviada (1:1). Contudo, há duas coisas importantes que poderiam contrariar este corpo de evidência.1. As palavras “em Éfeso” não são encontradas no manuscrito grego mais antigo existente desta carta, o P46, nem nos dois manuscritos antigos mais dignos de confiança, o Sinaítico e o Vaticano, nem em dois importantes manuscritos gregos posteriores (424, 1739). Embora os escritores cristãos primitivos conhecessem esta carta por seu título, há evidência de que os manuscritos gregos que eles conheciam não conti¬nham a locução “em Éfeso”. Tertuliano, em seu debate corrente contra Marcião, citou o título, mas não se referiu à locução “em Éfeso”, contida em 1:1. Quando Orígenes escreveu sobre esta carta, está evidente em sua exposição de 1:1 que a expressão não estava no manuscrito que ele usou. Muito mais tarde, Basílio escreveu que seus predecessores haviam omitido a locução. É, portanto, evidente que a locução “em Éfeso” não se encontrava nos manuscritos conhecidos pela igreja primitiva. Foi sugerido que as palavras foram inseridas por copistas posteriores (pelo fim do quarto século), porque o título há muito havia sido aceito. Mesmo que os cinco manuscritos e os escritores mencionados acima não tivessem ou não conhecessem a expressão “em Éfeso” em 1:1, todos conheciam e usavam o título como sendo “Aos Efésios”.
Cf. O Falar em Línguas na Igreja de Corinto
Cf. A Ceia do Senhor na Igreja de Corinto
Cf. Grupos Religiosos no Novo Testamento
Cf. O Texto do Novo Testamento
2. A carta em si não parece refletir o conhecimento íntimo, de Paulo, de uma igreja em que ele trabalhara por três anos. Esta carta é, sem dúvida, a mais impessoal de todas as cartas de Paulo, e, contudo, ele trabalhou por mais tempo na igreja em Éfeso do que em qualquer outra igreja. Somente um nome, além do de Paulo, aparece na carta: Tíquico, o portador da carta. A carta não contém nenhuma saudação pessoal sequer, nenhum toque pessoal, que é tão característico de Paulo. A passa¬gem de Atos 20:17-35 do discurso de despedida aos anciãos efésios é uma das mais afetuosas e íntimas do Novo Testamento. Será admissível à luz de Atos 20:17-35, que Paulo pudesse ter escrito com desapego tal uma carta à mesma igreja? Além do mais, há implicações na carta que sugerem que Paulo e os receptores não se conheciam pessoalmente. Parece, de 1:15; 3:2,4, que o conhecimento mútuo (do escritor e dos leitores) era mais por notícia e boato do que por contato físico. Também há uma total ausência de referência ao trabalho de três anos, de Paulo, em Éfeso. Se Paulo é realmente o autor, pelas razões apresentadas, é duvidoso que a carta tenha sido escrita especificamente à igreja em Éfeso.