Tradição Judaica – Forma e Conteúdo
As fontes rabínicas, nas quais a tradição oral estava baseada, mas que permaneceram orais ao longo de todo o período interbíblico, se dividem em duas classes, o Midrash e o Mishnah.
Os soferins e os mestres que os sucederam se dedicaram, como vimos, à exposição e aplicação da Torah escrita e, à luz desses estudos, formaram novos regulamentos aplicáveis aos problemas, éticos e legais, que surgiam à medida que a vida se tornava cada vez mais complexa. Esse processo chamado de darash (ou “interpretação”), e Midrash (ou “exegese”) é o processo de buscar, de investigar o texto escrito para descobrir suas implicações.
Esse Midrash era dividido em duas seções. Primeiro, havia o Halakah (do hebraico halak, caminhar) que consistia de regulamentos relativos às questões da lei civil e religiosa. Ele mostrava o caminho pelo qual o homem deveria caminhar deixando claro como ele poderia sempre obedecer à Lei em cada detalhe. Era uma exegese das leis bíblicas, a partir da qual poderiam ser formulados regulamentos autorizados para a vida das pessoas. E este Halakah que forma a tradição oral ou a Torah não-escrita do Judaísmo.
Segundo, havia o Haggadah (da raiz hebraica nagad, dizer) ou “repetir”. E aquela parte da literatura rabínica que não é o Halakah, isto é, tudo que não se refere a qualquer ponto da lei. E um desenvolvimento, por assim dizer, das histórias bíblicas em vez da lei bíblica. Essa parte contém muitas lendas e miscelâneas do folclore israelita. Mas juntamente com esses relatos, há um considerável volume de material ético e religioso. O Haggadah se refere frequentemente ao discurso dos pregadores nas sinagogas e dos mestres nas escolas e muitas vezes os menciona pelo nome. Esse material era de grande valor, mas não tinha a mesma autoridade do Midrash Halakah no judaísmo.
O Midrash era o interesse dos rabinos antes da destruição do segundo Templo, e depois dessa data tornou-se sua maior preocupação. A função, apresentação e ampliação da tradição oral eram as principais características de seus estudos. Sua tarefa então, como sempre, era de estudar a Torah escrita e sua tradição oral e transmiti-las aos outros. Esse processo de estudo, a repetição da Torah escrita e de sua tradição oraL era chamado shanah ou “repetição”, e o resumo da repetição era conhecido como Mishnah.
Essa palavra Mishnah é o nome dado à segunda fonte rabínica. Ela tem sido descrita como “uma classificação sistemática (tópica) das discussões e decisões dos rabinos durante os séculos anteriores como a interpretação e expansão da Torah”. Trata-se de um código de lei que consiste em Halakah, com elementos ocasionais do Haggadah, cuja formação e codificação se deram desse modo. Após a destruição do Templo em 70 d.C, em vez de elaborar um versículo das Escrituras de cada vez, os rabinos começaram a organizar o halahot (plural de halakah), ou leis religiosas individuais de tipo prático, em uma ordem especiaL de acordo com o assunto e não de acordo com o texto bíblico. Uma orientação sobre esses assuntos foi dada por Joanan ben Zakkai e seus discípulos em Jamnia. No começo do segundo século, o Rabino Akiba (morto em 135 d.C.) ordenou o ha akotem uma forma mais elaborada, emboraainda oralmente. Um de seus discípulos, o Rabino Meir (após 135 d.C.) elaborou-a novamente e esclareceu alguns pontos obscuros. Então, o Rabino Judá (o Patriarca), que morreu logo depois de 200 d.C, fez uma recensão final do Mishnah, embora não saibamos se ele realmente o fez por escrito. Outras alterações foram feitas depois de seus dias, mas o principal é resultado de sua obra. Em sua forma escrita, o Mishnah é dividido em seis ordens conforme o assunto-matéria, cada uma contendo vários tratados (63 ao todo) e pode ser datado em cerca de 200-230 d.C. Depois da Bíblia, o Mishnah é a base da literatura judaica até nossos dias e é o fundamento do Talmude. Com os escritos do Mishnah, os judeus se estabeleceram como “o povo do Livro”.
Fonte: Between the Testaments: From Malachi to Matthew, de Richard Neitzel Holzapfel.
Veja outros estudos bíblicos relacionados:
Cf. As Escrituras na Dispersão
Cf. O Cânon do Velho Testamento
Cf. Estudo Bíblico: Saduceus
Os soferins e os mestres que os sucederam se dedicaram, como vimos, à exposição e aplicação da Torah escrita e, à luz desses estudos, formaram novos regulamentos aplicáveis aos problemas, éticos e legais, que surgiam à medida que a vida se tornava cada vez mais complexa. Esse processo chamado de darash (ou “interpretação”), e Midrash (ou “exegese”) é o processo de buscar, de investigar o texto escrito para descobrir suas implicações.
Esse Midrash era dividido em duas seções. Primeiro, havia o Halakah (do hebraico halak, caminhar) que consistia de regulamentos relativos às questões da lei civil e religiosa. Ele mostrava o caminho pelo qual o homem deveria caminhar deixando claro como ele poderia sempre obedecer à Lei em cada detalhe. Era uma exegese das leis bíblicas, a partir da qual poderiam ser formulados regulamentos autorizados para a vida das pessoas. E este Halakah que forma a tradição oral ou a Torah não-escrita do Judaísmo.
Segundo, havia o Haggadah (da raiz hebraica nagad, dizer) ou “repetir”. E aquela parte da literatura rabínica que não é o Halakah, isto é, tudo que não se refere a qualquer ponto da lei. E um desenvolvimento, por assim dizer, das histórias bíblicas em vez da lei bíblica. Essa parte contém muitas lendas e miscelâneas do folclore israelita. Mas juntamente com esses relatos, há um considerável volume de material ético e religioso. O Haggadah se refere frequentemente ao discurso dos pregadores nas sinagogas e dos mestres nas escolas e muitas vezes os menciona pelo nome. Esse material era de grande valor, mas não tinha a mesma autoridade do Midrash Halakah no judaísmo.
O Midrash era o interesse dos rabinos antes da destruição do segundo Templo, e depois dessa data tornou-se sua maior preocupação. A função, apresentação e ampliação da tradição oral eram as principais características de seus estudos. Sua tarefa então, como sempre, era de estudar a Torah escrita e sua tradição oral e transmiti-las aos outros. Esse processo de estudo, a repetição da Torah escrita e de sua tradição oraL era chamado shanah ou “repetição”, e o resumo da repetição era conhecido como Mishnah.
Essa palavra Mishnah é o nome dado à segunda fonte rabínica. Ela tem sido descrita como “uma classificação sistemática (tópica) das discussões e decisões dos rabinos durante os séculos anteriores como a interpretação e expansão da Torah”. Trata-se de um código de lei que consiste em Halakah, com elementos ocasionais do Haggadah, cuja formação e codificação se deram desse modo. Após a destruição do Templo em 70 d.C, em vez de elaborar um versículo das Escrituras de cada vez, os rabinos começaram a organizar o halahot (plural de halakah), ou leis religiosas individuais de tipo prático, em uma ordem especiaL de acordo com o assunto e não de acordo com o texto bíblico. Uma orientação sobre esses assuntos foi dada por Joanan ben Zakkai e seus discípulos em Jamnia. No começo do segundo século, o Rabino Akiba (morto em 135 d.C.) ordenou o ha akotem uma forma mais elaborada, emboraainda oralmente. Um de seus discípulos, o Rabino Meir (após 135 d.C.) elaborou-a novamente e esclareceu alguns pontos obscuros. Então, o Rabino Judá (o Patriarca), que morreu logo depois de 200 d.C, fez uma recensão final do Mishnah, embora não saibamos se ele realmente o fez por escrito. Outras alterações foram feitas depois de seus dias, mas o principal é resultado de sua obra. Em sua forma escrita, o Mishnah é dividido em seis ordens conforme o assunto-matéria, cada uma contendo vários tratados (63 ao todo) e pode ser datado em cerca de 200-230 d.C. Depois da Bíblia, o Mishnah é a base da literatura judaica até nossos dias e é o fundamento do Talmude. Com os escritos do Mishnah, os judeus se estabeleceram como “o povo do Livro”.
Fonte: Between the Testaments: From Malachi to Matthew, de Richard Neitzel Holzapfel.
Veja outros estudos bíblicos relacionados:
Cf. As Escrituras na Dispersão
Cf. O Cânon do Velho Testamento
Cf. Estudo Bíblico: Saduceus