Atos dos Apóstolos — Plano Histórico e Teológico
Lucas, ao escrever uma história da Igreja primitiva, usou um plano que foi não só correto historicamente, mas também teologicamente importante. Em seu propósito de demonstrar o poder do evangelho em reconciliar as pessoas com Deus e umas com as outras, Lucas partiu sua narrativa em segmentos. Cada segmento tem a ver com algum problema que separa as pessoas que são conquistadas pelo Espírito Santo através da proclamação do evangelho. Ele também fez uso de uma expressão recorrente para denotar o movimento de um segmento para outro. A locução (colophon) que Lucas usou é: “E a palavra de Deus crescia e se multiplicava...” Pode-se notar que esta expressão (ou uma ligeira variação) é encontrada em 6:7 (após a crise na igreja em Jerusalém e antes da expansão, a partir de Jerusalém); 9:31 (após a inclusão dos samaritanos e do eunuco etíope); 12:24 (após a inclusão dos gentios tementes a Deus, de Cesaréia, e a morte de Herodes Agripa I); 16:5 (após a controvérsia com os judaizantes e a conferência de Jerusalém); 19:20 (após a inclusão dos gentios). Então segue-se a viagem de Paulo a Roma, via Jerusalém. Lucas usou o plano da expansão geográfica para mostrar o desenvolvimento teológico da Igreja, de um conceito nacionalístico estreito para uma religião que não tem nenhuma barreira artificial estabelecida pelo homem pecador. Os princípios que Jesus ensinou, e pelos quais ele morreu, são mostrados àqueles que podem vencer qualquer preconceito que ocasione separação. Qualquer esboço de Atos deve considerar seriamente o método que Lucas usou para indicar as principais divisões de sua obra.