Apocalipse 17 — Estudo Devocional

Apocalipse 17

17.1-20.14 Venha, e eu vou lhe mostrar. Nos caps. 17—20 as visões passam a descrever com mais detalhe vários eventos já mencionados anteriormente: o reinado atual de Cristo, com Satanás vivo, porém mantido sob controle; a salvação através de Cristo como sendo a primeira ressurreição; Satanás agindo sem limitação, explorando a humanidade ao máximo e perseguindo os cristãos; a Batalha do Armagedom, na qual tanto o governo pagão central como a ideologia dominante serão derrotados e acabarão no inferno; a vinda de Jesus e sua união com seu povo, a ruína total da civilização humana (Babilônia). Esse ainda é o tempo de interlúdio que antecede o Reino do Rei da Glória, em novos céus e nova terra (Ap 21).

17.1-6 os povos do mundo ficaram bêbados com o vinho da sua imoralidade. Imoralidade sexual, embriaguez, blasfêmias, enriquecimento, exploração, ostentação e coisas semelhantes frequentemente aparecem reunidas. O apóstolo João resume o conteúdo da civilização humana em três atitudes: “Os maus desejos da natureza humana, a vontade de ter o que agrada aos olhos e o orgulho pelas coisas da vida” (1 Jo 2.16). Os cristãos, ao denunciarem tais atitudes vivendo com uma disposição diferente, tornam-se incômodos e recebem combate. Foi assim com Jesus Cristo, com João Batista e não é diferente em nossos dias.

17.1-2 a famosa prostituta. A prostituta em muitos lugares da Bíblia tem sido o símbolo do culto pagão ou do culto corrompido, em oposição à Noiva, símbolo da Igreja que se purifica para a vinda do Amado Jesus Cristo. Podemos ver aqui uma crítica aos cultos pagãos e também à igreja que se deixou corromper, adotando práticas e ideais muito semelhantes aos da sociedade humana sem Deus, focada no ganho financeiro, no prazer e no poder. Que a orientação para vigiar (16.15) nos ajude a manter nossa devoção centrada em Jesus Cristo, e não nos deixemos corromper com promessas de “lucros” aqui na Terra.

17.6-7 fiquei muito espantado. O mal mostra-se tão voraz e astuto, apresenta tal poder de reprodução e criatividade que nos causa espanto. Podemos, contudo, ter conhecimento do significado daquilo que acontece a nossa volta através da Bíblia, a Palavra revelada de Deus.

17.8 estava vivo... não vive mais. Bonito jogo de palavras que expressa grande verdade cristã: o mal já sofreu seu golpe fatal na morte e ressurreição de Jesus Cristo! Ele ainda mostrará seus últimos sinais de vida, enganando a todos que não seguem a Jesus, mas isso importa pouco, pois será destruído pública e definitivamente. Essa certeza nos dá forças para resistirmos a toda perseguição.

17.9-14 estão todos de acordo entre si. Cidade entregue a luxúria, autoridades políticas corrompidas, territórios e regiões geográfico-culturais contaminados pela devassidão, todos concordes e submissos sob a dominação maligna. Assim se estabelecem os pactos sociais, as normas de conduta, as relações comerciais e financeiras, os tratados internacionais, os acordos estratégicos. Mesmo quando cercados de boas intenções, logo eles se degeneram e ganham aplicações perversas. Tudo luta “contra o Cordeiro” e resiste aos valores do seu Reino de amor, graça, humildade, generosidade e autossacrifício. Essa é a realidade que nos cerca. No meio de tanto horror e pecado, um alento: “o Cordeiro os vencerá porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (v. 14), e a vitória dele será também a nossa, daqueles que nele creem. Quando nos parecer que o poder do mal domina tudo, lembremos que o Senhor dos senhores e Rei dos reis tem assegurada a vitória final. Isso é consolo em todo tempo! Podemos ficar em total dependência de Deus quanto ao futuro e aos acontecimentos do fim e, assim, trazer ao coração paz, segurança e tranquilidade.

17.15-18 tirarão tudo o que ela tem. A figura da prostituta, vítima constante de exploração, ilustra muito bem as atitudes comuns entre indivíduos, grupos humanos, nações e seus governantes. Ela é usada para o prazer e interesse de muitos, sem consideração para com sua pessoa; depois de bem consumida inclusive por seus agenciadores, é abandonada sem piedade. Assim se faz em rodízio, sempre alguém explorando e desprezando alguém. Quão transitório e ilusório é o prazer e o poder que vem do ganho material e da imoralidade! Veja o quadro “Fidelidade, prostituição, sofrimento e gozo”.

Fidelidade, prostituição, sofrimento e gozo

O gozo — o prazer ou deleite — é a presença do eterno na carne. Como figura, é semelhante aos buracos de uma flauta, que em si mesmos são o sofrimento da natureza caída — buracos — mas que, ao passar neles o sopro da vida, produzem a melodia do prazer. O gozo são os instantes nos quais ressoa a beleza imutável da Palavra do Deus da graça em Jesus Cristo. O gozo produz o esquecimento do sofrimento e direciona nosso rosto para a glória que resplandece no amor particular e inigualável que Deus tem por cada um de nós.

A fidelidade enaltece a vida que dispomos; ela mantém a harmonia do sistema neurovegetativo, tornando quase musical a batida do coração, os movimentos respiratórios e os sentimentos viscerais. A fidelidade permite a autorrevelação do corpo (minha carne) somente na presença daquele outro com quem jurei compartilhar minha vida. É a menina dos olhos, o mistério do outro que acaricia minha carne despertando-a à sua entrega devota (veja Ap 2.4, nota). A prostituição é a autoestimulação produzida pelo ídolo em mim; é o resultado do descontrole da imaginação no eu autônomo. Esse descontrole a requer para manter a cegueira do sujeito idolátrico, para não ver o vício, ou seja, são montagens sucessivas e crescentes de manipulação dos receptores de dor. A prostituição enoja o Deus da graça, porque recorrer a ela provoca sofrimento e dor, ao fazer o sujeito demorar mais para responder à sedução amorosa de Deus.

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