Apocalipse 16 — Estudo Devocional
Apocalipse 16
16.1 ira de Deus. Como entender um Deus amoroso, que agora se mostra irado? Ajudará se percebermos o tamanho da maldade humana. Pense na corrupção dos políticos, retirando dinheiro do povo para benefício próprio; nos abusadores de crianças; nos que enriquecem às custas da miséria e do vício dos mais fracos. Essas características estão presentes no coração de todos os humanos, e a justiça e santidade de Deus, juntamente com seu amor e sua verdade, não poderiam mesmo ignorar tanta maldade. Isso é reafirmado no v. 5 (“Tu és justo... ó Deus santo”) e no v. 7 (“os teus julgamentos são... verdadeiros e justos”). Uma coisa, então, não contradiz a outra se entendermos que Deus mostra a sua graça e bondade para conosco até mesmo nos disciplinando e nos corrigindo, ainda que duramente, se necessário for. Sua misericórdia foi maior que o juízo ao oferecer gratuitamente o castigo substitutivo em Jesus Cristo, livrando assim todos os que nele creram. Agora estamos no momento do castigo dos que recusaram a oferta da salvação. Veja o quadro “Os pecados e a salvação em Jesus” (Jo 3)16.6 lhes deste sangue para beber. A água potável se transforma em sangue para vingar o sangue de todos os mártires — aqueles que se deixaram matar pelos inimigos de Deus porque consideraram a vida em Deus mais preciosa que a vida na terra. Estes são as testemunhas da fé, que nos inspiram a ficarmos firmes em Cristo no sofrimento, recebendo o que merecem. Isso é verdade, mas preste atenção quando sente algum prazer na condenação e castigo que atingem outras pessoas, porque diante de Deus não há bondade em nenhum de nós. Se somos poupados em algum momento e em determinadas circunstâncias, é por ato misericordioso do próprio Deus, que ofereceu Jesus para sofrer em nosso lugar.
16.9 e amaldiçoaram o nome de Deus. Aqui se pode retirar um critério para discernir reações perante o sofrimento: quando ficamos na presença de Deus, enternecemos o coração em meio à dor — seu Espírito Consolador faz esta obra em nós — e assim buscamos o abrigo do Pai em Jesus Cristo. Quando, porém, nos afastamos de Deus, endurecemos o coração e ainda blasfemamos contra Deus.
Blasfemar é diferente de reclamar: podemos levar nossas queixas a Deus — isso é sinal de que me relaciono com ele, e espero nele. O blasfemar não busca nenhum relacionamento; pelo contrário, só visa xingar e explodir em revolta e rejeição, não se arrependeram. É doloroso admitir que o ser humano é capaz de resistir teimosamente aos propósitos de Deus e se opor irremediavelmente. Que terrível disposição perversa e maligna podemos abrigar em nosso íntimo! Precisamos admitir que, por inclinação natural, temos uma atitude hostil a Deus, e não o contrário.
16.14-16 grande Dia de Deus. É correto pensar que a história, tal como hoje a percebemos, terá fim neste esperado “grande dia”. Lembrando que o Apocalipse utiliza a linguagem do Antigo Testamento para falar do povo de Deus atual, o Armagedom muito provavelmente será uma perseguição mundial contra os verdadeiros cristãos, e não uma batalha palestina. Será em meio a este cerco, também representado pelo assassinato das duas testemunhas (cap. 11) e pelo cerco ao final dos mil anos (Ap 20.7-9), que Jesus voltará (v. 15), e trará o fim do mundo como o conhecemos. A cosmovisão cristã aponta para a concretização definitiva dos propósitos de Deus, com a extirpação do mal e suas consequências danosas.
16.13 que saíam da boca. Haverá palavras sedutoras que querem fazer o coração se voltar contra Deus; o sofrimento pode ser uma ocasião perigosa nesse sentido, com ofertas tentadoras de revolta contra Jesus.
16.14 espíritos maus que fazem milagres. Se parece possível que o aparente mal provenha do Deus bondoso, aqui constatamos o inverso: espíritos maus que promovem um bem aparente. Ao analisar os fatos numa perspectiva maior, concluímos que não é seguro acreditar em qualquer feito extraordinário, sem questionar a sua origem e o seu significado. Pois se provêm de forças malignas, mesmo sendo verdadeiramente milagroso, o resultado será ruim em seu final.
16.15 Feliz aquele que vigia. O convite é para vigiar e aguardar a vinda do Senhor, que acontecerá nesse contexto de vida muito difícil e propostas enganosas. A roupa representa nossas ações, nossa conduta. Esse versículo, então, como que interrompe a descrição de várias tragédias e se nos apresenta como um alerta: “escutem, estejam atentos, guardem-se em adequada compostura”. O desígnio maior do livro de Apocalipse é manter-nos alertas e vigilantes. Feliz quem não se deixa corromper, não deixando manchar o traje de filho e filha de Deus. Podemos sempre lembrar que Jesus é a nossa força, ele tem nossa causa e um dia vai vingá-la e enxugar toda lágrima.
16.17 Está feito! A voz forte que veio do trono garante que tudo sempre esteve sob o controle daquele que tem o poder maior. “Tudo está completado” foi a expressão de Jesus Cristo ao cumprir cabalmente a tarefa de redenção da humanidade (Jo 19.30). Se ainda havia resistência e oposição às obras de Deus, tudo não passava de gestos agônicos e desesperados que não prevaleceriam, pois a vitória final já estava estabelecida desde então. Agora ela terminou de se concretizar, “assim na terra como no céu”.
16.21 E as pessoas amaldiçoaram a Deus. Em todos os tempos, as pessoas que recusam o senhorio de Cristo ficam endurecidas. Quando a pessoa endurece o coração contra Deus, ainda vai blasfemar em meio ao sofrimento e acusá-lo como responsável. O coração endurecido não vê a sua própria culpa e não consegue reconhecer erros. No processo do aconselhamento podemos ajudar a pessoa a ser “argila” nas mãos dele, para que o coração amoleça e não reverta em endurecimento e distanciamento. Veja o quadro “O arrependimento” (Ap 9)
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