“Deus” no Evangelho de Mateus
Ao mesmo tempo em que a vida e o ministério de Jesus são o foco do Evangelho de Mateus, ele também deixa claro que o que Jesus disse e fez, como também os eventos que conspiraram para levá-lo à cruz, faz parte do plano e do propósito de Deus. O principal sentido de salientar esse ponto é a frequente ligação de eventos da vida de Jesus com passagens do Antigo Testamento. Todos os escritores dos evangelhos, em um grau ou outro, retratam a vida e o ministério de Jesus como o cumprimento da profecia e da expectativa do Antigo Testamento. Mas Mateus é particularmente característico em relação a isso. Seu evangelho caracteriza-se por uma série de citações do Antigo Testamento introduzidas com o uso do verbo “cumprir” na voz passiva (plérothênaí). A primeira ocorrência no evangelho de Mateus ilustra a natureza dessas introduções: “Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta” (Mt 1.22). A essa introdução, segue-se uma citação de Isaías 7.14. Diz-se que o evento, ou circunstância, acontece de acordo com o plano e propósito de Deus.
Diversas dessas citações são ligadas às circunstâncias do nascimento de Jesus, da subsequente fuga da família para o Egito e do retorno para que a família se estabelecesse em Nazaré. Esses eventos, do ponto de vista do ser humano, parecem uma estranha variação ao auspicioso início, geralmente associado a um rei, a um rei divino, em especial. Mesmo em seus primeiros dias, o “Filho amado” e sua família tiveram de fugir da perseguição em Israel. Eles retornaram apenas para fixar residência nas “regiões” remotas da Galileia, longe do centro de influência política e religiosa de Jerusalém em que se esperava que um rei davídico residisse. No entanto, Mateus, com esse recurso de citações do Antigo Testamento, mostra que, nessas exigências aparentemente espontâneas, pode-se observar a mão determinada de Deus cumprindo seu plano na vida de Jesus. Mateus, na apresentação da genealogia de Jesus, também ilustra que o propósito de Deus é alcançado apesar das circunstâncias adversas e do comportamento deplorável de algumas dessas pessoas que aparecem na genealogia. Mateus, no primeiro versículo de seu evangelho, diz que Jesus é descendente de Davi e de Abraão.
A seguir, exploraremos a relevância dessas designações para o retrato que Mateus apresenta de Jesus. Por ora, é suficiente dizer que a linhagem abraâmica e davídica de Jesus envolve muitas guinadas e voltas penosas que, todavia, não impedem a realização do plano divino. A menção das quatro mulheres na genealogia de Jesus (Mt 1.1-17) é uma ilustração disso. Não se pode determinar com certeza por que Mateus, ao contrário da prática usual de citar apenas os homens, escolhe mencionar essas mulheres. Contudo, é digno de nota que Tamar (v. 3), Raabe (v. 5), Rute (v. 5) e Bate-Seba (v. 6, mencionada apenas como “mulher de Urias”) eram gentias e, no caso de Tamar, Raabe e Bate-Seba, o nome de cada uma delas está ligado a casos de imoralidade. Elas servem para lembrar o leitor de que Deus demonstrou misericórdia com gentios “indignos” no passado e também que o plano de Deus não pode ser frustrado pelas falhas humanas.
A linhagem do Messias é marcada por alguns personagens questionáveis, os tipos que um genealogista seletivo poderia ficar inclinado a não mencionar. Esses personagens, embora não sejam modelos de comportamento (conforme veremos, Mateus estabelece os mais altos padrões éticos), são um lembrete de que, com frequência, a graça de Deus estende-se às pessoas mais improváveis, as quais, por sua vez, servem para desenvolver os propósitos dEle no mundo. Esse tema de que o plano de Deus avança por meio das pessoas mais improváveis e em face de circunstâncias inescrutáveis aparece repetidas vezes no evangelho de Mateus. Um texto clássico em relação a esse tema é a oração de Jesus de ação de graças e de louvor a Deus: “ [...] Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve” (11.25,26; cf. Lc 10.21). Essa declaração está ligada ao tema da seção precedente, a missão dos discípulos (que se inicia em Mt 9.35). Ela é um lembrete de que a resposta adequada à pregação deles está inseparavelmente relacionada à obra de Deus de tornar o coração e a mente receptivos à mensagem que os discípulos de Jesus proclamam e também de lembrar que essa graça se estende com mais frequência àqueles que são menos considerados pela sociedade em geral.
Os próprios discípulos são um caso em pauta. Eles, um grupo heterogêneo de personagens diversos, parecem candidatos improváveis ao papel de representar Jesus e de desenvolver o ministério dEle. Contudo, foi a esses que Deus concedeu revelações a respeito de quem é Jesus. Isso é revelado com clareza no relato de Mateus sobre a confissão de Pedro. Este, em resposta à pergunta: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”, declara: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (16.13,16). Todavia, a resposta de Jesus deixa claro que Pedro não chegou a esse fato por sua inteligência ou habilidade intelectual, por mais que ele pudesse ter essas duas coisas em boa quantidade (v. 17). Pedro era um dos “pequeninos”, mencionados por Jesus na passagem 11.25, para quem Deus revelou essa verdade. Observe o registro próprio de Mateus das palavras de Jesus para Pedro nessa ocasião: “ [...] Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus” (16.17). E Deus quem revela (as passagens 11.25 e 16.17 usam o mesmo verbo, apokaluptõ), conforme lhe apraz (11.26), essa verdade às pessoas. Jesus, em sua resposta à pergunta dos discípulos a respeito do uso que faz de parábolas (13.10: “Por que lhes falas por parábolas?”), também expressa essa mesma visão da obra divina de Deus de revelar a verdade para alguns, mas não para outros. Ele responde aos discípulos: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não lhes é dado” (v. 11). As vezes, nesse tipo de declaração, chama-se o uso da voz passiva (“é dado conhecer”) de “passivo divino”: Dessa forma, os escritores e oradores judeus podiam se referir a um ato de Deus sem mencionar explicitamente o nome dEle, e essa forma de falar era considerada reverente.3 Mas entendia-se quem executava a ação do verbo. Mais uma vez, o ponto é que o ato da revelação por meio da qual a pessoa entende e acredita na mensagem proclamada por Jesus é algo feito por Deus.
Os próprios discípulos são um caso em pauta. Eles, um grupo heterogêneo de personagens diversos, parecem candidatos improváveis ao papel de representar Jesus e de desenvolver o ministério dEle. Contudo, foi a esses que Deus concedeu revelações a respeito de quem é Jesus. Isso é revelado com clareza no relato de Mateus sobre a confissão de Pedro. Este, em resposta à pergunta: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”, declara: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (16.13,16). Todavia, a resposta de Jesus deixa claro que Pedro não chegou a esse fato por sua inteligência ou habilidade intelectual, por mais que ele pudesse ter essas duas coisas em boa quantidade (v. 17). Pedro era um dos “pequeninos”, mencionados por Jesus na passagem 11.25, para quem Deus revelou essa verdade. Observe o registro próprio de Mateus das palavras de Jesus para Pedro nessa ocasião: “ [...] Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus” (16.17). E Deus quem revela (as passagens 11.25 e 16.17 usam o mesmo verbo, apokaluptõ), conforme lhe apraz (11.26), essa verdade às pessoas. Jesus, em sua resposta à pergunta dos discípulos a respeito do uso que faz de parábolas (13.10: “Por que lhes falas por parábolas?”), também expressa essa mesma visão da obra divina de Deus de revelar a verdade para alguns, mas não para outros. Ele responde aos discípulos: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não lhes é dado” (v. 11). As vezes, nesse tipo de declaração, chama-se o uso da voz passiva (“é dado conhecer”) de “passivo divino”: Dessa forma, os escritores e oradores judeus podiam se referir a um ato de Deus sem mencionar explicitamente o nome dEle, e essa forma de falar era considerada reverente.3 Mas entendia-se quem executava a ação do verbo. Mais uma vez, o ponto é que o ato da revelação por meio da qual a pessoa entende e acredita na mensagem proclamada por Jesus é algo feito por Deus.
Embora essas declarações possam confundir aqueles que se acham donos de seu destino, é improvável que Mateus as registre apenas para esse propósito. Antes, essas afirmações a respeito da soberania de Deus, particularmente ligadas à resposta positiva à mensagem de Jesus e a respeito dEle, servem para acalmar as inquietações que os discípulos pudessem ter em relação à adequação e eficácia deles para a responsabilidade confiada a eles. A recepção adequada à mensagem que eles proclamam é, em última instância, um feito de Deus, não deles. Eles têm um ministério a exercer e devem exercê-lo de uma forma que agrade a Deus; no entanto, o resultado do ministério não é responsabilidade deles. Esse é um conceito libertador não só para aqueles acossados por dúvidas em relação a si mesmos (momentos que, compreensivelmente, a média dos indivíduos chamados a executar a obra de Jesus enfrenta), mas também para aqueles embriagados pela autoconfiança (Pedro, assim como outros, também passou por esses momentos) e que tentam, por meio do charme ou da prática manipuladora, exagerar o efeito do evangelho entre seus ouvintes.
Para uma minoria assediada, o que, em geral, a Igreja do século I o era, a garantia da soberania de Deus é uma palavra de encorajamento. Sem dúvida, esse tipo de pensamento poderia levar à passividade ou produzir uma mentalidade escapista; no entanto, a apresentação de Mateus percorre um longo caminho a fim de impedir essa eventualidade. Mateus, de modo característico, não hesita em registrar o fato de que João Batista e Jesus cumpriram a vontade de Deus e que, ao fazer isso, seguiram o caminho que os levou ao martírio. Nisso, vemos a mão de Deus até mesmo no início do ministério público de Jesus. Logo após o batismo de Jesus, ainda com as palavras de Deus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (3.17), ecoando nos ouvidos dos leitores, Mateus registra a tentação de Jesus, introduzindo-a com estas palavras: “Então, foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo” (4.1). Cada um dos escritores sinóticos registra a tentação de uma maneira bastante distinta, peculiar ao escritor, mas os leitores de Mateus não podem deixar escapar o fato de que a mão de Deus está presente nessa experiência da tentação de Jesus. Ele é conduzido (voz passiva) pelo Espírito (o agente de Deus) a fim de ser tentado (outro verbo na voz passiva, dessa vez um infinitivo que transmite propósito) pelo Diabo (o agente da tentação). Em vista das citações subsequentes de Deuteronômio por parte de Jesus (4.4,7,10), o leitor poderia achar que a experiência de Israel no deserto é a contraparte do Antigo Testamento para essa provação de Jesus (cf. Dt 8.2).
No entanto, deve-se desculpar o leitor se a história de Jó também vier à mente. Embora seja possível ver claramente que o que aconteceu a Jó era do conhecimento de Deus, naquele relato, Satanás, pelo menos, vai até Ele para pedir permissão para o que se seguiu. No caso de Jesus, Ele é levado a essa tentação pelo Espírito! O pedido final da oração (modelo) do Pai Nosso, “E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal” (Mt 6.13), assume um sentido especial quando visto à luz da experiência de Jesus no deserto. Tiago afirma, com acerto, que Deus mesmo não tenta ninguém (Tg 1.13), mas Mateus não deixa dúvida de que, às vezes, Ele permite que seus filhos sejam tentados. Da mesma forma, Mateus deixa claro que as provações podem levar ao martírio, como aconteceu com Jesus e João Batista. Mateus, na responsabilidade missionária transmitida aos discípulos por Jesus, inclui esta palavra de advertência: “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai” (10.28,29). Se alguém inventasse a categoria de “ditos assustadores” para as afirmações bíblicas, essa certamente seria uma candidata. Contudo, ela também fornece uma palavra de garantia em relação ao cumprimento do plano de Deus para seu povo no mundo.
A experiência de oposição, de perseguição e até mesmo de martírio não é uma indicação de que Deus se separou de seu povo ou virou as costas para ele. Essas são experiências que acontecem, como aconteceram com João e Jesus, e aos servos mais seletos de Deus. O pardal não cai sem a vontade de Deus. Todavia, o pardal cai. Essa é a visão de Mateus da vontade de Deus. Isso, sem dúvida, não é tudo que Mateus escreve sobre a forma como Deus realiza seu plano para este mundo por intermédio de seus servos da Igreja. Contudo, esse é um lembrete de que este Deus, conforme descrito com frequência por Mateus, realiza seus propósitos de formas inesperadas e, muitas vezes, desafiadoras, de acordo com o ponto de vista do homem. Entretanto, Ele, ao fazer isso, não é um Deus afastado de seu povo nem indiferente à situação dele. O Senhor está profundamente preocupado com o bem-estar de seu povo, consciente das suas necessidades e desejoso de cuidar de cada um. Várias passagens do Sermão do Monte apresentam esse ponto.
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Na sentença introdutória do Pai Nosso, os discípulos recebem a garantia da preocupação real de Deus para com eles: “[...] Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes” (6.8). Poucos versículos adiante, reafirma-se essa garantia, quando os discípulos são informados que não precisam se preocupar com o alimento e a vestimenta, pois o “Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas” (v. 32) e que “todas essas coisas [lhes] serão acrescentadas” (v. 33). Da mesma forma, descreve-se Deus como o doador de “boas coisas” para os que lhe pedem isso (7.11). Essas “boas coisas” não incluem apenas as necessidades da vida física, mas também as bênçãos espirituais associadas ao evangelho (cf. o uso da mesma palavra, agatha, “boas” em Rm 10.15 [Is 52.7] e Hb 10.1).5 O cuidado de Deus em relação a todos os membros da comunidade de discípulos também vem à tona na parábola da ovelha perdida (Mt 18. 12- 14), registrada em um capítulo que contém várias instruções a respeito da manutenção do relacionamento correto com os seguidores de Cristo. O versículo que introduz essa parábola enfatiza como aqueles que, por muitos motivos, são pouco estimados pelos outros membros da comunidade, entretanto, são importantes para Deus.
Na verdade, o versículo é uma advertência: “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus” (18.10). Embora, às vezes, entenda-se que esse versículo diz que todos os cristãos têm um anjo da guarda designado para cuidar deles, é provável que essa seja uma interpretação extremada da declaração. O que se afirma é que os anjos da mais alta ordem (os mais próximos de Deus) ministram para os pouco estimados (kataphroneõ quer dizer “desprezar” ou “tratar com desprezo”) pela sociedade humana. Esse é um lembrete de que Deus valoriza as diferenças da humanidade e também que a avaliação que alguém faz da importância dos outros pode ser distinta da avaliação de Deus e, portanto, talvez os critérios de avaliação precisem ser revistos. A parábola da ovelha perdida (18.12-14) é uma ilustração disso. Jesus foca um membro da comunidade que se desviou (a palavra descritiva planaõ quer dizer “levado a desviar” ou “desencaminhar”, por conseguinte, “enganar” ou “corromper”). Talvez a resposta de alguns seja: “Bons ventos o levam”, ou: “Estamos contentes que ele se foi”. Contudo, por mais que alguns sejam propensos a tratar esse desviado com desprezo, as palavras de Jesus, aqui, são um lembrete contundente de que a pessoa fraca e desviada é importante para Deus.
Deve-se procurar essa pessoa com solicitude e, se possível, salvá-la do erro de seu caminho. “[...] Não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca” (18.14). Essa afirmação da preocupação de Deus com o perdido não se restringe àqueles que se consideram discípulos. Mateus também registra as palavras de Jesus sobre o cuidado de Deus com o mundo, geralmente como fundamento para exortar os discípulos a demonstrar amor por todas as pessoas, até mesmo seus adversários: “[...] Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (5.44,45). O ponto está bem claro. Deus concede bênçãos naturais de forma abrangente e incondicional. Os discípulos, da mesma forma, devem amar os outros, fazer o melhor para eles e orar para que os inimigos se tornem aliados.
No entanto, parece haver uma dissonância nessa comparação por causa da discrepância entre o natural e o espiritual. Podemos ver e sentir o sol e a chuva. A oração, com certeza, é menos tangível. Dar pão ao inimigo parece uma comparação mais apropriada, mas a ilustração um tanto enigmática é comum no estilo de ensino de Jesus. Esse estilo provoca o pensamento e não dá espaço para a complacência. E o Antigo Testamento, como muitas vezes é o caso, fornece um ponto de conexão que serve para elucidar e revelar a simetria da comparação. No Antigo Testamento, a ordem de Deus para que haja sol e chuva não é retratada apenas em termos de uma bênção natural. Antes, os elementos da natureza também testemunham por Deus: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. [...] ouvem-se as suas vozes em toda a extensão da terra, e as suas palavras, até ao fim do mundo” (SI 19.1,3,4). Da mesma forma, o relato do protesto de Paulo, contra a lisonja dirigida a Barnabé e a ele, comprova o testemunho da natureza: “[...] Não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos” (At 14.17). Os elementos naturais são uma declaração de Deus para toda humanidade a respeito de si mesmo.
De forma semelhante, os discípulos, em sua resposta ao mandamento de amar todas as pessoas, devem testemunhar por Deus e manifestar, por meio de suas obras, a bondade do Senhor. Assim, a comparação completa-se no objetivo do empreendimento missionário de trazer todas as pessoas ao ponto em que também podem glorificar a Deus e orar com propósito a súplica inicial do Pai Nosso: “[...] Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (6.9). Mas isso é antecipar outro aspecto da teologia de Mateus. Todavia, antes de considerarmos esse aspecto, devemos dar atenção à principal figura do Evangelho de Mateus.