Filipenses 3 — Comentário Devocional
Filipenses 3
Filipenses 3 fornece diversas aplicações de vida para cristãos e indivíduos que buscam orientação em suas vidas.
1. Conhecendo Cristo Intimamente: Em Filipenses 3:8-10, o Apóstolo Paulo expressa seu desejo de conhecer Cristo mais intimamente, de compartilhar Seus sofrimentos e de se tornar semelhante a Ele em Sua morte. Isto encoraja-nos a priorizar o nosso relacionamento com Jesus Cristo acima de tudo e a procurar uma ligação mais profunda e pessoal com Ele através da oração, do estudo das Escrituras e de uma vida de fé.
2. Contar tudo o mais como perda: Filipenses 3:7 nos encoraja a considerar todo o resto como perda em comparação com o valor insuperável de conhecer a Cristo. Esta aplicação desafia-nos a reavaliar as nossas prioridades e a colocar Cristo no centro das nossas vidas, reconhecendo que as conquistas e posses mundanas são insignificantes em comparação com as riquezas encontradas Nele.
3. Seguir em frente: Filipenses 3:12-14 nos ensina a prosseguir em direção ao objetivo da semelhança com Cristo, esquecendo o que ficou para trás e esforçando-se para alcançar o que está adiante. Esta aplicação de vida nos lembra de não nos debruçarmos sobre erros ou conquistas do passado, mas sim de crescermos continuamente em nossa fé e caráter.
4. Maturidade e Unidade: Filipenses 3:15 encoraja os crentes maduros a terem a mesma mentalidade e concordarem em questões de fé. Isto enfatiza a importância da unidade dentro da igreja e a necessidade dos crentes trabalharem juntos em harmonia, apesar das diferenças de maturidade ou compreensão.
5. Cidadania no Céu: Filipenses 3:20 lembra-nos que a nossa cidadania está no céu, e aguardamos ansiosamente o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Este aplicativo nos incentiva a ver nossas vidas na Terra como temporárias e a viver com uma perspectiva eterna, focando nos valores e princípios celestiais.
6. Transformação dos Nossos Corpos: Filipenses 3:21 fala da transformação dos nossos corpos humildes em corpos gloriosos como o de Cristo. Isto oferece esperança e conforto, especialmente em tempos de sofrimento físico, lembrando-nos que os nossos corpos serão redimidos e aperfeiçoados na ressurreição.
7. Evitar a confiança na carne: Filipenses 3:3 adverte contra colocar confiança na carne e nas realizações externas. Isto encoraja-nos a confiar na graça e misericórdia de Deus em vez de nos nossos próprios esforços e a evitar a auto-justificação ou o orgulho.
8. Imitando o Exemplo de Paulo: Ao longo de Filipenses 3, a vida de Paulo serve como exemplo de alguém que buscou a Cristo com zelo e perseverança. Podemos aplicar isto esforçando-nos por imitar a dedicação e paixão de Paulo por Cristo nas nossas próprias vidas.
Filipenses 3 fornece aplicações de vida valiosas relacionadas com o conhecimento íntimo de Cristo, a priorização da nossa fé, o avanço na nossa jornada espiritual, a promoção da unidade dentro da comunidade de fé, a vida com uma perspectiva eterna e a confiança na graça de Deus em vez dos nossos próprios esforços. Estes princípios podem orientar os indivíduos na sua busca de um relacionamento mais profundo com Cristo e de uma vida cristã mais significativa.
Devocional
3.1 Por precaução, Paulo revê as noções básicas com esses crentes. A Bíblia é nossa salvaguarda, tanto moral como teologicamente falando. Quando a lemos individualmente ou em público, ela nos alerta para as correções que devemos fazer em nossos pensamentos, atitudes e ações.3.2-3 Provavelmente, esses “cães” e “maus obreiros’ eram os judaizantes - judeus cristãos que acreditavam, erroneamente, ser essencial aos gentios a obediência a todas as leis judaicas do AT, especialmente a submissão ao rito da circuncisão, a fim de receberem a salvação. Muitos judaizantes estavam motivados apenas pelo orgulho espiritual. Por terem investido tanto tempo e esforço para conservar suas leis. não podiam aceitar o fato de que todos esses esforços não os levavam a um passo mais próximo da salvação. Paulo criticava os judaizantes por interpretarem o cristianismo de modo errôneo acreditavam que o que os tornava crentes era seu ato (a circuncisão - isto é, cortar ou mutilar a carne), e não a dádiva da graça recebida gratuitamente de Cristo. Aquilo que os crentes fazem é resultado de sua fé. não um pré-requisito para a fé. Isso havia sido confirmado pelos primeiros líderes da Igreja no Concilio de Jerusalém, onze anos antes (At 15). Quem seriam os judaizantes de nossos dias? São aqueles que dizem que as pessoas devem acrescentar algo mais a uma simples fé. Ninguém deve acrescentar nada à oferta da salvação feita por Cristo, pela graça, pela fé.
3.2-3 É fácil colocar mais ênfase no esforço humano do que na fé interior; mas, acima de tudo. Deus valoriza a atitude de nosso coração. Não julgue a espiritualidade dos outros pela forma como cumprem suas obrigações ou pelo seu nível de atividade humana. E não pense que satisfará a Deus se apenas fizer a sua obra, mesmo que de modo fervoroso. Deus conhece tudo aquilo que você faz por Ele. e somente irá recompensar-lhe por isso se suas atitudes forem uma resposta amorosa à dádiva que o Senhor nos concede gratuitamente: a salvação.
3.4-6 À primeira vista, parece que Paulo está se gabando de suas realizações. Mas. na verdade, ele está fazendo o oposto quando mostra que as conquistas humanas, por mais surpreendentes que sejam, não podem levar uma pessoa à salvação e à vida eterna com Deus. Paulo tinha credenciais impressionantes: origem, nacionalidade, formação familiar, herança, ortodoxia no judaísmo.
3.5 Paulo pertencia à tribo de Benjamim, uma herança extremamente considerada pelos judeus. De sua tribo, havia nascido o primeiro rei de Israel, Saul (1 Sm 10.20-24). As tribos de Benjamim e Judá foram as duas únicas tribos a retomar a Israel depois do Exílio (Ed 4.1). Paulo também era um fariseu, isto é, membro do uma devota seita judaica que escrupulosamente guardava suas próprias e inúmeras regras, além das leis de Moisés. Ouvintes judeus certamente teriam ficado impressionados com essas suas duas credenciais.
3.6 Por que Paulo, um sincero e dedicado líder judeu, perseguia a Igreja? Paulo pensava, assim como os lideres dessa instituição religiosa, que o cristianismo era uma crença herética e blasfema. Como Jesus não atendia às expectativas que tinham em relação ao Messias. Paulo presumiu que suas afirmações eram falsas e, portanto, iníquas. Além disso, considerava o cristianismo uma ameaça política porque poderia romper a frágil harmonia entre os judeus e o governo de Roma.
3.7 Quando Paulo fala de “o que para mim era ganho”, está se referindo à suas credenciais, reputação e sucessos. Depois de mostrar que poderia vencer os judaizantes conforme as regras e padrões deles (pois demonstravam orgulho de sua identidade e realizações). Paulo mostrou que estavam errados. Tenha cuidado ao atribuir uma importância excessiva ás realizações do passado. pois elas podem interferir em seu relacionamento com Deus.
3.8 Depois que Paulo avaliou o que havia conquistado em sua vida. disse que tudo aquilo era “perda” quando comparado à grandeza de conhecer a Cristo. Essa é uma profunda declaração a respeito de valores; o relacionamento de uma pessoa com Cristo é mais importante do que qualquer outra coisa. Conhecer a Jesus Cristo deve ser nosso supremo objetivo. Considere seus valores. Será que você está colocando alguma coisa acima de seu relacionamento com Cristo? Se suas prioridades estão erradas, como você poderá reorganizá-las?
3.9 Nenhuma medida de obediência à lei, aperfeiçoamento próprio, disciplina ou esforço religioso poderá nos tornar agradáveis a Deus. A justiça vem somente dEle. Tornamo-nos justos (adquirimos uma correta posição perante Ele) pela confiança em Cristo. Ele troca nossos pecados e fraquezas por sua perfeita justiça. Veja 2 Coríntios 5.21 para mais detalhes sobre a dádiva da justiça de Cristo.
3.9-10 Paulo desistiu de tudo - família, amigos e liberdade - a fim de conhecer a Cristo e o poder de sua ressurreição. Nós também temos acesso a esse conhecimento e a esse poder, mas talvez tenhamos que fazer alguns sacrifícios para que possamos desfrutá-los inteiramente. Do que você estaria disposto a desistir a fim de conhecer a Cristo? De uma agenda repleta de compromissos para reservar alguns minutos para a oração e para o estudo da Bíblia? Da aprovação de seus amigos? De alguns de seus planos ou prazeres? Seja o que for, lembre-se de que Cristo vale muito mais do que qualquer sacrifício.
3.10 Quando nos tornamos um em Cristo, por nossa confiança nEle. experimentamos o poder que o ressuscitou dos mortos. Esse mesmo poder supremo nos ajudará a viver moralmente renovados e regenerados. Mas antes de podermos caminhar nessa nova vida, temos que morrer para o pecado. Assim como a ressurreição nos dá o poder de Cristo para vivermos por Ele, sua crucificação registra a morte de nossa antiga natureza pecaminosa. Não podemos conhecer a vitória da ressurreição sem termos aplicado a crucificação á nossa vida pessoal.
3.11 Quando Paulo escreveu “para ver se. de alguma maneira, eu possa chegar à ressurreição dos mortos”, não estava querendo transmitir incerteza ou dúvida. O apóstolo não tinha certeza da maneira como encontraria a Deus, se pela execução ou se pela morte natural. Mas não tinha dúvida de que ressuscitaria, mesmo sabendo que esse acontecimento estava dentro da esfera do poder de Deus. e não do seu.
3.11 Assim como Cristo foi exaltado depois de sua ressurreição. nós também participaremos de sua glória (Ap 22.1-7). Paulo sabia que iria morrer em breve, mas tinha fé de que ressuscitaria para a vida.
3.12-14 Paulo disse que seu objetivo era conhecer a Cristo, ser semelhante a Cristo e ser tudo aquilo que Cristo pretendia que ele fosse. Esse objetivo consumia todas as suas energias. Esse é um excelente exemplo para nós. Não devemos deixar que coisa alguma desvie nossos olhos de nosso objetivo - conhecer a Cristo. Com a dedicação e a determinação de um atleta em treinamento. devemos deixar de lado o que for pernicioso e abandonar tudo aquilo que possa desviar nossa atenção a fim de sermos cristãos eficientes. O que o detém?
3.13, 14 Paulo tinha razões para esquecer o passado - havia segurado as vestes daqueles que tinham apedrejado Estevão, o primeiro mártir cristão (At 7.57.58. Aqui Paulo é chamado de Saulo). Todos nós já fizemos alguma coisa da qual nos envergonhamos e vivemos sob a tensão do que já fomos e do que queremos ser. Entretanto, como nossa esperança está em Cristo. podemos esquecer as culpas do passado e olhar ã frente para o que Deus nos ajudará a ser. Não fique preso ao passado, antes cresça no conhecimento de Deus. concentrando-se no relacionamento que você tem agora com Ele. Entenda que foi perdoado e. então, caminhe em direção a uma vida de fé e obediência. Você pode esperar uma vida mais completa e significativa por causa de sua esperança em Cristo.
3.15-16 Às vezes, a tentativa de viver uma vida cristã perfeita pode ser muito difícil, a ponto de nos deixar esgotados e desanimados. Sentindo que estamos muito longe da perfeição, podemos até mesmo crer que nunca agradaremos a Deus com nossa vida. Paulo menciona a perfeição (3.12) no sentido de ser maduro ou completo, e não de ser impecável em todos os detalhes. Aqueles que são maduros devem continuar a buscar incessantemente o poder do Espírito Santo, sabendo que Cristo revelará e preencherá qualquer discrepância entre o que somos e o que devemos ser. A provisão de Cristo não representa uma desculpa para a morosidade na devoção, mas fornece alívio e segurança àqueles que se sentem orientados, caminhando na direção correta.
3.16 A maturidade cristã inclui agir sob a orientação que já recebemos. Podemos sempre conseguir desculpas, dizendo que ainda temos muito a aprender. O ensino que recebemos diz que devemos viver à altura daquilo que já aprendemos, colocando-o constantemente em prática. Não precisamos nos desviar de nosso caminho por causa de uma infindável busca da verdade, pois já a encontramos.
3.17 Paulo desafiou os filipenses a imitarem a Cristo usando seu próprio padrão ou exemplo. Isso certamente não quer dizer que deviam copiar tudo o que o apóstolo fazia, pois tinha acabado de afirmar que não era perfeito (3.12). Mas, assim como direcionava sua vida buscando ser semelhante a Cristo, os filipenses também deveriam imitá-lo. Os Evangelhos talvez ainda não tivessem sido divulgados. Portanto, Paulo não poderia pedir que lessem a Bíblia para que conhecessem mais a pessoa de Cristo. Assim sendo, restava-lhe pedir que o imitassem. E isso representa um testemunho de seu caráter. Será que você pode fazer o mesmo? Em que espécie de seguidor se transformaria um novo cristão que lhe imitasse?
3.17-21 Paulo criticava não só os judaizantes (ver a primeira nota sobre 3.2-3), mas também os cristãos comodistas ou auto indulgentes, aquelas pessoas que afirmavam ser cristãs mas não viviam de acordo com o modelo de serviço e sacrifício de Cristo. Tais pessoas satisfazem a seus próprios desejos antes de pensar nas necessidades alheias. A liberdade em Cristo não significa liberdade para ser egoísta. Significa aproveitar todas as oportunidades para servir e se tornar a melhor pessoa possível.
3.20 Os cidadãos filipenses tinham o mesmo direito e os mesmos privilégios dos cidadãos de Roma, porque Filipos era uma colônia romana. Da mesma forma, nós cristãos um dia gozaremos de todos os privilégios especiais de nossa cidadania celestial porque pertencemos a Cristo. Não devemos nos prender tanto a essa vida a ponto de ficarmos tristes pela volta de Cristo.
3.21 A frase “nosso corpo abatido” não implica qualquer atitude negativa em relação ao corpo humano. Entretanto, os corpos que receberemos depois da morte serão tão gloriosos quanto o corpo ressuscitado do Senhor Jesus Cristo. Aqueles que lutam com a dor. as limitações, defeitos físicos ou incapacidades podem ter uma maravilhosa esperança na ressurreição. Para uma discussão mais detalhada sobre o nosso novo corpo, veja 1 Coríntios 15.35ss e 2 Coríntios 5.1-10.