Livro de Adão
Título
geral aplicado a um número de obras não canônicas, que tratam dos eventos reais
ou imaginários na vida dos membros da primeira família. Existem duas versões principais
da história, que merecem destaque: (1) O Apocalipse de Moisés, em grego; (2) Vida de Adão e Eva, em latim. O
autor Charles Wells (Apocrypha and Pseudepigrapha, p. 128) acredita que o primeiro é mais
antigo, mas alguns especialistas acham que ambos procedem da mesma fonte. Existem
versões menores em várias línguas. (1) em armênio, num texto próximo de um dos manuscritos
do Apocalipse de Moisés; (2) em língua
eslava, nove manuscritos semelhantes ao grego; (3) textos siríacos e arábicos,
do Testamento de Adão — Apocalipse de Adão. Certos aspectos desta obra parecem ter sido
emprestados do Apocalipse de Moisés,
xxxvi-xl. (4) Livros sobre Adão em etíope, Conflict
of Adam and Eve podem ter sido emprestados do Testamento de Adão, juntamente com o Siriaco Caverna de Tesouros. Ambas as obras expandem e comentam porções do Apocalipse de Moisés e da Vida de Adão e Eva em latim. (5) Outros
livros armênios, encontrados no mesmo pacote com a tradução armênia da Vida de Adão e Eva, incluem no mínimo sete tratados, provavelmente
de origem cristã e/ou obras gnósticas de caráter antijudeu.
Da
mesma forma que os livros etíopes, eles advogam o celibato. Parece não haver
nenhuma relação direta entre as duas maiores versões e o texto gnóstico Nag
Hammadi, o Apocalipse de Adão (veja
artigos). Por causa dos hebraísmos, dos paralelos rabínicos e da ausência de
qualquer polêmica anticristã, Wells conclui que o original (provavelmente hebraico
ou aramaico) foi escrito por um judeu, talvez em Alexandria, algum tempo depois
de 60 d.C. e não depois do século 4°; sendo que a data mais antiga é mais
provável. R. H. Pfeiffer (IB, I, 426) acredita que as datas originais sejam anteriores
a 70 d.C. A versão grega começa com a expulsão dos primeiros pais do Jardim do
Éden. Num sonho, Eva previu o assassinato de Abel nas mãos de Caim. Adão sofreu
enfermidade e dor pela primeira vez, no final de sua vida. Sete e Eva tentaram tirar
óleo da Arvore da Vida para curá-lo. Sete foi atacado por uma fera que se
recusava a respeitar a imagem de Deus no homem.
O
arcanjo Miguel apareceu e disse a Sete que a enfermidade de Adão era incurável.
Quando este morreu, sua alma foi levada ao terceiro céu, depois de ser
purificada. Eva instruiu Sete a registrar os eventos da vida dos pais em
tabletes de pedra. Adão foi sepultado por anjos, sendo Sete a única testemunha.
Quando morreu, Abel também foi sepultado pelos anjos. Eva morreu uma semana
depois. Miguel deu instruções a Sete, concernentes ao seu sepultamento e o
advertiu a não prantear por mais de seis dias (cp. Jub. 2.23). Certos
elementos, que faltam no texto grego, estão presentes na versão em latim.
Depois de serem expulsos, Eva pediu a Adão para matá-la, porque ela trouxera a
calamidade sobre eles. Adão sugeriu um período de arrependimento, no qual ele deveria
permanecer no rio Jordão durante quarenta dias e ela, no rio Tigre por trinta e
sete. Eva sofreu uma segunda sedução no oitavo dia, quando Satanás, na forma de
anjo de luz, lhe disse para ir embora, pois já tinha sido perdoada. Adão expôs o
engano. Satanás então disse que tinha ciúmes de Adão, porque Deus havia dito:
“que todos os anjos de Deus o adorem” (SI 8.2). B