O Novo Pacto na Carta aos Hebreus


O Novo Pacto na Carta aos Hebreus. 



De conformidade com esta epístola, Deus tem para Seu povo um destino que é variegadamente apresentado. É descrito como salvação herdada (Hb 1.14-2.3), como soberania sobre o mundo vindouro (Hb 2.5-10), como participação na casa de Deus e com Seu Cristo (Hb 3.6-14), como entrada no descanso de Deus (Hb 4.1-11), como prosseguimento para a perfeição (Hb 6.1), como herança das promessas (Hb 6.12; Hb 10.36-11.13), como a recepção da herança eterna (Hb 9.15), como a conquista de almas (Hb 10.39), como o atingir a pátria celestial e a cidade divinamente edificada (Hb 11.10,16; Hb 12.22; Hb 13.14), como a recepção do reino que não pode ser abalado (Hb 12.28). Esse destino lhes pertence simplesmente porque são Seu povo e porque Ele é (e não se envergonha de ser chamado tal, Hb 11.16) seu Deus.

A fim de primeiramente estabelecer, e então preservar essa relação especial entre Si mesmos e aqueles a quem se compraz em chamar Seu povo, Deus não apenas deu Sua palavra de promessa, mas igualmente se comprometeu solenemente em pacto ratificado sob o reconhecido selo de sangue derramado. É nessa relação de aliança que agora Deus chama os homens para se compactuarem Consigo; é com isso imediatamente em vista que Ele os redime. Doravante, no caso daqueles que assim respondem favoravelmente, é de acordo com as promessas assim pactuadas que os homens têm relações com Deus, bem como obrigações para com Ele, e uma base firme de confiança nEle.

Embora existam dois pactos dessa espécie, neles há uma unidade e continuidade essenciais. O mesmo alvo final é contemplado em ambos. O segundo pacto foi introduzido somente porque o primeiro era ineficaz, e, de fato, sua intenção jamais deixou de ser uma antecipação provisória de melhores coisas vindouras. O segundo pacto superou o primeiro devido o fato de realizar completamente aquilo que ao primeiro era impossível conseguir. Visto que essa realização é eterna, o segundo pacto é o pacto eterno. Não há esperança de qualquer outra provisão de Deus além dessa. Um dos grandes propósitos do escritor dessa epístola é deixar claro esse ponto. O Cristianismo não apenas superou o Judaísmo; mas é também a última palavra de Deus aos homens.

O primeiro pacto falhou devido a duas razões. Por um lado, o povo que participou do mesmo não cumpriu suas condições; não permaneceram na aliança de Deus (Hb 8.7-9). Por outro lado, suas instituições não tiveram a capacidade de proporcionar aos homens verdadeira libertação do pecado e conseqüente acesso à presença de Deus (Hb 10.1-4). A própria ordem e ritual de seu tabernáculo testificavam que o caminho até o santo lugar ainda não havia sido feito manifesto (Hb 9.8); seu tabernáculo serviu apenas de figura simbólica por algum tempo (Hb 9.9). Na qualidade de pacto, era fraco e inútil (Hb 7.18). Assim sendo, apesar de ter sido instaurado como ordem divinamente ordenada, as mesmas Escrituras que reconheciam sua origem divina também antecipavam, profeticamente, a provisão de algo melhor. A própria menção de um “novo” pacto já era testemunho suficiente que o primeiro pacto teria de ser anulado, e estava prestes a caducar (7.11-19; 8.1-13; 10.5-9).

Cf. O Falar em Línguas na Igreja de Corinto
Cf. A Ceia do Senhor na Igreja de Corinto
Cf. Grupos Religiosos no Novo Testamento
Cf. O Texto do Novo Testamento

O novo pacto é uma “superior aliança” instituída sobre “superiores promessas” (Hb 8.6). É eficaz naquilo que o primeiro pacto não o era, visto que provê uma redenção autêntica das transgressões (Hb 9.15), isto é, a remissão dos pecados (Hb 10.15-18), assim tornando possível pleno e livre acesso à presença de Deus (Hb 10.19-22). Além disso igualmente provê um Sumo-Sacerdote todo-competente, em vista de Seu sacrifício consumado de uma vez por todas e de Sua vida “indissolúvel” (Hb 7.15-16), o qual não somente obteve entrada, para Si mesmo e para aqueles aos quais representa, até à presença de Deus, mas igualmente está para sempre assentado ao lado de Deus, no lugar de todo-poder (Hb 1.13), capaz de completar até sua total perfeição a salvação de todos aqueles que O aceitam como Mediador entre Deus e eles mesmos (Hb 7.25). O que Deus fez por Jesus Cristo, ao ressuscitá-Lo dentre os mortos e ao ordenar-Lhe que se assentasse à Sua própria mão direita, na expectativa assegurada de triunfo completo (Hb 10.12-13), serve de garantia e prova da vitória final de Seu povo. Pois Deus fez isso com Ele considerando-O nosso “grande Pastor das ovelhas”; e isso igualmente foi feito mediante o “sangue da eterna aliança” (Hb 13.20). Por conseguinte, por meio desse pacto, selado pela morte de Cristo, há plena e final remissão de pecados, além da perfeição totalmente assegurada para todo o povo de Cristo (Hb 10.8-18). Não há necessidade, e de fato não há possibilidade, de fracasso. Pois, sob esse novo pacto, Deus inscreve Sua lei nos corações daqueles com os quais entrou em relação de aliança (Hb 8.10); e Ele mesmo continua operando a fim de aperfeiçoá-los em tudo quanto é bom para fazer a Sua vontade (Hb 13.20-21).

A grande toda-suficiente garantia desse novo pacto se acha na pessoa e na obra de seu mediador e em sua garantia (Hb 7.21-22; Hb 8.6; Hb 9.14-15). Seus benefícios são administrados por Alguém que está entronizado no alto, o qual nunca morre; “Jesus Cristo ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre” (Hb 13.8). Portanto, o tema mais saliente ou “ponto principal” dessa epístola é declarar que nós, os crentes cristãos sob o novo pacto, “possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus” (Hb 8.1).