Comentário de Lucas 1:36-38

Comentário de Lucas 1:36-38




Comentário de Lucas 1:36-38
36 – E Isabel, tua parenta, igualmente concebeu um filho na sua velhice, sendo este já o sexto mês para aquela que diziam ser estéril.
É difícil identificar o grau de parentesco que existia entre Maria e Isabel, a filha de Arão (v. 5).7
Sem que tenha sido solicitado, o anjo fornece a Maria um sinal, enquanto interpreta a solicitação de um sinal por parte de Zacarias como incredulidade. Por quê?
Porque aqui, no caso de Maria, a coisa mais sublime do mundo está sendo confiada a um ser humano mortal.
37 – Porque para Deus não haverá (palavras) impossíveis em todas as suas promessas.
Cf. Gn 18.14; Jr 32.17,27; Zc 8.6; Mt 17.20 (literalmente) “Em Deus nenhum dito é sem força” (também Rm 4.17). Deus criou Adão, não apenas sem contribuição do homem, mas igualmente sem contribuição de uma mulher. Deus criou Eva com a contribuição de um homem e sem a contribuição de uma mulher. Nada mais fácil do que crer que também Jesus pode ser chamado por Deus à existência humana sem contribuição de um homem, mas com a contribuição de uma mulher.
Porventura nosso Deus não criou céus e terra a partir do nada, sem que qualquer coisa tenha servido de matéria-prima para isso? Será que ele não sustenta ainda hoje todas as coisas com sua poderosa palavra? Acaso não lhe está subordinado tudo, realmente tudo, e por isso tudo não lhe é possível?
Não há como expressar a infinita plenitude de fortalecimento da fé que reside no fato de que o Senhor é onipotente. Sim, o que é impossível aos humanos, isso é possível para Deus (cf. Mt 19.24-26).
38 – Então, disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. E o anjo se ausentou dela.
Era um instante decisivo na vida de Maria. Pode-se afirmar que no v. 38 era fundamental para Maria que nesse instante fosse encontrada como obediente e com fé. Chegou a hora em que a incumbência de Deus a alcançou e em que ela tinha de dizer sim a essa solicitação. O sim, no entanto, era sinal de fé, como está escrito: “Eu noivarei contigo pela fidelidade” (Os 2.20 – TEB). Louvado seja Deus, porque ela consentiu com toda a singeleza. Com esse sim ela se decidiu a ser escrava do Senhor por toda a vida subseqüente. Ela ainda não tem noção de todas as lutas associadas a essa decisão, mas ela está firme, como se estivesse postada sobre uma rocha na qual as vagas bravias precisam arrebentar-se.
Em sua singeleza Maria olhou para um único ponto, para a graça do Senhor, esquecendo-se de si mesma. Isso torna-a a mais audaz heroína da fé, isso permite-lhe dizer “sim” e “amém” com tamanho destemor às maiores promessas; isso leva-a a aceitar imediatamente, sem vacilar um instante sequer, nem consultar sua carne e sangue, a maior de todas as graças e honras.
Quando será possível também hoje que o filho e a filha de Deus se tornem um servo ou serva abençoados do Senhor? No dia em que o filho e a filha de Deus se entregarem a seu Deus como fez Maria, de forma tão crente, renunciando tanto a si mesma, tão disposta a sofrer, tão rendida, tão obediente, tão alegre, para o que der e vier na morte e na vida.
Por isso, filhos e filhas de Deus, não se intrometam nos planos dele, não lhe prescrevam mais nada. Contudo permitam que todos os seus anseios, toda a sua alegria, sua honra, sua bem-aventurança passem a ser que os mandamentos e as promessas dele se cumpram a vocês, em vocês e através de vocês, e que ao morrer vocês possam declarar ainda com o último hálito: “Aqui está teu servo, tua serva. Faze comigo como queres e o que tu queres!”
Jesus Cristo há de crescer nas pessoas em cujo íntimo estiver esse pensamento, na proporção em que tudo o que é próprio diminuir cada vez mais.
Besser, comentarista bíblico, afirma: “Maria tornou a cobrir de honra a mulher. A incredulidade de Eva trouxe pecado e morte – a fé de Maria, no entanto, ajudou para que viesse aquele que redime do pecado e da morte.”
O Dr. Eichhorn declara: “Maria carregou duas coisas: 1. A honra da fé perante Deus e todos os filhos e filhas de Deus, e 2. O opróbrio da fé perante o mundo incrédulo. Em todos os tempos, cães e porcas lhe atribuíram sua própria impureza. – Nós, porém, enaltecemos a Deus, que encontrou o caminho para confiar à humanidade o Salvador.”
Stockmayer explica: “A última palavra dos lábios de Isabel, que se tornava mãe de João Batista, foi: O Senhor anulou o meu opróbrio, enquanto Maria desde o início estava disposta a tomar sobre si o opróbrio.”




7 Não há motivos para crer que, em virtude de seu parentesco com Isabel, Maria seja oriunda da tribo de Levi. As diversas tribos podiam ser entrelaçadas por meio de matrimônios. Nm 36.6 não constitui dificuldade, visto que o texto trata tão somente das chamadas filhas herdeiras, cuja tribo do contrário poderia correr perigo de se extinguir.