O Falar em Línguas na Igreja de Corinto

CORINTO, IGREJA, LÍNGUAS, FALAR, ESTUDO BIBLICO
Os charismata (dons) e a glossolalia (falar em línguas) compõem o tema dos capítulos doze a catorze. Muitos asseguram que a glossolalia aqui ventilada por Paulo consistia de falar em estado de êxtase, não se parecendo com idiomas humanos bem arquitetados. De fato, Paulo afirma que sem o dom da interpretação nem mesmo aquele que fala em línguas sabe o que está dizendo. Entretanto, “interpretação” usualmente significa tradução. Assim sendo, ao que parece, o falar em línguas era um falar miraculoso, em um idioma qualquer não previamente aprendido. E assim, as línguas algumas vezes eram ininteligíveis, não por serem balbucios estáticos e não puros idiomas, mas porque, em algumas ocasiões, nem aquele que falava e nem qualquer pessoa da audiência possuía o dom igualmente miraculoso da tradução. (Vide ainda R. H. Gundry, Ecstatic Utterance (N- E- B.)? Journal of Theological Studies. N.S., 17 (1966), págs. 299-307)

Por valorizarem em demasia a glossolalia, os crentes de Corinto abusavam desse dom. Paulo o desvaloriza, e insiste em que seu uso deveria ser ordeiro e limitado. Às expensas da glossolalia, ele exalta dons espirituais superiores, sobretudo a profecia, que era alguma direta revelação de Deus, necessária na Igreja primitiva, em lugar das Escrituras do Novo Testamento. Acima de tudo, Paulo exalça a ética cristã do amor, na prosa-poema do famoso décimo terceiro capítulo. Ler I Coríntios 12-14.

Cf. Classificação das Cartas Paulinas
Cf. O Fim da Lei na Teologia Paulina
Cf. Regeneração na Teologia Paulina
Cf. Significado do Batismo com Fogo

O conceito paulino da Igreja como o Corpo de Cristo se evidencia com grande proeminência no capítulo doze. Em 14:34,35, dificilmente pode ser tomada em sentido absoluto a proibição das mulheres falarem na igreja, porquanto Paulo acabara de dar instruções, no décimo primeiro capítulo, acerca do uso do véu pelas mulheres, quando orassem ou profetizassem durante a adoração pública. “Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem, em casa, a seus próprios maridos...” (14:35), são palavras que sugerem que Paulo estava proibindo a interrupção do culto na igreja, por parte de mulheres indagadoras, e que talvez também se entregassem a conversas capazes de quebrar a atenção, se porventura se sentassem separadas dos homens, conforme se vê nas sinagogas judaicas.