Visão Panorâmica do Livro de Atos
Visão Panorâmica
de Atos dos Apóstolos
Por Saul K. Watson
Tema: O irresistível avanço do Evangelho de Jerusalém a Roma.
Estilo literário: O livro de Atos, juntamente com o Evangelho de Lucas e o tratado aos Hebreus, contém a redação grega mais culta de todo o Novo Testamento. Por outra parte, seu autor seguia fontes semíticas, o estilo grego às vezes é áspero.
Autoria: De acordo com a tradição da Igreja Primitiva, Lucas foi o autor do livro de Atos. Assim sendo, esse livro é uma sequência do Evangelho de Lucas. As evidências internas do próprio livro de Atos confirmam a autoria lucana. O livro tem início com uma dedicatória a Teófilo, tal como sucede com Evangelho de Lucas. Vocabulário e estilo são extremamente parecidos em ambos os livros. O uso frequente de termos médicos concorda com o fato que Lucas era Médico (Cl. 4:14). Com o uso do pronome "nós" (às vezes subtendido), ao descrever diversas jornadas de Paulo, o autor do livro de Atos deixa entendido que Ele mesmo era um dos companheiros de viagem do apóstolo. Outros companheiros de viagem de Paulo não se ajustam dentro dos informes dos textos.
O Propósito da Escrita: O propósito do Evangelho de Lucas foi o de narrar a vida de Jesus, com ênfase sobre sua certeza histórica. Já o propósito central do livro de Atos foi o de traçar o triunfal progresso do Evangelho, a partir de Jerusalém, onde teve início, até Roma, capital do império.
O propósito geral de Lucas-Atos, pois, é fazer a exposição dos primórdios do cristianismo, na vida de Jesus e na extensão do cristianismo, dentro da história da Igreja Primitiva, afim de convencer aos seus leitores sobre o avanço irresistível do evangelho, mostrando que Deus mediante o Seu Espírito, verdadeiramente está operando na história da humanidade, visando a redenção de todos os homens.
Data: Este livro foi escrito provavelmente no final da década de 60, talvez antes do ano 70, quando Paulo estava preso em Roma.
Esboço do Livro, destaco: (1) O revestimento de poder – Isso aconteceu, com a descida do Espírito Santo sobre os crentes no dia de Pentecostes, conforme promessa feita por Jesus, pouco antes de sua ascensão aos céus (Lc. 24:44 - 49). Esse revestimento de poder, não visava levar a Igreja à experiências de puro êxtase, que por sua vez, não desembocam em ações que glorificam a Deus e edificam o próximo, e sim, capacitá-la a ser eficaz testemunha do poder de Deus (At. 1:8); a fazer a diferença em meio a uma geração corrompida pelo pecado; a ser luz em meio às trevas. Esse é o objetivo do revestimento do poder e, para esse fim é que deve ser por nós buscado; (2) O evangelho deveria ser pregado em Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins do mundo – Essa ordem, nos mostra que o Evangelho não era para ficar só em Jerusalém. Os cristão primitivos estavam desfrutando de tantas bênçãos no início, que se esqueceram da missão dada por Jesus, de se espalharem para pregar a Palavra de Deus; pelo que , Jesus permitiu uma perseguição, a primeira sofrida pela Igreja, para que os discípulos (assim como Jonas), fossem forçados a cumprirem sua missão. Uma vez dispersos, os crentes iam pregando a todos que encontravam, (8.4). Ao fazer referência aos samaritanos (os quais, eram inimigos dos judeus), Jesus tencionava mostrar que esses também eram alvo da graça perdoara de Deus e, por isso, deveriam ser também evangelizados. E, assim como Ele estava disposto a perdoá-los, os judeus que se diziam seus seguidores, também deveriam fazer o mesmo; (3) O martírio de Estevão foi o estopim de uma perseguição geral contra os cristãos, por parte de judeus incrédulos. A testa dessa perseguição achava-se Saulo (Paulo), natural de Tarso, cidade da Ásia Menor. (4) Os samaritanos recebem o Espírito Santo: O Espírito Santo não desceu sobre os crentes samaritanos enquanto Pedro e João não oraram e impuseram as mãos sobre eles, em sinal de reconhecimento de que a promessa era também para eles. Não poderia haver lugar mais, para antigas rivalidades existentes entre eles; (5) A conversão de Saulo: O capítulo 9 descreve a conversão de Saulo, no caminho de Damasco, quando ia cumprir sua missão de perseguir os crentes. Deus o chamou para pregar o Evangelho aos gentios. Depois de longo e sério preparo, o Espírito Santo operou para que ele fosse enviado. Isso está registrado no capítulo 13. E daí até o final do livro, só se fala do ministério de Paulo (que é o seu nome na língua dos romanos) e da perseguição que ele sofreu.