Comentário de Romanos 8:1-39 (J. W. Scott)

Romanos 8 

A lei, embora revele e excite o pecado e cause divisão na personalidade, é ainda, no seu propósito, santa e boa. Seria amiga do homem, se tivesse permissão de operar; mas é enferma pela carne (3). Contudo, mediante Cristo, é forte e condena o pecado na carne, porque Cristo é absolutamente justo e reside em nosso íntimo. Também estamos em Cristo e, por esta união, cumprimos a lei (1-4). A obediência de Cristo é nossa obediência. Satisfazemos, deste modo, os reclamos da lei e desarmamo-la. Assim, neste capítulo o apóstolo traça o curso da vida cristã, na qual a graça triunfa sobre a lei, e os crentes experimentam livramento do pecado.

1. O FRACASSO DA LEI (Rm 8.1-4) - O sistema anterior de vida, mediante a obediência à lei, manifestamente nunca logrou êxito. Agora prova-se bom pela encarnação de Jesus e a presença do Espírito. A lei é incapaz de conferir benefícios, mas o que ela falhou em fazer, a graça realizou mediante Cristo e o Espírito Santo. A vida triunfante começa aqui e agora na ausência de qualquer sentença por desajustamento com Deus. Unido a Cristo, o crente é absolvido e está livre para sempre da lei do pecado e da morte. A justa exigência da lei, uma vida reta, é levada a cabo não "por" nós, mas em nós (4). Isto é o que fora impossível à lei (3). A ideia é mais de inabilidade inerente da lei em fazer algo no sentido de uma vida santa, do que meramente de sua impotência por fazer o que Cristo realizou. O fracasso da lei é absoluto. A nova lei sob que estamos é a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus, a qual emancipa da lei do pecado e da morte (2). O pecado é estranho à vida humana. É um intruso. Enviando Seu Filho em semelhança de carne pecaminosa (3), Deus enfrentou o problema do pecado. Paulo não quer dizer aí que Jesus assumiu carne pecaminosa, como se toda carne fosse manchada ou corrompida pelo pecado. Os evangelistas são bem claros acerca do advento de nosso Senhor no que diz respeito à Sua concepção. A santidade do menino Jesus é acentuada tanto por se originar do Espírito Santo quanto por ser Ele em si mesmo santo (cfr. Lc 1.35). A carne de nosso Senhor era a da verdadeira humanidade, não degradada, da intenção divina. Seu corpo era apenas "na aparência de carne pecaminosa" (Moff.), e não na própria carne pecaminosa que herdamos de Adão. A idéia de Paulo aqui é que o Pai enviou Seu Filho para enfrentar a questão do pecado nas mesmas circunstâncias e ambiente em que a raça humana em Adão fora derrotada. Esse combate oferecido ao pecado implica tudo que Jesus era, disse e fez para condená-lo em Seu próprio corpo no madeiro (cfr. 3, "como oferta pelo pecado"; cfr. também #Rm 3.25). A carne era a esfera ou domínio do pecado; mas, no caso dos crentes, Deus tornou ilegítima essa esfera de influência, tendo a morte do Filho anulado o poder do pecado sobre os santos, completa e permanentemente. O homem, em Cristo, está livre para sempre da lei do pecado e da morte. A justa exigência da lei (4), uma vida íntegra, é realizada não pela lei (porque esta falhou), mas pela graça.

2. A VITÓRIA DA GRAÇA (Rm 8.5-13) -O apóstolo prossegue a descrever a vida da graça, como sendo do Espírito, contrastando-a com a vida da carne sob a lei. A vida velha tem seus interesses e se deixa absorver por coisas da carne, mas a vida nova se entretém de coisas espirituais. Se nossa vida se põe de acordo com a carne, nossa mentalidade recebe a influência disso. Se prevalece o elemento espiritual, os resultados análogos se verão em nossa compostura espiritual. A suma de tudo isto vem a ser que a mente carnal é morte; mas a mente do Espírito é vida e paz (6). Por um lado, a morte é o resultado da vida carnal: por outro, a vida flui da vida do Espírito. A razão disso é clara. A vida carnal é hostil a Deus, pois frustra os ideais divinos para a humanidade. Centraliza-se em si mesma e está em guerra contra Deus. Por sua própria natureza, é incapaz de se submeter à lei de Deus (7). Considerando como supremo o mundo de seu próprio eu e nele vivendo, não pode agradar a Deus (8). A carne é, de fato, a sede da revolta contra Deus. Como sinônimo de carne, no sentido em que Paulo aí emprega o termo, João apresenta “o mundo” (cfr. Jo 16.8-11; Jo 17.6-9). É a vida sem Deus: vida de egoísmo, de indulgência própria e desobediência à luz da consciência.

Paulo volta então diretamente a seus leitores como a cristãos em quem o Espírito habita (9). A força propulsora da vida espiritual é o Espírito Santo morando no íntimo. Daí a vitória da graça sobre a lei; porque pela graça, mediante a fé, o Espírito neles está, e eles no Espírito. Note-se aqui a preposição "em", característica de Paulo, usada por ele no sentido metafórico de união ou comunhão com Deus em Cristo por meio da fé (Rm 8.11-9.1; 1Co 3.16; cfr. 1Ts 4.8) . O Espírito de Deus... o Espírito de Cristo (9) são expressões que se usam uma pela outra, mostrando a igualdade e as funções da Divindade una. O Pai é a fonte de toda a graça; o Filho é o canal; o Espírito, procedendo do Pai e do Filho, é o agente. O critério pelo qual se julga um crente é a presença íntima desse poder propulsor, sem cujo dinamismo não pode haver comunhão com Deus. O corpo está morto por causa do pecado (10). Estas palavras têm sido interpretadas como significando que nossos corpos estão destinados à morte como castigo do pecado; ou que eles, unidos a Cristo, participam da morte de cruz e reconhecidos assim como mortos, estando paga a penalidade; ou ainda que nossos corpos estão mortos para nós como instrumentos do pecado. Corpo e carne empregam-se no mesmo sentido, estando em contraste com espírito. Esta última interpretação parece ser a melhor, por se harmonizar mais com o contexto (cfr. as frases “corpo do pecado”, Rm 6.6, e “corpo desta morte”, Rm 7.24). Por causa do pecado... por causa da justiça (10). É outro modo de expressar a vitória da graça sobre a lei. Nada senão a morte está no velho procedimento do pecado, mas somente vida pulsa no novo proceder de justiça, ou justificação, esse prodígio que Deus realiza para nós, sem nossa participação, pois somos incompetentes para tanto. Tal justificação, pura atribuição judicial de justiça a nós da parte de Deus, é a base dessa justiça moral como resultado da recepção das bênçãos de Cristo. A declaração do vers. 11 acerca do Espírito é análoga à que foi feita no vers. 10 a respeito de Cristo. Isto torna o versículo de muitíssima importância para o conceito trinitário de Deus, tão vital e indispensável a um verdadeiro conhecimento cristão.

Os vers. 12 e 13 constituem um aparte exortativo. Os irmãos de Roma são admoestados, juntamente com o pregador, a não continuar cedendo aos baixos instintos, como se fosse isto necessário (cfr. Rm 1.14; Rm 13.8), mas a prosseguir vivendo para o Espírito, mortificando toda ação egoística e ganhando assim não morte, mas vida real.

3. O ALVO DA GRAÇA (Rm 8.14-17) - A filiação com Deus é o fim glorioso de toda a vitória da graça. Guiados pelo Espírito de Deus (14). Aqueles cujas vidas são dirigidas pelo Espírito estão, de fato em relação filial para com o Pai, a partir do momento em que receberam o mesmo Espírito. Estão investidos de uma dignidade que lhes dá direito a privilégios (cfr. o conceito que Pedro faz do cristão, como sacerdócio real, 1Pe 2.9). A aceitação voluntária e cordial da direção íntima do Espírito na conversão, coloca-os longe de retornar a um estado de escravidão ao medo (15). Na vida velha viviam temendo a maldição da lei. O espírito de escravidão (15) não é o espírito humano nem o divino, mas é índole, disposição de ânimo, ou estado. A frase correspondente o Espírito de adoção (15) é "delicadamente ambígua" e pode ser a condição permanente de filho, ou o espírito humano cônscio da relação filial, ou o Espírito Santo como o Criador de verdadeira condição de filho. Qualidade de filho significa estado de adoção, uma posição conferida a alguém, para o qual essa posição não é natural. É por um ato de graça de Cristo que os crentes estão nessa relação. Os judeus não tinham o costume de adotar filhos, que era comum entre romanos e gregos. Paulo não faz digressão para negar qualquer doutrina de paternidade universal, mas ensina definidamente a necessidade da filiação cristã, da relação com Deus como Pai em Jesus Cristo mediante o Espírito Santo. Esta filiação não é simples reconhecimento oficial de um laço filial, um título apenas. É um fato real. Somos filhos com o direito de dizer Aba, Pai (15), como a partilhar da filiação do Filho eterno. Esse brado erguido ao céu é uma combinação do aramaico e do grego, duas línguas faladas na época. A mesma interjeição dupla encontra-se em Mc 14.36 e Gl 4.6. É provável que nosso Senhor usasse esta fórmula, tendo os apóstolos seguido Seu costume. Esse brado sob emoção intelectual ou espiritual revela a alma desnuda do crente e se acompanha espontaneamente do testemunho corroborante do Espírito Santo sobre essa filiação real (16).

Paulo então prossegue exultante nesse pensamento, se somos filhos, somos também herdeiros (17; cfr. Rm 4.14). A ideia de herança percorre o Velho como o Novo Testamento (cfr. Nm 26.56; Sl 25.13; Is 60.21; Mt 5.5; Mt 21.38; Gl 3.29-4.7). O advento do Espírito para morar em nosso íntimo é o penhor, ou prognóstico da herança do crente (cfr. 2Co 1.22; 2Co 5.5; Ef 1.14). Cristo é o Filho de Deus; logo somos co-herdeiros seus, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo (17). Os cristãos têm uma herança em comum com Cristo, da qual participarão no devido tempo. No vers. 17b Paulo pode estar referindo um dito familiar da Igreja primitiva (cfr. 2Tm 2.11-13), isto é, que os crentes, tendo a experiência da adoção, herdam juntamente com Cristo, se de fato “participam dos Seus sofrimentos, a fim de também participar de Sua glória”. A vida do cristão é uma reprodução da vida de Cristo. Com Ele sofremos (17) implica o companheirismo em levar a cruz, ou o sacrifício próprio; não que as nossas experiências sejam redentoras em si, mas preenchemos “o que resta das aflições de Cristo” (ver Cl 1.24).

4. A GLÓRIA A SER REVELADA (Rm 8.18-27) -No seu êxtase, em face da vitória da graça Paulo alçou o vôo muito além das mais ricas possibilidades da lei. Transportou-se para uma esfera jamais conhecida por ela. A Idéia de sofrimento não o abate (18). Não tem dúvidas sobre quanto é duro seguir a Cristo (cfr. seus sofrimentos em At 19.23-41; At 20.18-35; 2Co 1.3-11; 2Co 6.4-10; 2Co 11.23-33). Tão pouco duvida que a glória por vir excederá de muito os sofrimentos presentes. Essa glória futura ou a manifestação final de Deus em Cristo não será simples visão objetiva, mas uma transformação subjetiva do caráter do crente (cfr. 2Co 3.18; 1Jo 3.2). A certeza da glória futura não é uma comoção passageira de otimismo. Paulo confirma sua confiança com o testemunho de três fatos.

Primeiro, cita a unidade orgânica da criação (vers. 19-22), afirmando assim um fato científico encarado do ponto de vista teológico. O homem e a natureza estão de tal modo intimamente relacionados, que, como pelo pecado a natureza sofreu com ele, assim pela livre graça, que ajusta suas relações com Deus, a natureza também participa da esperança de um reajustamento ou perfeito acabamento. A criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente (20). O homem caiu por sua livre vontade, mas o universo automaticamente e não voluntariamente se corrompeu com ele, de acordo com o decreto de Deus. Sua sorte foi tornar-se sujeito à vaidade (20), ou receber a maldição da futilidade, insatisfação ou deficiência, todavia não sem esperança de livramento. A redenção do homem significará para a natureza inteira, a suspirar, o cumprimento da profecia acerca do deserto que florescerá como a rosa. O apóstolo torna a referir o tema principal desta passagem, a saber, que a graça atual da possessão das primícias do Espírito aguarda a futura redenção de nosso corpo (23). Numa expectação idêntica e fervorosa da redenção do mundo visível, os crentes que têm a experiência do “penhor” do Espírito, o antegozo de Seu poder transformador, também suspiram por que o corpo se liberte do pecado e seu ambiente. A ressurreição será a etapa final da filiação com
Deus.

Paulo agora passa a chamar, como sua segunda testemunha, a esperança consciente do cristão, a qual, por sua própria natureza, prova a realidade da glória futura (vers. 24-25). É outro fundamento de certeza. Porque pela esperança fomos salvos (24). Dando ênfase, deste modo, à esperança, não quer ele com isso desconsiderar ou diminuir a função preeminente da fé na salvação do crente. Alguns preferem traduzir “na esperança”, evitando assim má compreensão, mas “pela esperança” e “mediante a esperança” vêm a dar no mesmo. A fé é o meio definido da salvação, e a esperança só pode surgir de uma atitude de fé. A ideia que o apóstolo apresenta é que, por sua própria natureza, a esperança testifica do fato da glória futura. A esperança deixa de ser esperança se vê consumado aquilo que aguarda. Cumpre-nos, então, esperar pelo fim, suportando, exercendo paciência. Estamos salvos, contudo a plena salvação ainda está no futuro.

O auxilio do Espírito Santo é a terceira testemunha da plena realização da adoção, terceiro fundamento de certeza de que a graça se tornará glória (vers. 26-27). Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza (26). Paulo é robustecido em sua fé, relativamente à glória final do crente, com a experiência comum a todo cristão concernente à operação do Espírito em patrocinar os nossos anseios, em oração, para que chegue a um desfecho nossa adoção como filhos de Deus. Se Deus está assim interessado em nossa movimentação para esse desfecho glorioso, então o fim não é uma ilusão, e sim uma realidade maravilhosa. O verbo assiste (gr. synantilambanetai) é, no original, uma palavra enérgica, composta de duas preposições, syn, “em companhia de” e anti, “em frente de”, como prefixos do verbo lambanein, “apoderar-se de”. A metáfora é a de um ajudante que sustenta o peso em cooperação com o portador, pegando na outra extremidade da carga. Fraqueza refere-se à debilidade do cristão em sua ignorância, ou compreensão parcial da vontade de Deus, porque não sabemos orar como convém (26). Aqui se verifica o auxílio especifico do Espírito. Sua intercessão é em nosso íntimo; a intercessão do Salvador é à direita de Deus (Hb 7.25). O Paráclito, não simplesmente ao nosso lado, mas habitando em nós, fortalece-nos, energizando e inspirando os anseios inarticulados da alma no sentido da plena filiação de justiça transmitida, como fruto de justiça imputada. A intercessão divina dá expressão aos nossos suspiros e nessa intervenção logra bom êxito: nosso grande anseio pela consumação é levado ao trono de Deus. Aquele que sonda os corações (27) é Deus mesmo, onisciente, que conhece a direção e os movimentos do Espírito inspirando as aspirações humanas. Todavia, ainda mais especificamente o Pai sabe a mente do Espírito (27), porquanto é Sua.

O espírito humano e o divino Espírito, harmonizados numa vontade, estão de fato afirma-o Paulo neste parágrafo-realizando a vontade de Deus que abrange todas as coisas. Em vista dessa divina operação em nós e em nosso favor, somos advertidos de que para os que amam a Deus tudo lhes coopera para o bem, isto é, os que são eficazmente chamados segundo o seu propósito (28). A divina vontade está por trás dos chamados, que, não somente ouvem o chamamento, mas lhe obedecem. O que ficou estabelecido na presciência e na predestinação divinas, atinge inevitavelmente o alvo divino para a glória divina, que inclui o bem-aventurado estado dos eleitos. O propósito e o plano eterno é fazer os crentes conformes à imagem de seu Filho (29), o qual é por Si mesmo a imagem perfeita do Pai (cfr. 1Co 15.49; 2Co 3.18-4.4; Cl 1.15), de modo que Ele é o primogênito entre muitos irmãos. Primogênito (29) implica, não simplesmente prioridade, mas preeminência no meio da multidão de irmãos redimidos. Paulo revela as etapas do decreto divino e sua realização. A ordem eterna operando no espaço é presciência, depois predestinação. Esta se baseia no “conhecimento prévio”.

Uma etapa dá lugar a outra. A expressão “conhecer de antemão” (gr. proginosko) significa “unir-se antes com alguém” (Cremer, p. 161). A ideia é de uma associação pessoal e pré-temporal, no sentido dinâmico e não estático, visto que é a origem prolífica de atividades subseqüentes. Assim, “conhecer de antemão” alguém é entrar em comunhão com a finalidade de lhe conferir um favor especial, enquanto que “predestinar” decide que esse favor assuma o aspecto da filiação em Cristo. Presciência, segundo o uso bíblico do verbo “conhecer” (cfr. Sl 1.6; Sl 144.3; Os 13.5; Am 3.2; Mt 7.23; Jo 10.27; 1Co 8.3; Gl 4.9) implica favor ou graça como o eterno começo de todos os outros processos da salvação, interpretação esta que concorda com toda a teologia paulina. Então o decreto divino entra no tempo e se manifesta como chamada, justificação pela fé e, por fim, glorificação (30). Esta miraculosa consumação, planejada na eternidade, realiza-se em nossos corações crentes com a promessa de terminar, entre louvores, no estado de santificação aqui e de glória no além.

6. UM HINO DE LOUVOR (Rm 8.31-39) Com um hino triunfante de louvor, Paulo encerra a análise do curso da vida cristã, que se desenvolve em âmbito fora do alcance e poder da lei. Se Deus dirige o nosso destino, nada mais importa. A nós, que somos da família da fé, Ele deu Seu próprio Filho, e com o dom maior certamente virá o menor. Não poupou a seu próprio Filho (32), isto lembra o sacrifício de Abraão (Gn 22.16). Desta promessa que abrange tudo, promessa de bênção ilimitada, o apóstolo continua, volvendo à primeira declaração do vers. 1, “Agora, pois, nenhuma condenação há”. O pensamento do hino subordina-se a duas principais interrogações: primeira, Quem intentara acusação contra os eleitos de Deus? (33), e segunda, Quem nos separará do amor de Cristo? (35). Se Deus os justifica, ousará alguém acusar os eleitos de Deus? E ainda, se o próprio Cristo morreu pelos fiéis, ressurgiu por eles, e agora, à direita de Deus, é o seu constante Advogado, haverá força que possa partir os laços de amor que prendem o Salvador aos salvos? Não pode haver acusação contra eles, nem pode haver dissolução dos laços redentores.

Em sua confiança extasiada, Paulo desafia toda a oposição imaginável. Há duas classes de opositores. Primeiro, ele alinha adversidades temporais (35), experimentadas geralmente pelos que professam fé em Cristo, os quais, sofrendo com Ele, partilharão igualmente de Sua glória. Os sofrimentos são reais, como o apóstolo bem sabe (cfr. Rm 16.4; 1Co 4.11; 1Co 15.30; 2Co 11.26-27; Cfr. At 12.2) e, para ilustrar o seu caso, cita o Sl 44.2 (LXX). Segundo, há poderes espirituais que ele refere quase com desdém, dada a futilidade de suas tentativas para nos separar do amor de Cristo. Vêm catalogados em grupos de dois e de três, alternadamente: nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem poderes, nem coisas do presente, nem do porvir, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura. Cristo venceu todos os inimigos e pô-los debaixo dos Seus pés. A gloriosa consumação desta vitória é Deus ser “tudo em todos” (cfr. 1Co 15.24-28).

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