A Vida na Igreja Primitiva

IGREJA, PRIMITIVA, VIDA, CRISTÃ, ESTUDO BIBLICOS, TEOLOGICOS
A vida interna da Igreja era paralelamente intensa e entusiástica. Isso se torna evidente, onde quer que possamos vê-la, quer em Jerusalém, em Antioquia ou em Corinto. Em Corinto, por exemplo, podemos observar que as reuniões de adoração tinham a inclinação de ser desordenadas. Os profetas dificilmente podiam esperar sua vez para declarar a candente mensagem que lhes tinha sido dada. O fenômeno de falar em línguas ocorria, conforme têm sucedido desde então, em ocasiões de excitação religiosa. Até mesmo sentimentos de partidarismo apareciam. Paulo teve de apelar para o estabelecimento da ordem, ainda que o fizesse com muita gentileza. A ordem não deve ser imposta às expensas da vitalidade. A comunidade em Jerusalém também foi profundamente agitada. Pentecostes foi a primeira, mas não a última de tais experiências. Mas ali, talvez a presença dos apóstolos, e mais tarde de Tiago, irmão do Senhor, tenha assegurado uma adoração mais ordeira. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2.42).

Mas a vida da Igreja não se supunha abarcar apenas as ocasiões de adoração pública. A vida diária dos crentes, em todos os seus aspectos, era incluída. Os crentes de Jerusalém provavelmente viviam em casas separadas, mas mantinham a mais íntima comunhão uns com os outros. Faziam suas refeições em comum, e durante algum tempo, à semelhança do Senhor e Seus discípulos, tinham uma bolsa comum. Ninguém chamava qualquer coisa sua mesma. Alguns, como Barnabé, que possuíam propriedade em lugares distantes, vendiam-na e traziam o apurado para o sustento da irmandade. Tal ação, contudo, era inteiramente voluntária, e não parece ter-se prolongado por muito tempo. O doloroso incidente de Ananias e Safira indicou como se podia abusar dessa prática, e, de qualquer modo, os recursos de capital da comunidade certamente cedo se exauriram. Uma sociedade cristã precisa providenciar para que produza, tanto quanto precisa providenciar para que haja distribuição. Seja como for, o apóstolo Paulo não fez esforço algum para introduzir esse sistema primitivo de partilha em comum no seio das igrejas dos gentios. Ele reconhece que os crentes cristão não podem desligar-se inteiramente das atividades deste mundo. Até certo ponto precisam compartilhar da vida política, social e econômica de seus semelhantes, ao mesmo tempo que lhes compete evitar suas idolatrias, seus pecados grosseiros do paganismo. Por enquanto serão sempre uma ínfima minoria e não podem embalar a esperança de alterar as circunstâncias externas da vida. Não obstante, não devem apelar para a lei, em questão entre si, perante juízes pagãos, sobre questões de propriedade. Mas devem ser capazes de encontrar árbitros dentre seu próprio número, para que resolvam as disputas em verdadeira maneira fraternal.

Por isso é que, embora a Igreja Primitiva não tenha proclamado qualquer nova ordem cristã social e econômica, em realidade instituiu uma tal ordem dentro de suas próprias fronteiras-a ordem do amor fraternal. O escravo não era obrigatoriamente libertado, mas era considerado como verdadeiro irmão em Cristo. A viúva e o órfão, o pobre e o necessitado, o estrangeiro e o perseguido, tornaram-se alvos do cuidado especial das comunidades cristãs. Em meio a um mundo duro e cruel, as igrejas formavam uma teia de caridade e socorro mútuo, a ponto dos próprios pagãos reconhecerem: “Vede como os cristãos amam-se uns aos outros”.


Outros estudos bíblicos relativos à Igreja Primitiva Cristã:

Cf. O Ministério Cristão
Cf. Igreja Primitiva
Cf. Os Cristãos no Império Romano
Cf. Primeiros Cristãos